O oposto juiz-forano Felipe Roque, de 27 anos, completou, na virada do ano, seis meses atuando no voleibol japonês. O atleta representa, na Ásia, o Hiroshima Thunders, após deixar o São José depois da Superliga 2023/24. À Tribuna, o jogador fez uma avaliação de sua temporada, projetou o futuro, comentou sobre a seleção brasileira e o que encontrou dentro e fora das quadras na Terra do Sol Nascente.
Felipe conta que não encontrou problemas para se adaptar ao Japão, já que os jogadores e membros da comissão técnica o ajudaram nesse processo de adequação à nova realidade. A rápida adaptação pode ajudar a explicar o ótimo desempenho que o juiz-forano vem tendo nesta temporada. No dia 4 de janeiro, o oposto marcou 41 pontos na vitória do Hiroshima Thunders sobre o Sakai Blazers, fora de casa, e foi essencial na vitória por 3 sets a 2.
“Acredito que esta está sendo minha melhor temporada desde que comecei a jogar. Sinto que evolui muito tecnicamente e também taticamente. Jogar dois jogos seguidos todo final de semana me fez crescer mentalmente, principalmente em momentos em que o corpo já não responde bem por conta do cansaço”, avalia Roque.
Em entrevista à Tribuna em junho de 2024, Felipe colocou sua evolução pessoal como um dos seus principais objetivos na transferência para o Japão. “Quero evoluir mais do que só no aspecto técnico. Quero pegar mais bagagem no voleibol, ir absorvendo os aprendizados. Essa mudança vai me ajudar na vida profissional. Meu plano de carreira é estar nas melhores ligas possíveis, como Japão e Polônia”, disse Roque.
Campeonato em franca evolução
A liga japonesa se reestruturou na temporada 2024/25, aumentando o limite de estrangeiros inscritos por equipe. Antes era permitido apenas um jogador, agora, cada time pode ter dois atletas de fora do Japão em quadra ao mesmo tempo, além de não haver limite de número de estrangeiros inscritos. Nomes como Alan e Lucarelli, figuras constantes na seleção brasileira, migraram para o Japão, assim como Felipe Roque. “A parte técnica individual aqui é impressionante. Todos os jogadores têm uma habilidade que os fazem jogar em um nível alto, mesmo os japoneses, que de modo geral não são altos, sobram em habilidade e aptidão física”, analisa o oposto juiz-forano.
O Hiroshima Thunders, campeão japonês na temporada 2015/16, ocupa a sexta posição da liga do Japão, a última dentro da zona de classificação às quartas de final da competição. Felipe Roque admite que a equipe terá grandes concorrentes pela frente, mas acredita que o clube pode conquistar seu bicampeonato nacional. “Coletivamente acredito que temos um time capaz de chegar à final da liga japonesa. É um desafio muito grande, mas acredito em nosso potencial. Individualmente, quero continuar evoluindo e me destacando em todos os jogos, continuar sendo um dos principais pontuadores da liga também”, projeta.
Chance de seleção
Felipe fez parte da preparação da seleção brasileira visando os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, mas acabou não sendo convocado para a competição — Darlan e Alan foram chamados pelo técnico Bernardinho na lista final. Para o oposto juiz-forano, jogar do outro lado do mundo não é um impeditivo para receber novas oportunidades de defender o Brasil. “A liga japonesa está se tornando uma liga muito forte, com vários jogadores de seleções mundo afora. Todo o mundo está de olho nessa liga. Eu sigo trabalhando muito focado aqui, acredito que a convocação é fruto de uma boa temporada de clubes e, por isso, estou com foco 100% aqui no Hiroshima”, afirma o oposto.
A carreira de Felipe Roque
O oposto Felipe Roque surgiu para o vôlei no Clube Bom Pastor, em Juiz de Fora. Ainda na cidade, passou pelo JF Vôlei, antes de se transferir para a equipe sub-21 do Minas, em 2016. Na temporada seguinte, foi promovido ao time principal do time belo-horizontino, onde ficou até 2020. Em 2020/21, se transferiu para o Taubaté, onde passou por seu maior drama na carreira: uma lesão ligamentar no joelho que o afastou das quadras por um ano. O juiz-forano também atuou pelo Campinas e pelo São José, antes de se transferir para o Hiroshima Thunders.
Por clubes, os principais títulos de Felipe Roque são a Superliga 2020/21 pelo Taubaté e o Campeonato Sul-Americano de Clubes em 2024 defendendo o São José. Pela seleção brasileira, o oposto participou das conquistas da Copa do Mundo em 2019, da Liga das Nações em 2021 e do Campeonato Mundial em 2022.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva