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Empresas em Juiz de Fora apostam em Inteligência Artificial para otimizar resultados

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Foi-se o tempo em que andando na rua encontrávamos pessoas responsáveis por apagar e acender a iluminação pública, os chamados “lampiões”. Houve uma época em que, para fazer uma ligação, era preciso entrar em contato primeiro com o telefonista. Os anos passam, a tecnologia avança e profissões como essas vão caindo em desuso. Considerando que vivemos em um período de transformações aceleradas é de se esperar que os avanços na ciência causem efeitos significativos no mercado de trabalho.

Com a chegada de ferramentas como a Inteligência Artificial (IA), trabalhos considerados repetitivos tendem a ficar ameaçados. Conforme aponta o coordenador do MBA de Negócios Digitais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Miceli, funções repetitivas em setores administrativos e na manufatura podem sofrer os impactos mais significativos com a inserção da IA. “Assim como o processo de revolução tecnológica fez com que profissões automatizadas desaparecessem, o impacto da Inteligência Artificial não é diferente. Só que agora não é exatamente algo mecanizado que tende a perder, mas uma função repetitiva, onde quer que seja.”

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Por outro lado, setores como saúde, finanças e tecnologia da informação tendem a ser impulsionados com a implementação dessa ferramenta. “Algumas pessoas vão sim perder empregos por conta da IA, mas as empresas que souberem usar a ferramenta a seu favor vão melhorar o processo de operação.” Tendo em vista o potencial da IA, o especialista aponta que o impacto dessa funcionalidade ainda é pequeno na economia brasileira. “O que vemos hoje em dia, na prática, são empresas adotando a IA em programas de assistência virtual.”

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Destaque para as startups mineiras

O presidente do Sindicato das Empresas de Informática de Minas Gerais (Sindinfor), Flávio Veras, aponta que as tecnologias emergentes cumprem papel crucial nas transformações do setor industrial no estado, tais como a IA, Internet das Coisas (IoT) e automação.

E não apenas nas indústrias, enfatiza Veras. O segmento de softwares, por exemplo, é um setor transversal que afeta positivamente diversos segmentos da economia, “desde saúde e educação até agricultura e serviços financeiros”. Segundo ele, Minas tem se destacado no campo das startups, empresas nascentes de tecnologia, que tiveram origem em projetos de pesquisa e inovação.

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Como exemplo, ele cita o ramo das empresas de tecnologia financeira, chamadas “fintechs”. “As fintechs têm tido crescimento notável, oferecendo soluções inovadoras em pagamentos, empréstimos, investimentos e serviços bancários, desafiando os modelos tradicionais.” E-commerce e Marketplaces também são outros setores em evolução. Para Veras, o comércio eletrônico cresce consistentemente, impulsionado por conveniência, variedade de produtos e serviços oferecidos pelas plataformas on-line.

O ramo de tecnologia educacional, com o aumento da demanda por educação on-line e ferramentas de aprendizado digital, também tem sido impulsionado dentro da economia mineira. “As Edtechs têm sido uma área em crescimento, oferecendo soluções para aprendizado remoto, cursos on-line e ferramentas de colaboração educacional.” Ele aponta que empresas de saúde digital, que fornecem soluções tecnológicas para a área da saúde, têm ganhado destaque, oferecendo desde telemedicina até plataformas de gestão de saúde e monitoramento remoto. A força da evolução tecnológica também é reconhecida na agropecuária. “Com a necessidade crescente de tecnologias para otimizar a agricultura e a produção de alimentos, as agrotechs têm ganhado espaço com soluções baseadas em dados, automação e Internet das Coisas para melhorar a eficiência e a produção agrícola.”

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IA em Juiz de Fora

Em Juiz de Fora, empresas de diferentes ramos apostam em tecnologia para se tornarem mais competitivas no mercado. Na ArcelorMittal, empresa produtora de aço com planta em Juiz de Fora, a Inteligência Artificial é utilizada para otimização de processos internos. O gerente de Assistência Técnica, Logística e Segurança Patrimonial da ArcelorMittal Juiz de Fora, Sérgio Ferreira, comenta que cinco empregados lançaram a iniciativa “Utilização de IA para otimizar o envio de gás de Alto-Forno para a Laminação (Redução/Laminação)”. O projeto usa a IA para controlar o transporte de gás de Alto-Forno de forma mais eficiente e segura. Sérgio afirma que, após a implementação do projeto, foram notadas maior eficiência e segurança no transporte de gás e redução de tarefas operacionais do controle do processo e tempo de paradas para manutenção. Isso acarretou, consequentemente, em aumento da produtividade.

De acordo com Rodrigo Carazolli, gerente geral de Inovação da ArcelorMittal, a cultura de inovação sempre fez parte do dia a dia da empresa, mesmo sendo parte de um segmento considerado tradicional e conservador da economia. “Investimos nessa frente porque acreditamos que fomentar a inovação e o empreendedorismo fortalece não somente a empresa, mas toda a cadeia do aço, gerando valor para a sociedade.”

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A Stefanini, empresa de software que tem unidade em Juiz de Fora, atua levando estratégias de tecnologia para as empresas da região. Conforme Alex Winetzki, que também é CEO da Woopi, ramo da Stefanini voltado para IA, a cidade tem importância crescente como hub de negócios, e por isso a Stefanini acredita no potencial das empresas da região para impulsionar a economia do Sul do estado e de Minas Gerais como um todo. “Atualmente o único risco é não adotar a IA. Ao ignorar a realidade desta tecnologia, empresas poderão ficar para trás, enquanto segmentos inteiros de negócio são transformados.”

Possibilidade para pequenos negócios

Por mais que a IA possa parecer uma realidade distante e difícil de ser implementada nos pequenos negócios, o gerente regional do Sebrae Minas, João Roberto Marques Lobo, afirma que as pequenas empresas podem se beneficiar de forma direta e devem buscar compreender como tirar proveito dessa tecnologia. “Uma das formas de a pequena empresa se beneficiar é por meio da automação de seus processos. Uma vez que a IA pode associar os dados dos clientes aos processos da empresa, como o de vendas, por exemplo, é possível que ela seja mais assertiva em relação aquilo que está sendo oferecido ao cliente.”

Conforme ele, já existe um movimento das empresas em buscar informação de como utilizar a IA na rotina produtiva. “Mas é um movimento tímido, e o próprio Sebrae irá promover uma massificação dessa informação em 2024 aqui em Juiz de Fora.”

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