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Exportações crescem 40% em Juiz de Fora

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A desvalorização do real, uma constante ao longo do ano, encareceu produtos importados e refez planos de viagem para férias no exterior, mas representou a chance de a indústria aumentar o coeficiente de exportação e ganhar espaço no mercado externo. Juiz de Fora parece que aproveitou essa oportunidade, com aumento de 40% no valor exportado, que passou de US$ 61,2 milhões em 2014 para US$ 85,8 milhões este ano. Já as importações apresentaram queda de 16,69%, reduzindo o valor de US$ 632,8 milhões para US$ 527,2 milhões no mesmo período avaliado. Os dados referem-se ao acumulado do ano até novembro e foram computados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento. A balança juiz-forana mantém a tradição e apresenta déficit de US$ 441,3 milhões.

Na pauta exportadora, os bens intermediários representam 73,93% da movimentação. O grupo é constituído, em sua maioria, por insumos industriais (73,30%) seguido por alimentos e bebidas (0,63%). Os bens de capital correspondem a 25,80%, e os bens de consumo, 0,27%. Os principais países de destino são, na ordem, África do Sul (42%), Argentina (11,5%), Colômbia (9,53%) e Estados Unidos (8,35%). O zinco é o recordista de exportação (47,29%). Com menor participação, estão instrumentos e aparelhos para medicina, cirurgia, odontologia e veterinária (16,87%), fio-máquina (9%) e veículos automotores para transporte de mercadorias (8,88%).

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Câmbio

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A analista de Comércio Exterior da Fiemg Regional Zona da Mata, Maria Fernanda Quirino, avalia que o crescimento de 40% nas exportações representa “um cenário muito interessante” para Juiz de Fora. Ela considera que, depois de conviver com aquecimento do mercado interno e todo um direcionamento da indústria para atendê-lo, os empresários foram surpreendidos com a crise e com a supervalorização do câmbio. Nesta mudança de rota, as exportações apareceram como uma importante alternativa de negócios. A analista observa, no entanto, que ganhar o mercado externo requer cultura exportadora, planejamento, produção adequada a este fim e localização de clientes em potencial. “Não é um processo rápido”, dimensiona.

Na Fiemg, houve aumento da procura por orientação e pesquisa de mercado, com o objetivo de estimular negócios mundo afora. “Tenho visto mais empresas interessadas em buscar o mercado externo. Ficar preso a um só mercado deixa o negócio muito vulnerável”, explica a analista. Maria Fernanda avalia, no entanto, que as negociações, tradicionalmente burocráticas, estão agravadas pelos efeitos da crise de credibilidade no exterior. “Quem está importando fica ainda mais exigente.” Na análise da pauta exportadora, ela identifica novos itens, com participação ainda tímida, como produtos metalúrgicos e itens de vestuário. “É uma reação.” A queda de 16,69% nas importações é atribuída ao encarecimento dos importados e a consequente redução no consumo destes produtos.

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Indústria planeja ampliar vendas em 12 meses

Pesquisa divulgada esta semana (dia 16 de dezembro) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), atesta que a indústria brasileira aposta nas exportações para driblar o cenário de queda na demanda doméstica. De acordo com o levantamento, 57% das empresas que exportaram este ano pretendem elevar as vendas para o exterior nos próximos 12 meses, o que também é estimulado pela desvalorização do Real frente ao dólar. Das que pretendem exportar, 42% acreditam que as exportações vão aumentar a participação em seu faturamento bruto. Outras 45% esperam estabilidade e 12%, queda.

“Em um cenário de queda na demanda doméstica, o aumento das exportações é uma saída para as empresas. É preciso mobilizar todos os instrumentos que facilitem esse processo, do combate à burocracia à eliminação do viés anti exportação das políticas domésticas. As empresas precisam de um ambiente mais favorável e que priorize uma atividade com tamanho potencial de gerar empregos”, afirma o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.

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A CNI identificou, ainda, que a desvalorização da moeda está estimulando as empresas a substituírem a utilização de insumos importados por similares nacionais. O número de empresas que usam matéria-prima ou insumos importados caiu de 50% para 39% desde 2009. Entre as empresas que utilizam, 23% pretendem reduzir o uso nos próximos 12 meses. Nos setores de máquinas, aparelhos e materiais elétricos e de automóveis o percentual dos que pretendem reduzir é maior do que nos outros setores – 37% e 35%, respectivamente.

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