O corredor Antônio Gonçalves, de Piau (a 45km de Juiz de Fora), foi até o outro lado do mundo e mostrou que está na elite mundial do trail run, modalidade de corrida disputada em estradas e trilhas. Ele conquistou, no último domingo (3), o quinto lugar na categoria 21km no XTerra Trail Run World Championship, competição disputada no Havaí com atletas de todas as partes do mundo. A prova, disputada no Kualoa Ranch, no Nordeste da ilha de Oahu, marca o encerramento do XTerra Trail Run Series, que engloba mais de 70 corridas de aventura e off-road com várias distâncias ao redor do mundo.
O resultado em sua primeira competição na prova havaiana, segundo Antônio, serve como mostra do excelente ano do atleta, que venceu sete provas seguidas do XTerra em 2017 no Brasil, mas ao mesmo tempo não foi tão bem no Mundial Spartan Race, disputado na Califórnia no final de setembro. “A experiência no Spartan, apesar de tudo, foi muito importante para o resultado que consegui no Havaí”, diz o corredor, que conversou com a Tribuna por meio do WhatsApp.
“Não esperava estar entre os cinco primeiros. Treinei durante dois meses para a prova, o que a princípio poderia ter sido um erro, mas deu tudo certo. Foi fantástico terminar entre os cinco melhores do mundo, numa prova com dois campeões mundiais. É um resultado muito positivo, até em termos de patrocínio; já tenho dois, espero que apareçam outros, pois é preciso mais para poder competir em melhores condições, evoluir”, destaca Antônio, que teve as passagens pagas por seus apoiadores, que também contribuíram com uma ajuda mensal. Ele ainda agradece ao seu treinador e à sua família, que ficou cuidando de sua fazenda em Piau.
Antônio disse ainda que a prova exigiu muito por conta do alto nível dos competidores e também pelo percurso, diferente do que ele imaginava. “Imaginei que teríamos mais trilhas e me preparei para isso, porém tivemos muitos trechos de estrada. E um dos percursos de trilha estava com muito barro, atolando muito. Mas poderia ter ido ainda melhor, acredito que poderia ter chegado em quarto. Mas o resultado foi bom, é me preparar ainda mais para brigar pelo título em 2018”, confia.
Como iria disputar uma competição em um local desconhecido e distante, Antônio Gonçalves preferiu chegar com duas semanas de antecedência para se adaptar a clima, fuso horário e alimentação. O efeito, porém, não foi o desejado: mesmo com o clima parecido do Brasil, o período de adaptação no Havaí foi marcado por muitas chuvas – e como não poderia suspender os treinamentos, acabou contraindo um resfriado. Para piorar, ele não se adaptou à culinária local, e teve que encontrar um hotel onde pudesse cozinhar. Só a adaptação ao fuso horário é que não enfrentou maiores percalços, precisando de apenas quatro dias para se sentir em casa.
Antônio Gonçalves deve embarcar na noite desta terça (5) no Havaí (horário local) e chegar ao Brasil na quarta de manhã. Mas nada de descanso, pelo menos até domingo (10), quando disputará uma prova no projeto Braços Abertos, na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro. Só depois que vem a folga, mas breve: são apenas cinco dias até volta à rotina de treinamentos, inicialmente leves, com musculação, fisioterapeuta, pilates, e mais dois ou três meses de preparação até a primeira prova, em março de 2018. “Quero voltar forte e vencer tudo ano que vem, conquistar o XTerra no Brasil e ir com tudo para o Mundial”, revela.