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Bara Esporte Clube

 Em uma manhã de sábado descontraída, integrantes de três gerações da família Gattás Bara se reuniram no ginásio da Faefid para relembrar sua história de amor pelo esporte (Foto: Leonardo Costa)

Em uma manhã de sábado descontraída, integrantes de três gerações da família Gattás Bara se reuniram no ginásio da Faefid para relembrar sua história de amor pelo esporte (Foto: Leonardo Costa)
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Os sorrisos do encontro familiar na agradável manhã de 20 de maio, um sábado, no Ginásio da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) só aumentam quando uma bola de vôlei é retirada da mochila de José Eduardo Gattás Bara. “Um Bara tem sempre que ter uma bola!”, brinca. Em meio à nostalgia, atualizações sobre a vida e dezenas de abraços, lembranças foram retiradas do baú de memórias e relatadas à Tribuna.

“Ser um Bara é ter o esporte na vida”. A definição do jornalista Sergio Gattás Bara não somente sintetiza uma filosofia que já ultrapassa cinco gerações entrelaçadas com a atividade física em Juiz de Fora e seu crescimento em clubes e colégios, como também reflete o orgulho em ter a prática desportiva entranhada na formação sócioeducacional desta família.
Basquete, vôlei, natação, tênis, futebol, judô e karatê são algumas das modalidades praticadas pelos Bara desde 1926, quando o casal sírio José Gattás Bara e Nagibe Haddad Bara desembarcou na Manchester Mineira já com seis filhos. Desde então, não deixaram mais a cidade e foram colecionando conquistas municipais e estaduais – como o Campeonato Mineiro de Basquetebol na década de 1950, pelo Olímpico Atlético Clube, nacionais e até participação em torneio mundial, caso do voleibol representado profissionalmente por José Eduardo Gattás Bara, jogador que defendeu a Seleção Brasileira entre 1983 e 1986.

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Atualmente, a direção técnica de Maurício Gattás Bara Filho no JF Vôlei, equipe profissional de voleibol que representa a cidade na Superliga Masculina, destaca o nome da cidade na principal competição do país na modalidade. Também ex-treinador, “Mauricinho” é responsável direto pela manutenção do projeto que relembra os tempos áureos do desporto juiz-forano, quando o mesmo era incentivado nos colégios e clubes como um dos melhores do estado, lotando ginásios com equipes como o Olímpico, Sport Club Juiz de Fora e Clube Bom Pastor. Diante de envolvimento tão profundo com o desporto no município, sua disseminação e representatividade por décadas, a família Bara é nome certo na centenária história de Juiz de Fora e aceitou o convite da Tribuna para contar parte desta trajetória.

No começo, apenas uma brincadeira no quintal


Os irmãos Sergio (2º de pé da esq. p/ a dir.), Alex (agachado, 4º da esq. p/ a dir.) e José Eduardo (1º da esq. p/ a dir.), na equipe do Bom Pastor, em 1991
(Foto: Acervo de família)

Logo após o casamento na cidade síria de Yabroud, em 1911, José Gattás Bara e Nagibe Haddad Bara embarcaram com destino ao Brasil. Mais precisamente à antiga Palmyra, hoje Santos Dumont. Catorze anos depois, o casal chegaria a Juiz de Fora sem imaginar o que o futuro lhe reservava. Jorge e Nagibe tiveram 12 filhos. Instalados em uma casa na região central da cidade, a prática desportiva ainda era embrionária e exclusivamente lúdica, como conta Pedro Gattás Bara, 80 anos, um dos mais novos entre os primeiros descendentes.

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“Meu pai tinha uma casa na Rua Santo Antônio com um quintal grande e jogava vôlei com as filhas. Era uma brincadeira, na verdade, mais com a Adélia, Rosa, Dalila e Maria José. Era apenas familiar. Seguimos os irmãos mais velhos, como o Miguel e o Antônio, que jogavam basquetebol”, relembra. Irmão de Pedro, Maurício Gattás Bara, 83, complementa: “Meu pai sempre incentivou a prática esportiva. Nos apoiava muito, mas nunca atuou em algum clube, apenas em jogos com as nossas irmãs.”

Fundamentados nos ensinamentos e incentivo dos pais, Maurício, Pedro e os dez irmãos e irmãs semeavam outro sentimento importante no processo de entendimento das ideologias da família ligadas ao esporte local. “Meus pais amavam, principalmente meu pai, Juiz de Fora. Era o estilo de vida dele e onde criou sua família praticamente toda. Eles vieram de Palmyra, hoje Santos Dumont, mas a maioria do pessoal nasceu aqui. A gente tem um amor muito grande por essa cidade. Nossas famílias foram aqui crescidas, florescidas, educadas. Todas as gerações estão aqui e já estamos na quinta. Então, Juiz de Fora, para nós, representa muito mesmo”, reitera Maurício. Com as paixões pelo esporte e pela cidade despertadas, foi a segunda geração que efetivamente começou a ganhar espaço nas quadras da cidade.

Da tabela no fundo de casa ao Olímpico, basquete ganha força

Pedro Bara recebe menção honrosa das mãos de Itamar Franco (ao centro de óculos) ao final do VIII Campeonato Mineiro do Interior de Basquete, na sede do Olímpico, em 1957, após marcar 88 pontos em cinco jogos
reprodução (Foto: Jorge Couri)

Dos ensinamentos dos pais às experiências dos irmãos – casos de Miguel, Paulo, Luiz e Elias -, Maurício e Pedro recordaram o início no esporte influenciado diretamente pelo exemplo em casa. “Nós tivemos precursores, os irmãos mais velhos, que sempre foram esportistas. Não todos, mas a maioria. E, no colégio, a gente começou. No curso, tinha a parte esportiva e a minha tendência foi o futebol. Gostava de jogar peladas. E continuamos a jogar amadoristicamente, é claro, e foi até a idade adulta e também quando começamos a envelhecer. Hoje faço apenas caminhadas”, conta Maurício, que também praticou basquete.

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Já Pedro lembra que foi justamente o basquete a modalidade mais presente na família durante as décadas de 1940 e 1950. Alguns irmãos inclusive se destacaram e participaram ativamente da trajetória da modalidade em Juiz de Fora, sob representação do Olímpico. “Me dediquei mais ao basquete. Tínhamos, no fundo da casa dos nossos pais, uma tabela para treinar. Isso com 10, 12 anos de idade. Depois fomos para o Olímpico jogar no infantil, juvenil, cuja quadra era na Praça Antônio Carlos, onde era o Círculo Militar. Mas hoje ela não existe mais. Continuamos no Olímpico e tivemos oportunidade de ser campeões juiz-foranos. O clube perdeu em 1955, mas voltou em 1956, quando eu participei do time com mais colegas”, conta Pedro.

Ainda no Olímpico, ele recebeu até homenagem que veio das mãos de Itamar Franco (na época presidente da Liga Juiz-forana de Basquetebol) após título estadual em 1957. “Continuamos jogando, quando o Olímpico, por ser campeão do município, disputou o Campeonato Mineiro, que foi realizado em Juiz de Fora, e o Olímpico foi campeão. Hoje não entendo por que a cidade não tem um basquetebol efetivo, forte, porque tivemos uma boa base que poderia alimentar essa continuidade”, aponta.

Binômio educação e atividade física

Os primos José Antônio (1º de pé à esq.) e Zé Eduardo ao seu lado, e Pedro (no meio, agachado), no Torneio Aberto de JF pelo Águias de Saturno (Foto: Acervo de Família)

Como receita de bolo, cada conquista na família possuía um ingrediente indispensável e sempre cobrado por José e Nagibe Bara: educação e atividade física. “É um binômio para crianças, jovens, principalmente, e os idosos: estudar e praticar esporte; trabalhar e praticar esporte. É um binômio indissolúvel”, enfatiza Maurício. Para Pedro, a relação entre a formação humana e o esporte é não só um caminho natural, como o essencial para a educação dos filhos. “O esporte traz muita educação a todos nós. Não só a parte física, como a social também, na convivência com os colegas. Digo muito aos meus colegas antigos que os adversários de ontem, de quando jogávamos basquetebol, são os amigos de hoje.”

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Maurício Bara (ao centro) em treino do UFJF Vôlei em 2013, quando acumulava as funções de coordenador do projeto e auxiliar técnico (Foto: Acervo de Família)

O final da década de 1950 marcou também o início das atividades dos Bara no vôlei. Filho de Rosa Bara Miguel, Pedro Edison Miguel foi, segundo relatos de seus próprios irmãos, o principal responsável pela continuidade da prática esportiva na terceira geração, também no Olímpico. “Desde criança minha mãe foi uma incentivadora do esporte e comecei por influência dela. Somos de Mogi das Cruzes (SP) e lá o basquete era mais forte. Com 15 anos, comecei no basquete. Em 1956, nos mudamos para Juiz de Fora e iniciei o voleibol aqui. O técnico era bom, foi me instruindo com treino individual, separado de outros jogadores e eu fui melhorando. Com o passar do tempo, me convidaram para ser técnico das outras categorias porque fui jogador por muitos anos. Comecei a dirigir o feminino, depois passei para o masculino, criaram as categorias infantil e juvenil, fui técnico das duas, e assim fomos até 1984. Foram mais ou menos 20 anos como técnico”, relembra Pedro Edison.

Das cestas aos saques,
com sol ou chuva


leila Bara (1ª agachada da esq. para a dir.) na equipe de vôlei do Olímpico. De pé, seu primo e técnico, Pedro Edison (Foto: Acervo de Família)

O esporte sempre esteve presente na socialização da terceira geração dos Bara a partir da década de 1960. No vôlei, mesmo que apenas em brincadeiras, jogado por Nadja, Ellen, Leila, Vânia, Maria, Cláudio e Alexandre Bara, na natação, casos de Paula e de Maurício Bara Filho, no início de sua trajetória, no futebol, de atuação de Pedro Bara, ou até mesmo no judô, a exemplos de Guilherme Alvim e José Bara Neto. Pedro Edison, 78 anos, ex-atleta de basquete e vôlei e ex-técnico desta última modalidade, deu o primeiro passo pelo caminho que seria percorrido por dezenas de primos.

Irmão de Pedro Edison, José Antônio Bara, 63, viveu de perto a influência que virou paixão e nunca mais deixou de fazer parte de sua vida. “O Pedro nos levava muito às competições e eu fui pegando gosto pela coisa. Comecei garoto na natação. Mas, numa certa idade, precisava de um esporte em que me relacionasse com outras pessoas também. Foi quando o Pedro me levou para o vôlei. Comecei no juvenil, jogava no Olímpico, onde ele também era o técnico, e fui para a seleção mineira, disputei campeonatos brasileiros e pelo gosto não queria me dissociar do esporte. Aí fui para a educação física, porque em casa, na família, a única solução era o estudo, além do esporte. Hoje continuo na educação física, trabalho em uma entidade voltada para o esporte aqui em Juiz de Fora e a gente proporciona o esporte para os outros”, conta José Antônio.

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Outro irmão, Chafi Miguel Bara Júnior também teve início no vôlei do Olímpico e brincou que o seguimento no esporte veio por “osmose”. Nem mesmo uma quadra molhada era empecilho para a família. “Era uma época de amadorismo total. Se você imaginar bem, tínhamos uma quadra aberta, não era coberta, esperávamos a chuva passar, enxugávamos a quadra com rodo para ter condições de treinar com bola velha, tênis deficiente, e assim foi. Íamos por amor ao esporte mesmo.”

Filha de Elias José Bara, hoje professora e jornalista, Gilze Bara viveu intensamente, em quadra e nas arquibancadas, os momentos de glória do voleibol municipal na década de 1980. “Desde que me entendo como gente, estava nas arquibancadas vendo meus irmãos e primos jogando, torcendo. Eu era a mais nova da minha família especificamente, meu conjunto familiar. E isso ganha uma força danada e, quando a gente percebe, já faz parte da nossa vida. Então faz parte o amor ao esporte, mesmo quando a gente para de jogar, assistindo os jogos tanto pessoalmente, quanto na TV, ensinar jornalismo esportivo e chorar horrores em alguns momentos até parar e pensar que é um jogo. Então é difícil separar, porque a gente foi educado assim.”

Tricampeão nacional e convocação para a Seleção

oS IRMÃOS Sergio (2º de pé da esq. p/ a dir.), Alex (agachado, 4º da esq. p/ a dir.) e José Eduardo (1º da esq. p/ a dir.), na equipe do Bom Pastor, em 1991
(Foto: Acervo de família)

Não bastasse o amor da família pelo esporte da cidade, José Eduardo Gattás Bara extrapolou as fronteiras e levou a bandeira de Juiz de Fora para todo o mundo. O ex-jogador de vôlei se destacou nos campeonatos do interior de Minas Gerais até despertar a atenção do Minas Tênis Clube. Com a coletividade afinada e o juiz-forano como peça importante, a equipe da capital foi tricampeã nacional nos anos de 1985, 1986 e 1987.

“Comecei no colégio, mas desde pequeno, ia em campos, quadras, via jogos de basquete, de vôlei e jogava na casa da minha avó. O Olímpico montou uma equipe infantil (em 1974) para o primeiro Campeonato Infantil do Interior, em que o treinador era o Pedro Edison, meu primo. Disputava só essa categoria, não tinha outras de base. Era infantil, juvenil e adulto. Nessa montagem, nossa equipe disputou vários campeonatos do interior e eu acabava jogando até no adulto, porque não tinha tantos atletas. Os Jogos Universitários da cidade também foram muitos importantes. Fazia CTU e disputava os jogos, e acabamos pegando uma experiência que nos permitia participar de várias categorias. E, em uma dessas, em que fomos jogar em Belo Horizonte, o Minas me chamou para participar da equipe e eu fui lá feliz, era um objetivo que tinha. Nosso time conquistou o tricampeonato brasileiro na época da Seleção de Prata, então foi uma época que o Minas deu exemplo de conjunto”, rememora.

O destaque levou o juiz-forano, ainda, a defender a Seleção Brasileira. “Dentre essas participações (torneios regionais) fui convocado algumas vezes para a Seleção e participei do Mundial na França, em 1986. O Brasil ficou em quarto lugar, foi uma entressafra que pegou a Seleção de Prata e começaram a mudar a equipe. Tivemos uma participação relativamente boa para um trabalho ainda curto. Joguei mais alguns anos e depois virei instrutor de voleibol, e aí fui até instrutor da Alice, que é minha filha caçula.”

Dez anos de retomada

José Eduardo (segundo sentado, da esquerda para direita), com a equipe da Seleção Brasileira de vôlei, em agosto de 1986 (Foto: reprodução)

Na última temporada, o principal representante de vôlei na cidade, o JF Vôlei, conquistou inédita vaga nos playoffs da Superliga Masculina. Durante toda a campanha, o Ginásio da UFJF esteve lotado, transformado em um caldeirão movido pelo amor da cidade ao esporte. Tudo isto passa por Maurício Gattás Bara Filho, o “Mauricinho”, diretor técnico da equipe local, ex-Vôlei UFJF, que chegou, em 2017, ao décimo ano de projeto com o voleibol profissional e já vislumbra a sétima participação na Superliga.

“Costumo dizer que vim tardiamente pagar uma dívida com a família Bara porque, em um determinado momento, me envolvi com a natação e não joguei porque estava tendo sucesso. Então lá na frente, como profissional, vim pagar. Brincava e falava até uma mensagem que mandei para a Gilze quando a gente subiu da Liga Nacional para a Superliga: tô pagando a dívida!”, lembra.

“Lógico que o Mauricinho não tem que pagar dívida nenhuma com o vôlei. Mas ele reúne, durante os jogos de vôlei, um monte de gente da família nas arquibancadas. A gente vai olhando pro lado e só vai vendo parentes.Então o trabalho dele com o JF Vôlei permitiu primeiro essa retomada, essa alegria de ter alguém da família envolvido nisso”, reitera Gilze.
Mais que um projeto voltado à prática profissional, Mauricinho busca também o estreitamento da equipe com o voleibol de base em relação com o Clube Bom Pastor. “O voleibol da cidade ficou um tempo vazio e ele vem voltando. Fico muito orgulhoso de poder dar essa contribuição. Não está completa ainda, falta muito. E devo muito essa paixão à minha família. Porque vi eles jogando, a Gilze, o Zé (José Eduardo), Flávio, José Antônio, o Pedro dirigindo. Lembro de todo mundo jogando. De meu pai me tirar da sala de aula para ver o jogo do pessoal. E isso é muito emblemático quando você é criança. É um preço inimaginável ter tido essa bagagem toda antes de efetivamente colocar minhas próprias ideias”, discursa.

Bara x Bara

Pedro Edison mostra troféu recebido do prefeito Mello Reis em março de 1981 (Foto: Acervo de família)

Há registros, mesmo que contados à mão, de jogos em que os primos se enfrentaram. A recordação, na narrativa de Flávio Bara, irmão de Gilze, gera mais sorrisos nostálgicos. “Uma época, a gente jogava no Olímpico, que parou com o vôlei, e a maioria de nós foi para o Bom Pastor. E o Sport, na época, fez um investimento maior, levou o pessoal mais ‘cobra criada’, e o Zé Antônio foi para o Sport. Isso na década de 1980. E aí a gente se enfrentou, Sport contra Bom Pastor. Ele era o levantador do Sport e eu o levantador do Bom Pastor. Eles tinham um time melhor que o nosso, ganharam, mas foi um jogo duro. Demos trabalho!”, conta.

Houve, ainda, um encontro fora de quadra, de consequência curiosa, como revive José Antônio. “Eu e o Pedro nos enfrentamos fora da quadra também. Eu era técnico do Sport e ele, do Bom Pastor. O interessante foi que a nossa mãe ficou em um impasse danado! Eu dirigindo um time, o Pedro outro, e ela, politicamente correta, ficou omissa!”, conta, aos risos. Segundo Sergio, “ser um Bara é ter o esporte na vida”. “É ter um orgulho danado de todo esse histórico com a família, amigos, primos e viver esse esporte e tudo o que ele traz intensamente.”

 ‘A gente nasce com essa cultura’

Luiz Fernando, 20 anos, o filho de Nadja Bara, desponta como um dos principais nomes do tênis universitário norte-americano (Foto: Acervo de família)

Imagine crescer ouvindo relatos e mais relatos das histórias de seus pais, tios e avós de épocas distintas, mas sempre com o mesmo fio condutor: o esporte. Nada mais natural que um dos primeiros caminhos apontados como complemento dos estudos na formação educacional sejam voltados a experiências em quadras, campos e piscinas da cidade, como é o caso dos jovens integrantes da quarta geração da família Bara – Lillian Macedo, Alice, Vítor, Gustavo, Rafael, Luiz Fernando, Francisco, Sergio e Ignacio Bara.

Vitor, 25 anos, é assessor de imprensa do JF Vôlei. Filho de Ellen Freitas Bara, o jovem lembra seu início na área esportiva já com uma visão mais aprofundada do significado de fazer parte de uma família de tanto peso no desporto municipal. “Desde moleque, a gente já nasce com essa cultura de esporte na família. Quando pequeno, já incentivam a gente a praticar tudo, a tentar ser bom em algum esporte. Eu tentei muitas coisas. Fiz natação, joguei bola, vôlei, até andar de cavalo, andei. Mas chega uma hora em que a gente tem que ter consciência de que é melhor fazendo outra coisa, como analisando, observando, estudando. Um outro jeito de seguir o esporte que não necessariamente precisa ser em quadra, campo, na piscina”, revela.

Apaixonada pelo vôlei como o pai, José Eduardo, Alice, 18 anos, não abre mão das competições regionais. A jovem, que já defendeu diversas equipes da cidade, concorda com Vítor ao analisar o processo de iniciação nas práticas esportivas. “É natural. Desde pequenininha, quis buscar o vôlei, então está no sangue. Tinha treino, saía da escola e ia para a quadra. Ficava pegando bola, já com uns 7 anos. E, desde então, queria jogar, só que ele (o pai Zé Eduardo) não deixava! Depois, com 12, 13 anos, comecei a treinar com ele, quando fui para um clube. Aí comecei a gostar cada vez mais. Participava de campeonatos, que eram muito bons, conhecia gente, isso segue até hoje.”

Quem também já se destaca é Luiz Fernando. Aos 20 anos, o filho de Nadja Bara desponta como um dos principais nomes do tênis universitário norte-americano. O atleta local aceitou convite para morar na Carolina do Sul (EUA), onde possui bolsa de estudos e atua pela Coastal Carolina University.

História ainda está sendo contada

Maria Izabel Bara, esposa de Antônio Bara e mãe de Nadja, José Eduardo, Mário, Alex e Sérgio, mostra álbum com recortes da trajetória da família no esporte a netos e sobrinhos-netos (Foto: Leonardo Costa)

Filhos de José Antônio Bara, os jovens Rafael, 20, e Gustavo, 15, foram ao encontro no Ginásio da UFJF com camisas de basquete. O mais velho, por exemplo, ostentava a camisa 24 de Kobe Bryant, ídolo dos Los Angeles Lakers, tradicional equipe norte-americana. Antes e após a entrevista, a dupla pegou uma bola de vôlei e jogou basquete se aproveitando da presença de uma tabela com cesta no local.

“Como meu pai sempre trabalhou com o esporte, desde a época de escola até hoje, você fica mais perto do ambiente de quadra, vai gostando. Também já fiz de tudo: natação, basquete, futebol, vôlei, e chega um momento em que você concilia mais o esporte com o estudo e vai tomando mais conta da sua vida mesmo. Mas é muito bom quando você fala, por exemplo, que a família Bara tem muita influência. Juntam os primos e eles falam de quando jogavam no Olímpico, e vêm ver os jogos do JF Vôlei na Superliga, é sempre um encontro”, relata Rafael.

Gustavo, 15, não apenas conhece parte da história da família no esporte, como também conta com o know-how do tio, Pedro Edison, ex-técnico do Olímpico por cerca de 20 anos. Hoje, o jovem atua na equipe de basquete do Sesi. “Com o neto dele, meu primo Daniel, a gente sempre jogava junto na escola. Eu ia na casa dele, e o Pedro dava treino para a gente, ensinava tudo. Aí comecei a me interessar. Desde pequeno, com 7 anos, comecei na escolinha do colégio, aí fui para uma equipe. Já joguei vôlei também, mas basquete foi o que eu mais gostei.”

A história não termina por aí. Muitos capítulos no esporte juiz-forano ainda serão escritos. Basta ver Francisco, 11, Sergio, 10, e Ignacio, 7, com uma bola no pé. Filhos de Sergio Bara, os três praticam futsal e disputam a tradicional Copa Bahamas da modalidade. Durante a entrevista, o trio se divertia sempre com uma bola próxima. E mais. Em levantamento da família, houve a constatação da existência de representante da quinta geração. Felipe Bara Paschoal, 9, filho de Lillian Cristina Bara, já segue os passos da mãe na natação.

Alice, filha de José Eduardo, seguiu os passos do pai no vôlei (Foto: Acervo de Família)

 

 

 

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