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13º salário injeta mais de R$ 376 mi em Juiz de Fora

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Pelo menos R$ 376 milhões devem ser injetados na economia juiz-forana com o pagamento do 13º salário aos trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). O número representa R$ 22 milhões a mais que o valor estimado no ano passado, de R$ 354 milhões. O prazo para pagamento da primeira parcela do benefício, aos trabalhadores da inciativa privada, se encerra essa semana, já que a data legal prevista para o depósito é 30 de novembro. Os servidores municipais e estaduais, por outro lado, ainda não contam com uma previsão de quando devem receber o abono.

O pagamento do benefício é tido como “injeção na economia”, trazendo boas expectativas a diferentes setores. De acordo com a professora de Economia do Centro Universitário Estácio de Juiz de Fora, Márcia Mota, o depósito do 13º representa um momento de aquecimento. “O trabalhador recebe do empregador e vai ao mercado para poder utilizar o abono em prol das suas necessidades. Esse dinheiro retorna para a economia e, com isso, ela está circulando e gerando mais renda e emprego advindos do aumento do consumo nesse momento.”

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O setor do comércio é um dos principais beneficiados com o pagamento do 13º. Ao abono soma-se, ainda, o pagamento de até R$ 500 por conta ativa ou inativa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), trazendo boas expectativas, avalia o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL-JF), Marcos Casarin. Para ele, a época entre a Black Friday e o Natal é a melhor do ano para o setor. “A grande maioria [dos trabalhadores] acaba acertando sua conta e, naturalmente, ele volta a consumir mais. O 13º movimenta toda a economia nacional”, destaca Casarin.

A perspectiva positiva também se reflete no setor industrial que, mesmo indiretamente, sente os reflexos do fomento econômico, de acordo com o presidente da Fiemg Regional Zona da Mata, Aurélio Marangon Sobrinho. “Nós vemos o pessoal do comércio mais entusiasmado porque, para o comércio, [o retorno] é imediato, e a indústria é reposição de estoque”, explica. “O comércio vende produto que a indústria fabrica, então é uma cadeia. O dinheiro que é colocado na economia estimula o comércio e, indiretamente, estimula também a indústria. Qualquer valor que seja inserido na economia tem um reflexo positivo na indústria.”

Cálculo

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A estimativa do valor injetado em Juiz de Fora foi calculada considerando o número de empregos formais em 31 de dezembro de 2018 (144.196), obtidos pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério da Economia, somados a flutuação do emprego formal, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), cujo saldo foi de 3.194 em outubro de 2019. O total (147.390), multiplicado à remuneração média de empregos formais (R$ 2.551,21), leva ao montante de R$ 376.022.841,90.

Maioria pretende quitar dívidas, aponta pesquisa

De acordo com levantamento da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), a maioria dos mineiros (46,4%) pretende utilizar o 13º para quitar dívidas. A segunda opção dos entrevistados é aplicar o recurso ou guardá-lo para os compromissos em janeiro (15,7%). Pensando no Natal, apenas 9,8% dos consumidores pretendem utilizar o benefício para as compras de final de ano. Este último fator sofreu queda significativa em relação a 2018, quando 18% tinham a intenção de adquirir produtos no Natal.

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No Brasil, os consumidores possuem hábito de realizar compras a longo prazo, desta forma, quitar as dívidas auxilia a realização de novos investimentos, segundo a professora de Economia Márcia Mota. “Quanto mais caro o bem, mais os brasileiros utilizam de crédito para esse consumo. Para a aquisição, ele precisa ‘estar com o nome limpo’. Normalmente, nessa época de final de ano, a prioridade das pessoas é quitar as dívidas, porque o nome pode estar negativado ou porque aquele valor corrompe boa parte do orçamento, e elas não conseguem ter fôlego para uma vida financeira saudável.”

A principal escolha dos mineiros para utilização do abono é, inclusive, a mais aconselhável para que 2020 tenha qualidade financeira, de acordo com a especialista. “Uma pessoa tem o projeto de reformar o apartamento, trocar o mobiliário de casa ou trocar de carro. Uma vez que ela quitou a dívida, consegue novo crédito e é capaz de se planejar com o valor de prestação, para ter uma vida financeira saudável no próximo ano. A pretensão do consumidor é ter novos consumos, mas, primeiro, é preciso ter crédito para isso”, exemplifica.

Servidores públicos sem previsão para recebimento do benefício

Os servidores municipais e estaduais passam por um impasse quanto ao recebimento do 13º salário. À Tribuna, a Prefeitura de Juiz de Fora, por meio da Secretaria da Fazenda, informou que “está trabalhando para definir a data e a forma de pagamento”. Cerca de 14 mil servidores da administração direta, do Museu Mariano Procópio (Mapro) e da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) aguardam o pagamento do benefício.

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Já a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag-MG) explicou que o Governo mineiro ainda não fechou o valor da folha de pagamento do benefício. Baseando-se na folha de outubro de 2019, 7.021 servidores em exercício estão lotados em Juiz de Fora, recebendo mais de R$ 28 milhões. Além disso, o Estado conta com 5.355 cargos de servidores aposentados residentes no município, somando mais R$ 26 milhões também tendo por base outubro. Os dados repassados pela Seplag-MG não contemplam a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.

Aposentados e pensionistas

Os aposentados e pensionistas receberam a primeira parcela do abono entre 26 de agosto e 6 de setembro. O pagamento da segunda parte teve início na última segunda-feira (25) e segue até 6 de dezembro. De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em todo o país, 35,2 milhões de beneficiários recebem a gratificação, injetando cerca de R$ 67,3 bilhões na economia nacional.

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