No lugar das fardas, uniformes esportivos. Os coturnos dão lugar aos tênis. Ao invés dos fuzis nas mãos, dardos e discos. A corrida aqui é atrás do melhor tempo e o inimigo é sempre você mesmo, em busca do seu melhor. Entre competições e treinamentos, os militares atletas do Exército Brasileiro são estimulados a enfrentar desafios e a superar seus limites. Nesta semana, 44 cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), sediada em Resende (RJ), estão em Juiz de Fora fazendo treinamentos na pista de atletismo da UFJF. São jovens que cursam do 1º ao 4º ano da Aman e que fazem parte da equipe de atletismo da Escola, que tem 18 modalidades. Comandados pelo capitão Cézar de Souza Tosta, os jovens se preparam para a Navamaer, uma competição entre as três escolas de formação de oficiais de carreira das Forças Armadas do Brasil e já pensam no Sul-Americano de cadetes, que acontece este ano na Venezuela.
Segundo o chefe da equipe, a escolha pelos treinos em Juiz de Fora se deu por vários motivos. Entre eles, a proximidade com a Academia Militar, a qualidade da pista, o clima da cidade favorável para os treinos, além da possibilidade dos cadetes competirem com outros atletas. Nesta quinta-feira haverá uma competição entre os militares e os integrantes do atletismo da UFJF. “A primeira coisa é fortalecer o esporte, depois é a avaliação que poderemos fazer dos atletas, já que não se pode melhorar o que não se mede. Além disto, é diferente de competir entre eles, são pessoas que eles não conhecem, não sabem o nível. Conseguimos trabalhar a adaptabilidade, assim, em qualquer lugar que eles vão competir, estarão mais seguros”, disse o capitão, acrescentando que os jovens estão alojados no 17º Batalhão Logístico Leve e treinando também na academia Fórum, que cedeu o espaço para os cadetes.
O próximo desafio do grupo será no mês que vem, na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), na Navamaer. Na ocasião, 600 cadetes da Aman, Afa e Escola Naval se enfrentam em dezenas de modalidades. De lá, apenas os melhores serão selecionados para o Sul-Americano, que acontece entre o final de agosto e início de setembro, na Venezuela.
‘Esporte é o que mais se assemelha a um combate’
Durante todo o preparo dos cadetes, busca-se fortalecer o corpo, aprimorar técnicas e desenvolver sentimentos como companheirismo e determinação, atributos fundamentais na vida militar. “Em tempos de paz, o esporte é o que mais se assemelha a um combate. Trabalhamos não só para os resultados atléticos, mas também para serem usados como futuros oficiais que eles serão. O esporte gera resistência, vontade de ganhar, de não se abater diante de uma derrota e saber erguer cabeça diante de uma derrota. Eles aprendem a ter fé na equipe, trabalham a união, e isso é essencial para nossa vida militar. O benefício da prática esportiva é imensurável”, comentou o chefe da equipe.
Um dos cadetes da equipe, Marcos Castilho, que compete nos 100 metros rasos, acredita que a semelhança do esporte e da carreira militar influencia positivamente nos dois lados. “No Exército, a gente é condicionado a respeitar regras, cumprir rigorosamente o que é correto através da disciplina, e isso influencia na hora de fazer o treino. Já ser atleta, gera o espírito de garra, de competitividade, de buscar superar limites, o que é essencial no combate”, comentou.
O cadete Pedro Marcelo, que treina 110 metros com barreiras, acrescentou que “o esporte foi introduzido nas Forças Armadas com a finalidade de simular atributos que são evidenciados no combate.O Exército vem participando de diversas missões, como no Haiti, Complexo da Maré, e o esporte é introduzido no treinamento destas tropas que vão pro combate e auxilia muito”, avalia.