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Coworking reduz custos em até 70%

Olavo Prazeres
As sócias Maria Fernanda e Fernanda ainda enfrentam dificuldade em estabelecer a cultura de coworking em Juiz de Fora (Foto: Olavo Prazeres)
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Muito comum em capitais do Brasil como Rio de Janeiro e São Paulo, o coworking chegou a Juiz de Fora em 2014 e tem ganhado mais adeptos. Este tipo de modelo de negócio permite que profissionais de diferentes áreas compartilhem o mesmo ambiente de trabalho, uma alternativa que tem se mostrado atrativa no atual cenário de crise. O compartilhamento de salas ou escritórios permite redução de até 70% dos custos, se comparado o gasto com instalação de uma sede própria. Em linhas gerais, no coworking, o profissional paga uma mensalidade e tem acesso à sala ou escritório, internet, equipamentos, sala de reunião, banheiro, serviços de recepção, copa e faxina. Além da economia, quem optou por este modelo aponta as vantagens do network e da geração de conhecimento. Apesar disso, esta cultura ainda é nova na cidade e enfrenta desafios para a consolidação.

A 3255 Coworking foi o primeiro espaço a realizar este tipo de negócio. “O projeto surgiu para promover o empreendedorismo em Juiz de Fora. Depois de um concurso de ideias feito pelo Iespe (Instituto Educacional São Pedro), percebemos que os empreendedores não tinham apoio para dar continuidade ao trabalho. Pensando nisso, o Walbet Vianna, sócio do Iespe, teve a iniciativa de criar o primeiro coworking da cidade e convidar aqueles profissionais para serem coworker”, relembra o coordenador André Medina. Quase dois anos após a criação, o local reúne 20 empreendedores de Juiz de Fora, Rio de Janeiro e Belo Horizonte que atuam em áreas de tecnologia, gestão, programação, educação, design, consultoria, e-commerce, arquitetura, comunicação, corretagem, dentre outros. “Para nós, o coworking também oferece a vantagem da redução dos gastos, pois manter uma estrutura como esta é caro”, explica Walbet.

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Na avaliação dos gestores, esta cultura ainda está acontecendo na cidade. “Quando começamos, as dificuldades eram maiores porque poucos conheciam. É algo que vem avançando, mas ainda hoje percebemos que a procura por escritórios exclusivos na nossa sede é bem maior do que as salas compartilhadas”, relata André. Para ele, a cidade é atrativa ao desenvolvimento da iniciativa. “Nós geramos mão de obra qualificada que, na maioria das vezes, não fica aqui. Com os espaços de coworking e o desenvolvimento do ecossistema empreendedor, estes profissionais podem criar o próprio negócio e gerar emprego. É uma oportunidade de se desenvolver na própria cidade.” Neste sentido, eles consideram a concorrência necessária. “A criação de outros espaços ajuda a difundir a cultura do coworking”, diz Walbet.

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Economia criativa

Recém-criado em Juiz de Fora, o coworking Complexo Casa se apresenta como um espaço colaborativo criativo. Idealizado pelas sócias Maria Fernanda Manna e Fernanda Teixeira, o local além de oferecer a infraestrutura de coworking costuma realizar atividades culturais como seminários, shows e feiras. “Em São Paulo e no Rio, estes espaços estão em alta. Nós trouxemos a ideia para cá e queremos nos consolidar. Nossa proposta é oferecer um ambiente de trabalho diferenciado, que permite a interação e a troca entre quem está aqui.” No local, há o chamado “mesão” com dez cadeiras e divisórias, onde atuam profissionais das áreas de design e comunicação. Também há salas fixas, que estão ocupadas com estúdio de tatuagem e agência de publicidade, além de um showroom de escritório de roupas.

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Para Maria Fernanda, a dificuldade em estabelecer a cultura do coworking na cidade ainda existe. “Muitas pessoas ainda nos veem apenas como um espaço recreativo, que realiza atividades culturais. No início, tivemos dificuldade de mostrar que somos um ambiente para trabalho, mas isto está mudando. Nós acreditamos que este tipo de iniciativa tem espaço no mercado local.”

Espaço físico é o principal custo

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A arquiteta e sócia do Plano A Studio, Francielly Senra, teve exatamente a trajetória citada por André. “Assim que me formei, eu e meu sócio decidimos montar um escritório. Começamos trabalhando em casa, mas nos prejudicava, pois não tínhamos horários determinados e nem a possibilidade de receber os clientes. Nós chegamos a procurar salas, mas o valor do aluguel era muito puxado, foi assim que optamos por trabalhar como coworker.” Segundo ela, o valor cobrado no aluguel era o dobro da mensalidade paga no coworking . “Se contabilizarmos os custos com internet, faxina, luz e água, a economia é ainda maior.” A estimativa é que a redução chegue até 70% neste modelo de negócio. Ela e o sócio compartilham um escritório com duas engenheiras no coworking Mosaico. “É uma oportunidade de troca, já fizemos projetos juntos”, diz. “Aqui temos espaço para nos reunir com clientes, o que traz mais credibilidade, e não nos preocupamos com aluguel e administração do espaço, como seria se tivéssemos o nosso escritório próprio.”

Especialista em coworking, Fernando Botura explica que o espaço físico de uma empresa representa os principais custos do negócio.”Quando se pensa em locação, geralmente, se coloca no papel apenas o aluguel e o condomínio, deixando de lado gastos como IPTU, seguro fiança, seguro obrigatório do escritório, materiais de consumo, luz, manutenção, telefonia, internet e suporte”, elenca. Ele alerta, no entanto, que antes de se instalar, é preciso verificar se o espaço atende as necessidades do negócio e comporta a possibilidade de crescimento. “É preciso muito cuidado na hora de definir, caso contrário, o que seria um benefício se tornará um desqualificador de mercado. Pontos como estrutura e localização devem ser avaliados.”

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