A Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg) publicou o Relatório de Registros Mercantis de 2023. Em Juiz de Fora, foram abertas 2.351 empresas no ano, enquanto 1.528 foram fechadas, sendo a quarta cidade de todo o estado com os maiores números, atrás apenas de Belo Horizonte (21.948 abertas e 11.355 fechadas), Uberlândia (5.116 abertas e 2.999 fechadas) e Contagem (2.968 abertas e 1.867 fechadas). Pelo registrado até o momento neste ano de 2024, até o dia 16 de janeiro, Juiz de Fora se mantém na quarta colocação, com 92 empresas constituídas, e caiu para quinta em empresas desfeitas, com 47.
De acordo com Wilson Rotatori, professor da Faculdade de Economia da UFJF, algumas “coisas” dependem mesmo dos municípios. “Por exemplo, em Juiz de Fora tem uma Sala do Empreendedor, com a qual a Prefeitura procurou otimizar esses processos. Então a gente acaba tendo alguns pontos específicos no município que podem acelerar a abertura de novas empresas.”
Todas as regiões mineiras tiveram uma alta na abertura de empresas em 2023, em comparação com 2022. Porém, a Zona da Mata foi a que teve o pior crescimento dentre todas as dez regiões do estado. No último ano, foram criadas 6.859 empresas, 4,77% a mais do que em 2022 (6.547). Enquanto isso, o Jequitinhonha/Mucuri teve a maior alta proporcional, de 18,45%. A abertura de empresas cresceu 12,85% no Triângulo; 12,02% no Norte de Minas; 11,89% no Noroeste; 11,26% na região Central; 11,16% no Alto Paranaíba; 10,18% no Sul de Minas; 9,26% no Rio Doce; e 6,81% no Centro-Oeste.
Mesmo figurando entre os maiores números totais, o crescimento na abertura de empresas de Juiz de Fora foi de 2,5%, menor até mesmo do que o da região. Para efeito de comparação, em Teófilo Otoni, cidade no topo da região mais bem colocada, a abertura de empresas cresceu 26,1%, de um ano para o outro.
As cidades mais bem posicionadas na criação de empresas na Zona da Mata, após a primeira colocação, foram Ubá e Muriaé, ambas com 376, mas ainda com uma queda com relação a 2022, quando foram abertas 387 e 382, respectivamente. Ou seja, a taxa de abertura chegou a cair 2,8% e 1,5%. A abertura em Viçosa passou de 313 em 2022 para 361 em 2023, aumentando 15,3%, comparando-se às melhores regiões neste quesito. Completa as cinco primeiras a cidade de Manhuaçu, com 351, variando positivamente 10,3%.
Desalinhamento
De acordo com Aloísio Vasconcelos, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora (ACE-JF), também representando regionalmente a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas), o movimento não é fora do esperado. Ele faz a avaliação de que a região de Juiz de Fora possui muitos atrativos para a implantação de novos negócios, por ser bem servida de rodovias, em qualidade de vida e educação, mas haveria um desalinhamento do Governo municipal com o estadual. Além disso, a região, que antes perdia para outros estados, agora perde para o próprio, segundo ele.
“A gente acompanha isso a nível estadual. Tem grandes empresas se instalando em outras regiões, e nós não temos uma grande empresa se instalando em Juiz de Fora, trabalhamos mais para pequenas. Só que uma grande empresa gera muito mais emprego e renda, que reflete mais no comércio.” Ele cita a construção suspensa da multinacional de embalagens Ardagh Group como uma grande preocupação, e relata: “Em 40 anos, nunca vi uma disponibilidade tão grande de imóveis comerciais para alugar”.
Apesar disso, é possível superar, pelo volume, a abertura de uma empresa grande, segundo Wilson Rotatori. “Se tiver muitas pequenas empresas abrindo, com poucas vagas de trabalho, pode ter esse patamar superado. Claro que a abertura de empresas com uma grande quantidade de empregos é relevante, mas pode ser uma dinâmica da própria cidade. É um ponto que, às vezes, depende da estrutura da própria região.”