O rebaixamento não era o que o Aymorés queria no Módulo I do Campeonato Mineiro deste ano, em sua primeira participação na competição desde a fundação. A equipe não esteve na zona da degola em nenhum momento da competição, mas acabou entrando na última rodada. Junto ao Villa Nova, caiu para o Módulo II no ano que vem. Entretanto, o clube de Ubá deixou um clima de esperança aos torcedores pela campanha considerada boa, já que a disputa foi contra clubes já consolidados na elite e de maior poderio financeiro.
Para entender a visão do clube sobre essa temporada e o planejamento para os anos seguintes, a Tribuna entrevistou o presidente do Aymorés, Antonio Queiroz Júnior. O mandatário afirmou que o clube busca um investidor para se tornar Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e explicou como será feita a construção do centro de treinamento do Azulão. Confira a entrevista na integra abaixo.
Tribuna: Presidente, como você avalia a participação do Aymorés no Módulo I do Campeonato Mineiro?
Queiroz: Claro que o resultado não era aquele que a gente esperava. Fomos rebaixados, isso significa que não conseguimos atingir os nossos objetivos. Mas acho que foi muito válida a participação. O Aymorés é um clube que retomou o futebol profissional há apenas seis anos. Entramos na Terceira Divisão e conseguimos chegar à Primeira em tão pouco tempo. Então, acredito que valeu experiência para o clube aprender como se comportar nessas competições. Tivemos uma mudança muito grande de estrutura este ano. Saímos do terreno do nosso estádio antigo e fomos para um centro de treinamento com um estádio novo (do Ubaense). O clube teve um crescimento significativo e agora conta com uma estrutura muito favorável para o futebol profissional.
Você acha que algo de diferente poderia ter sido feito? O que?
Acredito que montamos um elenco competitivo. Não ficamos na zona do rebaixamento em nenhum momento do campeonato e conseguimos fazer bons jogos contra Atlético-MG e América-MG. Tivemos boas atuações, mas, no final, talvez tenha prevalecido a maior experiência de alguns clubes e, principalmente, o investimento superior. Infelizmente, não conseguimos nos manter, mas o próximo ano seria um período de mais tranquilidade para trabalhar. Essa temporada foi tudo muito rápido. Em novembro fizemos a permuta com o Ubaense, assumimos o centro de treinamento e passamos a adequar o novo estádio para receber os jogos do Mineiro. Esse foi um período de turbulência, mas nada que justifique o rebaixamento.
E agora, quais são as principais metas do Aymorés?
O momento é de reorganizar a casa e analisar os pontos em que erramos, pois o rebaixamento é reflexo de falhas. Mudanças precisarão ser feitas, talvez na estrutura externa. O elenco foi forte, conseguiu competir bem e a comissão técnica era capacitada, mas em algum momento falhamos. Precisamos diagnosticar esses erros para melhorar no futuro, temos bastante tempo para trabalhar fora dos campos. Nossa base segue ativa e disputará o Mineiro sub-15 e sub-17. Mantemos categorias do sub-9 ao sub-17 e seguimos com o trabalho no futebol profissional sob a gestão do executivo Vilar, que já está mapeando o mercado e estudando jogadores e treinadores para a próxima temporada. O importante é que o Aymorés não pare mais, independentemente dos resultados. O clube passou um tempo fechado, e isso não pode mais acontecer. Nosso objetivo é aprender com os erros e voltar mais fortes no próximo ano. Agora, no Módulo II, seremos protagonistas, algo inédito para nós.
Como fica a questão do estádio? No Módulo II de 2025, o Aymorés volta a jogar no Estádio Affonso de Carvalho ou continua no Paulo Paschoalino?
Passamos a ser donos do centro de treinamento do Ubaense, que comporta o Estádio Paulo Paschoalino. Essa é a nossa casa definitiva. Vamos aumentar a capacidade para cinco mil pessoas. Além disso, até o final de 2027, queremos ter um centro de treinamento com uma estrutura completa para o futebol profissional, incluindo restaurante, auditório, academia, fisioterapia e departamento de análise. Terá, também, uma estrutura de hotelaria com 20 suítes e seis campos de treinamento.
O Aymorés tem a cláusula da SAF aprovada em seu estatuto. Há o interesse de se transformar em clube-empresa?
Sim, estamos em busca de investidores para impulsionar o clube, e não para cobrir déficits do passado, já que não temos dívidas. Estamos no mercado em busca desses investidores, com um projeto de, após dez anos, colocar o clube em um patamar mais alto, para disputar alguma divisão do Campeonato Brasileiro. Hoje, o futebol exige muito investimento. Em Minas Gerais, nove clubes que permaneceram no Módulo I são SAFs ou estão em processo de transformação, como o Uberlândia. Os rebaixados, Aymorés e Villa, são associações, assim como o Democrata. Somos um clube muito bem organizado financeiramente. Terminamos o campeonato e, no dia seguinte, todos os jogadores já estavam com seus pagamentos quitados. Porém, não temos a capacidade de investir no mesmo nível que as SAFs, que possuem folhas de pagamento muito superiores.
E o apoio dos torcedores, segue sendo fundamental?
A recepção da torcida foi fantástica, com grande envolvimento de Ubá e da região. Algo expressivo, com estádio cheio e um público engajado. Mesmo após o rebaixamento, a Prefeitura, patrocinadores e a torcida reafirmaram o apoio ao projeto. Todos entenderam que esse é um processo de crescimento e aprendizado. O nível de investimento no campeonato é muito alto, e precisamos nos adaptar para competir de igual para igual.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva