Com apenas 17 anos, Gabriel Geraldo Araújo segue fazendo história nas piscinas e passa a ser conhecido, desta vez, por todo o mundo. O nadador do Clube Bom Pastor finalizou sua participação nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, com cinco presenças em pódios, dois recordes brasileiros e um mundial, além de uma alegria explicitada a cada entrevista concedida após os feitos. Ao todo, o atleta da classe S2, portador de focomelia, uma síndrome congênita caracterizada pela má formação de braços e pernas, conquistou duas medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze.
“Passa um filme na cabeça de tudo o que passei até chegar aqui. Em cada medalha fui vivendo uma emoção diferente”, relata o atleta. Entre os momentos mais especiais, Gabriel conta que jamais se esquecerá das duas vezes em que, com seus títulos, ouviu o Hino Nacional Brasileiro enquanto a bandeira do país era erguida em Lima. “Foi uma experiência única e especial, e significa que o nosso trabalho vem dando certo. A emoção de ouvir o hino comigo no topo do pódio foi muito emocionante”, conta.
Gabriel foi campeão nos 50m (57s87) e nos 100m livre (2min04s60), batendo o recorde brasileiro nas duas provas. A segunda colocação veio nos 200m livre (4min45s96), e os bronzes ocorreram após atuações nos 50m costas (1in13s59) e 50m borboleta (1min01s65). Nesta última veio o recorde mundial em sua divisão paralímpica, que não rendeu a medalha de ouro por conta da prova ter sido multiclasse, e não apenas em seu segmento.
À distância
Natural de Santa Luzia (MG), Gabriel mora atualmente em Corinto (MG), cidade distante mais de 450 quilômetros de Juiz de Fora, o que não diminuiu o nível dos treinamentos monitorados pelo técnico do Clube Bom Pastor, Fábio Antunes. Assim como no dia a dia, a relação foi eficaz enquanto o técnico estava em casa, e Gabriel, em Lima. “Estava distante, mas ao mesmo tempo, presente. Nós conversávamos direto sobre tudo, passava aquecimento, dava feedback sobre as provas, ajustava estratégia de prova e comemorava com ele também. O treinador da Seleção, que estava com ele, Alan Helbock, também me mandava retorno sobre o que estava ocorrendo por lá. Vivi de perto o evento, além de acompanhar pela TV as provas dele. Foi uma ótima experiência”, destaca Antunes.
Melhor campanha da história
Na capital peruana, o Brasil liderou com folgas o quadro de medalhas do Parapan. Ao todo, foram conquistadas 308 medalhas, sendo 124 ouros, 99 pratas e 85 bronzes. Os números superaram a campanha recordista do México, de 1999, quando o país anfitrião conseguiu 307 medalhas e 121 ouros.