Para muitas pessoas, a corrida de rua é considerada um hobby ou uma atividade física praticada por motivos de saúde. Mas há muitos que a encaram como esporte competitivo. Nascida em Mercês, cidade mineira distante cerca de 98 quilômetros de Juiz de Fora, Amanda Aparecida de Oliveira, de 25 anos, é uma das que amam o lado competitivo da modalidade. Além de competições em todo o Brasil, a atleta também encara disputas internacionais. Formada em Educação Física, ela conta que usa seu conhecimento na área para melhorar sua performance e se manter como atleta de alto rendimento, além de orientar outras mulheres amantes da corrida a seguirem seu caminho.
Para a temporada atual, a atleta afirma que tem como principal objetivo a Meia-Maratona de São Paulo, em abril. Ela conta que tem trabalhado para aumentar o volume de treinamento também em função dos próximos desafios que deverão surgir ao longo do ano. A corredora ainda tem em sua lista do ano a Meia-Maratona Asics – etapas Rio de Janeiro e São Paulo -, a Volta Internacional da Pampulha, o Troféu Brasil e as Dez Milhas Garoto. Além destas, a atleta pretende disputar a famosa São Silvestre no fim do ano, na cidade de São Paulo, a qual já participou em quatro ocasiões. A meta é seguir firme, trabalhando seu rendimento para alcançar um dos seus maiores sonhos: participar das Olimpíadas.
O início do percurso
A trajetória de Amanda no mundo dos esportes começou ainda quando ela era uma criança. “Desde pequena, sempre gostei de praticar esportes. Dançava, jogava futsal, brincava na rua. Mas nunca imaginaria que seria uma atleta”, relembra. A primeira corrida que disputou foi em novembro de 2010, quando tinha apenas 13 anos. “Um dia, um policial da minha cidade convidou as crianças das escolas para participarem de uma corrida que ele estava promovendo. Como eu sempre gostei de esportes, aceitei o convite. Foi a primeira corrida que participei”, conta.
Como um prenúncio do que aconteceria no futuro, Amanda venceu na sua estreia em corridas. “Para quem nunca correu, 3km é uma distância bem grande. Mas na minha primeira prova, em que participaram meninos e meninas entre 13 e 15 anos, eu ganhei de todo mundo, inclusive dos meninos. A partir daí, eu percebi que tinha talento”, relata. Mesmo com a falta de apoio e de incentivo em sua cidade natal, conforme conta, a atleta seguiu com a prática esportiva. “Montaram uma equipe em Mercês que durou bastante tempo, mas as pessoas foram desanimando. Eu continuei firme e forte. No início, mesmo sem treinar direito, eu ia nas competições. Às vezes ganhava, mas não podia subir no pódio, pela idade”, conta.
Após o início vitorioso na carreira de corredora, Amanda se apaixonou pelo esporte. Segundo ela, começou a levar a sério quando se mudou para Juiz de Fora. “Recebi uma bolsa atleta e conheci a pista de atletismo, quando abri voos maiores. Fui bicampeã brasileira sub-23, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, nos 5km e nos 10km. Depois, fui competindo em mais provas. Algumas mais famosas no Rio de Janeiro, onde também fui campeã brasileira de Cross Country”, destaca.
Mesmo com as conquistas e alegrias, nem tudo foi motivo para sorrir na época. “A vida não era fácil, porque me mudei para Juiz de Fora e precisava trabalhar, treinar, estudar. Mas com muita força, amor e dedicação ao que faço e amo eu consegui vencer. Em 2019, me formei como educadora física, através dessa oportunidade do bolsa atleta, através do esporte. Meus pais não teriam condições de pagar uma faculdade”, conta Amanda.
O auge como corredora profissional
Já com status de atleta profissional, Amanda tem a carreira recheada de conquistas e experiências. No Ranking de Corridas de Rua de Juiz de Fora, ela subiu ao pódio em todas as provas que disputou. “Minha primeira participação foi em 2015. Eu venci a competição na Faculdade Suprema, com 18 anos. Sempre estive no pódio nas corridas de rua da cidade nas etapas que participei. Desde 2016, venci quase todas as etapas do ranking. Não ganhei algumas porque não fui em todas, e os pontos das provas que você participa são somados ao longo do ano. Mas já fui campeã do ranking três vezes”, celebra.
Amanda foi campeã de diversas provas nacionais e também internacionais. Ela afirma já ter “perdido as contas” de quantas cidades já competiu. “São muitas. Já corri nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Paraná, São Paulo, e outros. Até no Canadá. Meu melhor ano foi 2022. Fui campeã pan-americana e sul-americana por equipe no Cross Country, das meias-maratonas da Asics de São Paulo e do Rio de Janeiro. Ainda fui a melhor brasileira na meia-maratona sul-americana, na Argentina, na prova Dez Milhas Garoto, no Espírito Santo, e da Volta Internacional da Pampulha, em Belo Horizonte”, enumera.
Mesmo com tanta experiência acumulada com o passar dos anos, Amanda admite que ainda passa por pressão psicológica antes das competições. “Tento focar ao máximo. Descontraio às vezes com alguma coisa, mas sempre sofri muito com ansiedade. Querendo ou não, fico assim no pré-prova, o que prejudica bastante no sono. Mas hoje em dia, procuro focar mais minha mente e trabalhá-la bastante, porque às vezes é cobrança normal de atleta de alto rendimento.”
Fora das corridas
Na vida pessoal, fora dos momentos da corrida, Amanda ressalta que gosta de passar o tempo fazendo o que ama. “Curto muito com a minha família. Também sou professora de Educação Física, tenho minhas alunas de funcional. É o que gosto: ver a evolução delas. É muito gratificante para mim. Também faço planilhas de treinamento. Falo que o esporte nos ensina cada dia mais a sermos mais fortes e termos disciplina. Fico muito feliz de ser inspiração para outras pessoas. Isso não tem preço”, destaca a corredora.
Além das corridas, que Amanda também encara como um “hobbie”, ela conta que se aventura também por outros esportes. “Sempre gostei muito de futsal, mas não combinava com a corrida, então tive que escolher. Também adoro dançar, é um esporte que sempre esteve presente na minha vida. Já participei de muitos concursos, até em Aparecida, São Paulo, então gosto muito dessa atividade”, comenta.
Ao olhar para o futuro, Amanda tem suas projeções. “Meu sonho é o mesmo de todo atleta: participar das Olimpíadas. Sei que é difícil, os recordes estão cada vez maiores. Mas quando sonhamos, podemos realizar. Então vou continuar firme na preparação, com muita disciplina, força e coragem. Os treinos não são fáceis, em alguns dias dói muito. Mas faz parte da vida do atleta. Temos que correr atrás do que sonhamos com paciência e persistência no que amamos.”