No último final de semana, o fisiculturista Luan Corrêa, natural de Rio Novo, município localizado a 51 quilômetros de Juiz de Fora, foi campeão da categoria bodybuilder do Natural National Brasil Super Cup 1000, realizado em São Paulo. A competição reuniu os melhores atletas brasileiros da modalidade considerados naturais, ou seja, que não utilizam hormonização para melhor desempenho.
Apesar de já ser campeão nacional, a carreira de Luan dentro do fisiculturismo começou apenas há um ano e meio. O atleta conta que estava cansado de seu antigo emprego, e por isso decidiu entrar no mundo do esporte. “Descobri minha capacidade acima da média para construir massa muscular muito jovem. Tenho experiência com a academia desde os 12 anos de idade. Tive um tempo parado ali entre 2018 e 2021, mas depois retornei ainda acreditando que daria tempo de desempenhar no mais alto nível, de forma 100% natural”, explica Corrêa.
A escolha pelo natural
Dentro do meio do fisiculturismo, o uso de hormônios, anabolizantes e outras substâncias para melhor performance nos treinos e competições é comum. Diferentemente da maioria, Luan optou por ser um atleta natural. Segundo Corrêa, a escolha se deu pela facilidade que tem para ganhar massa muscular. “Sempre que eu me empenhava, obtinha respostas incríveis, então foi só alinhar com o trabalho de um profissional para a gente concluir isso na prática. Os resultados foram os melhores possíveis e também observando o cenário em ascensão aqui em nosso país, me projetei nas prateleiras mais altas do cenário desse esporte aqui no Brasil”, afirma o fisiculturista.
Luan explica que a preparação de um fisiculturista natural, comparada à de um atleta que faz hormonização, é semelhante, porém possui diferenças importantes, principalmente na alimentação. “Zerar o carboidrato é uma coisa que a gente (atletas naturais) considera um tiro no pé, porque a gente já não teme recursos externos, então se cortar carboidrato, a probabilidade de se perder massa magra é muito grande. Tem que fazer uma manipulação bem branda desses macronutrientes para o físico não reagir de forma negativa. Já no fisiculturismo tradicional é muito comum a pessoa zerar carboidrato, fazer manipulação de sódio, desidratar, coisas radicais que a gente não adota no natural”, detalha Corrêa.
Apesar de escolher ser um atleta natural, Luan não condena o uso de hormônios. O atleta entende que existem casos em que a hormonização é importante para quem deseja se tornar um fisiculturista. “Primeiramente para aquele cara que sonha em ser um atleta de alto rendimento, querendo se introduzir no cenário do fisiculturismo tradicional, não tem outro caminho. Com acompanhamento médico, você consegue fazer redução dos danos, mas eles sempre serão presentes. E o outro caso, acredito que seja para quem tenha que fazer uma reposição hormonal mesmo, que tem diversas causas, como queda de rendimento da produção de hormônios, nesse caso também seria interessante”, afirma.
Nas competições, o controle é rígido. Os atletas devem seguir os parâmetros estabelecidos pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e pela Agência Mundial Antidopagem (Wada). No caso de atletas naturais, é permitido apenas o consumo de suplementação. A fiscalização se dá através de exames de urina ou, em determinados casos, com o uso de polígrafo, para avaliar se o fisiculturista está mentindo.
Apesar do fisiculturismo tradicional ainda ser muito forte no Brasil, Luan entende que a modalidade natural está em crescimento. “A gente tem total capacidade de se tornar também uma grande potência no fisiculturismo natural”, avalia.
Uma conquista marcante
No Campeonato Brasileiro, Luan competiu na categoria bodybuilder, que é a sua especialidade. “Lá eu predominei, levei tudo. Foi surpreendente, porque ao ver os demais atletas lá, o altíssimo nível, em momento algum baixei a cabeça, mas vi que teve uma montanha para escalar, mas em nenhum momento tive medo, e deu tudo certo”, afirma o fisiculturista.
Após a conquista, o foco agora já é a próxima competição, a WNBF Brazilian Cup, que será realizada nos dias 2 e 3 de novembro, em São Paulo. “Estamos há quatro semanas e alguns dias dessa competição, e a gente vai seguir daqui para conseguir, quem sabe, entregar um condicionamento físico melhor ainda. Temos como objetivo conquistar o pro card por ela também”, projeta Luan.
*estagiário sob a supervisão do editor Gabriel Silva