Durante a abertura do 3º Seminário Nacional do Comitê de Projeções e Estimativas Demográficas (CPED), o economista e presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, destacou a necessidade de se discutir as implicações que a mudança na composição brasileira podem trazer. Uma delas é a queda no número de nascimentos e o envelhecimento da população. A abertura do seminário aconteceu na tarde desta segunda-feira (30) no Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento segue até quarta (1º de novembro), reunindo pesquisadores para tratar sobre o tema “Censo 2022 e os desafios para a produção de estimativas e projeções demográficas”.
Conforme o presidente do IBGE, à medida que está sendo divulgado, o Censo 2022 revela determinadas características da população brasileira que servem como subsídios para a execução de políticas públicas. Uma delas, por exemplo, está relacionada à queda de natalidade que vem sendo registrada no Brasil. Reportagem publicada pela Tribuna nesse domingo (29) mostrou que Juiz de Fora está entre as dez cidades brasileiras, com mais de cem mil habitantes, com os menores percentuais de crianças em relação ao número de moradores. Enquanto a população de crianças demonstra redução em comparação com o Censo de 2010, a de idosos vem crescendo.
Uma das implicações citadas por Pochmann diz respeito à formação de estudantes. “Se menos crianças estão nascendo, a pressão sobre a educação básica é enorme. E, no nosso caso, no Brasil, há uma opção de vários prefeitos em fechar escolas. O Brasil é um dos países que mais tem fechado escolas, porque há uma redução no número de alunos. Cabe aqui perguntar: será que é a melhor decisão? Será que haveria espaço para melhorar a qualidade do ensino? São questões que o próprio Censo vai trazer e nos exigem uma reflexão”, diz.
Dificuldades para o Censo
Durante o evento, o presidente do IBGE ainda falou sobre as dificuldades para realização do Censo, que chegou à sua 13ª edição. O primeiro foi realizado em 1872, sendo que, na época, eram utilizados dados obtidos de forma indireta, como por igrejas ou delegacias. Com o surgimento do IBGE na década de 1930, estimulado pela Constituição de 1934, foi possível levantar dados mais próximos da realidade brasileira.
Desde o primeiro, o Censo demográfico só não foi realizado nos anos de 1880, 1910 e 1930, de acordo com Pochmann, por conta de impasses políticos na época. A 13ª edição seria realizada em 2020, mas devido à pandemia da Covid-19 e ao corte orçamentário ocorrido em 2021, foi adiado. Como destacado pelo presidente do IBGE, pela primeira vez, houve uma intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF) para viabilizar o Censo. Em 2021, o STF determinou que a União adotasse as medidas administrativas e legislativas necessárias para realização do estudo demográfico. “Hoje nós podemos reconhecer que os servidores do IBGE são recepcionados nas casas de cada um dos brasileiros. Não é pouca coisa e isso é o resultado da credibilidade de um órgão que, não obstante as suas dificuldades, propõe servir o melhor aos brasileiros”, aponta.
Além do presidente do IBGE, a abertura do seminário também contou com a presença do coordenador do CPED, Járvis Campos, da vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, Luciana Conceição de Lima, e do reitor da UFJF, Marcus David.