Durante 14 anos, Bolt, batizado em homenagem ao “supercão” criado pela Disney, fez parte da família de Isabela Tostes Fonseca, 24. Quando ele faleceu devido a um acidente, seus tutores decidiram contratar serviços funerários voltados para animais de estimação, após recomendação. Segundo Isabela, a preparação do enterro era como se o “Boltinho” tivesse ido apenas ao pet shop. “Eles arrumam um quartinho e colocam o cachorrinho em uma cestinha cheia de florzinhas e enfeite, parece que ele está dormindo. É uma experiência muito bonita, que me proporcionou uma despedida”, revela.
A funerária contratada por Isabela é a Vida Pet, que existe há três anos em Juiz de Fora. Foi durante a pandemia que os sócios viram a necessidade de atender um novo segmento, que sempre foi muito incipiente no mercado funerário: aquele voltado para animais. “A empresa entende que um pet é um filho, o amor da vida de alguém. Merecem uma despedida digna, respeitosa e com o mesmo carinho que nos entregam durante toda a vida deles”, declara um dos sócios da empresa, Marco Aurélio Oliveira Marques.
A Vida Pet é a primeira empresa de Juiz de Fora a disponibilizar plano funerário para os bichinhos, com cemitério próprio de animais, seguindo as leis ambientais, e serviços funerários completos, imediatos ou preventivos, com atendimento 24 horas. A funerária recebe todos os animais domésticos de até 70 quilos e atende toda a Zona da Mata e Campo das Vertentes, além de Belo Horizonte, Uberaba e Uberlândia, através de integradores.
Como acontece com planos funerários para seres humanos, a funerária de animais oferece diferentes tipos de planos. O custo dos serviços partem de R$ 289, porém variam com os planos, se for enterro ou cremação, e também em relação ao peso do animal. Os planos mensais custam a partir de R$ 10,90 por mês. Segundo Marques, além de não se preocuparem com decisões na hora do óbito, os tutores têm, no pagamento mensal fixo, uma alternativa para não desembolsar um alto valor de uma única vez, além de contar com benefícios como desconto em pet shop e clínicas veterinárias.
Alexandra Andrade, 42, optou pelo pagamento mensal como forma de prevenção para Bella Maria, uma lhasa apso de dez anos que era muito mimada pela família. No começo deste mês, Bella morreu. A funerária prestou todos os serviços, desde a cerimônia de despedida até o sepultamento no cemitério. Alexandra afirma que vai contratar o serviço novamente, agora para a nova cachorrinha que está chegando para alegrar novamente a casa, uma shih-tzu chamada Brisa.
Cremação: opção ecológica entre serviços funerários
Em janeiro de 2019, Clarisse Silva e Wellington Martins adotaram uma cachorra de um ano e deram o nome de Zabarrufa, em homenagem ao seu jeito “sem vergonha” e por ser um “ensinamento constante de amor”. Por quatro anos ela viveu com eles. A tutora gosta de falar que foi Zabarrufa que escolheu a família, e não o contrário. No dia 17 de outubro, ela faleceu em decorrência de complicações da doença do carrapato. Foi quando Clarisse e Wellington conheceram o crematório de pets Amor de Patas, localizado em Matias Barbosa.
Segundo os tutores, o atendimento antes da cremação foi importante em um momento de dor, com muito respeito desde o momento do primeiro contato. O serviço proporcionou que eles tivessem um último momento com Zabarrufa, considerada uma filha do casal, o que deu conforto e segurança para a família que se despedia de uma vida.
Brian Paiva Kneipp, 23, foi outro tutor que optou pelo serviço do Amor de Patas. Segundo ele, a escolha se deu para dar dignidade a sua cachorrinha, chamada Paloma, e também por ser a opção mais ecológica dentre as que tinham sido apresentadas.
Sustentabilidade
Sócio-proprietário do Amor de Patas, Clóvis Corrêa Neto, 55, argumenta que a cremação não gera resíduos prejudiciais ao meio ambiente. “Todo corpo orgânico, quando enterrado, libera gás metano, que é 30 vezes mais nocivo no efeito estufa do que o CO2 (gás carbônico), e chorume, devido à decomposição, que é um líquido que permeia para dentro da terra e chega aos lençóis freáticos, poluindo os rios e a atmosfera.”
Há muitas pessoas que ainda enterram seus animais nos quintais de casa ou mesmo lançam nos rios. Em ambos os casos, é sério o risco de contaminação das águas subterrâneas e superficiais. Clóvis acredita que é preciso ter mais consciência ambiental, especialmente diante das mudanças climáticas. Ele admite, porém, que poucas pessoas conhecem a cremação veterinária, ainda muito restritas no mercado.
O serviço do Amor de Patas prevê a cremação de animais até 120 kg, com opções de cremação individual ou compartilhada. Esta, embora seja mais barata, não permite a separação das cinzas para que o tutor leve em uma urna funerária para casa. Os preços variam de acordo com o peso do pet, mas partem de R$ 350, a compartilhada, e R$ 650, a individualizada, para pets até 10 kg.
*Nathália Fontes, estagiária sob supervisão do editor Wendell Guiducci
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