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Corrida, natureza e família: 30° Ibitipoca Off Road começa neste fim de semana

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Foto: Ângelo Savastano
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Uma reunião de amigos “despretensiosa”. Dessa forma foi definido o início do Ibitipoca Off Road (IOR), no longínquo ano de 1990, pelo atual coordenador e criador do evento, Manoel Resende. Pois, após 29 edições, o rali de regularidade com saída e chegada em Juiz de Fora, passagem por Lima Duarte e pernoite em Conceição de Ibitipoca, já se consolidou no cenário nacional e terá a 30ª realização nestes sábado (3) e domingo (4), ostentando a grife de off road “mais charmoso do Brasil”, com raiz no clima familiar criado ainda no século passado. Com novo recorde de inscritos, o IOR 2019 novamente toma emprestada a natureza exuberante de uma das serras mineiras e convida estreantes e experientes nas motos e carros para comemorar e recordar passagens da reunião de amigos.

Mas como comemorar 30 edições da competição que passou a reunir os principais pilotos de motos brasileiros e algumas das referências do país nas quatro rodas? A resposta está no crescimento do evento, refletido no número de participantes: em clima de festa, 620 veículos – 540 motos e 80 carros -, vão competir em 23 categorias com largada no sábado, a partir das 7h, na Faculdade Suprema (Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra), ponto de início da competição, com representantes de 150 cidades de dez diferentes estados e o Distrito Federal. A marca de inscritos sobre duas rodas bateu o recorde do evento, superando a de 2018, ano no qual 500 motos disputaram o rali de regularidade.

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Se por um lado o evento traz novos pilotos, terá, especialmente, trechos antigos. Como forma de retornar as raízes do Ibitipoca Off Road, a organização da prova definiu os trajetos selecionando as melhores trilhas entre todas as edições e promete ter as provas mais desafiadoras de todos os certames. O cronograma festivo ainda reserva festa no Hotel Alphaville Chalés na chegada do primeiro dia, e também no encerramento, no domingo, na Faculdade Suprema.

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Para possibilitar um evento pensado em cada detalhe, que vai desde a definição das provas, até os shows e os troféus, a preparação começa com muita antecedência. “Hoje, você demora oito meses para fazer o evento, e tem que abrir mão de várias coisas. Mas, no final, vale a pena por causa das amizades que a gente conquista durante os anos”, conta o coordenador Thiago Resende.

Programação

Nesta sexta-feira (12), a partir das 14h, já na Faculdade Suprema, ocorre a vistoria dos veículos, de supervisão da Fmemg nas motos, e da FMA nos carros. À noite, às 20h, o auditório da instituição de ensino é palco de briefing, reunião obrigatória aos participantes. A largada ocorre no sábado, a partir das 7h, com saída da Suprema. O Armazen de Minas, em Lima Duarte, será o Neutro (ponto de rápida pausa dos participantes), a partir das 10h nos dois dias de rali. A chegada em Ibitipoca está agendada para começar às 15h. No dia seguinta, o início das provas também ocorre às 7h, e a chegada na Suprema, em Juiz de Fora, está agendada para começar às 14h30, antes da festa de encerramento e da premiação, marcada para as 19h.

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Preocupação social

Foto: Aelson Amaral

Se a natureza encanta competidores e público na Serra de Ibitipoca, o compromisso com a manutenção do meio ambiente também é alvo de preocupação no off road. A edição comemorativa mantém as parcerias com a E-Ambiental, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) para fazer um reflorestamento na reserva ambiental do município, onde serão plantadas mudas nativas da Mata Atlântica. Na mesma linha, na quinta-feira (1) foi realizado um plantio simbólico no Parque da Lajinha criando o “Bosque IOR”.

De acordo com Thiago Resende, a iniciativa vai ao encontro do pensamento do IOR de “devolver” para o meio ambiente o impacto causado pelo rali. “A gente sabe que realmente tem impacto ambiental. Pode ser o mínimo que seja, mas tem. E vemos a necessidade de fazer uma compensação, porque, se a gente não cuidar do que usa, uma hora vai ser problema”, reflete. Com o mesmo sentido de assumir um compromisso social, foi realizada, ainda, a campanha “JF Sangue Bom”, encerrada no dia 31 de julho, de doação de sangue.

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IOR abraça diferentes idades e conserva a “família”

“Nós, quando começamos esse trabalho, não tínhamos pretensão nenhuma. A ideia foi fazer uma reunião de amigos”, contou Manoel Resende em evento de comemoração nas vésperas do 30° IOR. Após 30 anos e milhares de quilômetros percorridos, a competição tomou outra proporção, mas seguiu com a veia familiar, mesmo na organização. Manoel Resende, idealizador e criador da competição ao lado de Vinícius Kamil, falecido ainda na década de 90, divide a organização com Thiago Resende, seu filho e fortemente influenciado pelo pai para entrar no universo do off road.

Aos 33 anos, Thiago acompanha e auxilia na organização do IOR “desde que se entende por gente”, como ele próprio diz, e atualmente assume diversas funções na coordenação do evento. “A primeira lembrança que eu tenho do Ibitipoca é chegando na BR, no posto, a quantidade de carros e motos chegando e o grande público desde as primeiras edições. Mais ou menos em 1996, teve uma chegada na BR que ficou muito cheia e me marcou muito”, lembra.

Multi-campeão “novato” ao lado do filho

Foto: Ângelo Savastano

Pai e filho também estarão fazendo dupla na competição de carros. Veterano das corridas fora da estrada, Paulo Renato Ribeiro já viveu de tudo em eventos off road: campeão do Ibitipoca Off Road pela primeira vez em 1991 – para depois alcançar o lugar mais alto do pódio em outras quatro oportunidades, ele estava também na competição em seu ano de estreia e se aventurou em “terras estrangeiras”. A dupla com o carioca Magno Aragão, na qual o juiz-forano fazia a função de navegador, rendeu diversos títulos em todos os cantos do Brasil, competindo pela Transparaná ou o tradicional Desafio dos Sertões, por exemplo.

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No entanto, nada comparável com a passagem que o mundo off road reservou para ele após mais de 30 anos competindo. Em 2017, com a criação da categoria “Pais e Filhos” no IOR, Paulo Renato passou a comandar o volante e fazer dupla com seu filho, Lucca, então com 13 anos, e tornou a subida da serra uma atividade familiar. ” É um prazer indescritível você poder ter o seu filho parceiro, do seu lado, participando de tudo, ocupado e interessado. Nós criamos um vínculo muito mais forte, porque o esporte mantém a gente muito unido. Além de pai e filho, nós somos muito amigos, a gente convive junto e foi muito bom isso, o esporte proporcionou isso para a gente,” destaca o piloto.

A parceria com o filho tem dado certo também esportivamente. Em 2018, com Lucca de navegador e o pai guiando, foram campeões da categoria Turismo, nível acima da “Pais e Filhos”, com duplas mais experientes. O ano ainda reservou outras 17 subidas ao pódio de pai e filho em competições Brasil afora, com nove títulos. Em 2019, a nova subida de categoria – vão competir na “Graduado” – significa um desafio ainda maior e um período de adaptação dos parceiros, mas Paulo Renato já pensa muito além do IOR 2019. “O Ibitipoca é a prova mais charmosa do Brasil, ela está fazendo 30 anos e não é à toa. E eu quero ver meu filho subindo pilotando, e quero estar de bengalinha batendo palma para ele. Essa prova tem que durar mais 30 anos, porque eu pretendo viver muito tempo e continuar no off road”, projeta.

Acolhido e viciado no IOR

Foto: Misto Quente Comunicação

Quando competidor, Anderson Boka Santiago permanecia “solitário” na moto durante as idas para o distrito de Lima Duarte. Foi assim que estreou logo na primeira edição do evento e se aventurou por Ibitipoca em mais de dez anos como piloto. “Nas primeiras edições ninguém tinha equipamento nenhum e era tudo na caneta e na calculadora”, conta, nostálgico. Atualmente, Boka faz a cronometragem da prova, tarefa facilitada pela entrada das novas tecnologias após três décadas.

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Mas qual é o diferencial do IOR a ponto de ser considerada a “mais charmosa do Brasil”? Mesmo com participação em todas as edições, a questão também pairou no ar durante alguns segundos para Boka, que teve dificuldade em responder, mas listou motivos responsáveis por encantar os pilotos que vêm de todos os cantos do país.

“A qualidade das trilhas, o capricho que os organizadores têm em todos os detalhes, os mimos para os competidores… Uma série de fatores que, ao longo do tempo, foram chamando a atenção dos competidores. Muitos deles não vão em prova nenhuma, mas querem vir para Ibitipoca”, relata o membro da organização que, acolhido como parte familiar pelo organizador Manoel Resende, teve mais facilidade em explicar o que significa o evento pessoalmente. ” Já estamos por aí há 30 anos no Ibitipoca Off Road, essa cachaça que a gente não consegue mais largar”, conclui.

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