Um dia após o Natal, os juiz-foranos foram às ruas para trocar os presentes que não se enquadraram em suas especificidades ou que não os deixaram satisfeitos. Mesmo sem apontar dados, representantes do comércio local avaliam as vendas natalinas de forma positiva e esperam que o movimento para troca de produtos seja uma oportunidade para fidelização de novos clientes, bem como realização de novas vendas. Com a proximidade do Ano Novo, consumidores aproveitam para trocar os presentes por itens a serem utilizados na próxima comemoração.
Na loja Lumman Calçados, localizada na Rua Marechal Deodoro, o movimento para trocas de produtos teve início logo nas primeiras horas da manhã e seguiu durante toda a quinta-feira (26), de acordo com o gerente Gleidston Gomes Gonçalves. Para a equipe da loja, foi repassado que “a troca é oportunidade de uma nova venda”. “Com o bom atendimento, nós fidelizamos um cliente e fazemos uma nova venda. Hoje, tivemos bastante disso, conseguimos aproveitar as trocas que vieram convertendo em mais vendas”, aponta Gleidston.
De acordo com o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Marcos Casarin, as trocas de presentes devem seguir, em Juiz de Fora, até a próxima segunda-feira (30). O movimento é visto como positivo para os lojistas, reforçando a questão de fidelização. “Apesar de o lojista não ser obrigado a trocar, só quando o produto está com defeito, é um diferencial da loja. De 20% a 30% dos clientes também compram alguma coisa a mais. Para comprar, basta estar na loja”, brinca Casarin. “Ao trocar um produto que custa R$ 100 por um de R$150, isso incrementa a venda.”
Pegando carona nas trocas de presentes, muitos consumidores aproveitam para adquirir produtos para o Ano Novo, no caso, especialmente peças de vestuário na cor branca. Na loja Outlet dps, na Rua Barão de São João Nepomuceno, o movimento foi intenso durante o dia, sendo que muitos clientes procuraram adquirir itens para o Réveillon, segundo a vendedora Indianara Faião. “A procura por roupa branca, agora, é muito maior, aí as pessoas acabam vindo direcionadas. Como já ganharam o presente e não gostaram, aproveitam e trocam.”
O mesmo ocorreu na loja Caricatura, também na Rua São João. De acordo com a gerente do estabelecimento, Roberta Ribeiro, além da oportunidade de a loja realizar outras vendas durante a troca, muitos consumidores optam por adquirir peças para utilizar na virada de ano, trazendo boas expectativas para os próximos dias. “Nós atendemos também muita gente de fora, que está aqui visitando os parentes e é fidelizado com a marca”, diz. “Às vezes, a pessoa não ganhou uma peça direcionada para a festa de final de ano e acaba optando, na hora da troca, por produtos que têm essa característica.”
Vendas de Natal
De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), as vendas de Natal nos shoppings cresceram 9,5% em 2019 em relação ao ano anterior. Cerca de R$ 37 bilhões foram injetados na economia do país. O levantamento reuniu dados de 30 mil pontos de vendas, representando 400 empresas de varejo. Entre os produtos mais procurados durante o período de Natal estão itens de moda masculina (58%), brinquedos (40%), perfumes e cosméticos (34%), calçados (32%), acessórios de moda (25%), celulares e smartphones (17%), livros (11%), vale presente (9%), joias e bijuterias (9%) e eletrônicos e eletrodomésticos (9%).
Sem apontar números locais, o presidente da CDL, Marcos Casarin, acredita que as vendas de Natal deste ano “superaram a expectativa”. Além do 13º salário e da liberação do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o representante dos lojistas aponta a autoestima do consumidor com principal fator para o saldo positivo de vendas. “A perspectiva de crescimento melhora a autoestima. O principal sintoma é o emprego: melhorando o emprego, automaticamente melhora a confiança para comprar.”
Segundo o presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti, ainda não houve levantamento do balanço das vendas natalinas, justamente pelo intenso movimento nas lojas com a troca de produtos. Entretanto, a perspectiva é que o comércio nos últimos dias apresentou desempenho positivo. “Se nós alcançarmos os 3% a 5% que estávamos esperando já estaremos satisfeitos. Nós esperamos que, em janeiro, o comércio procure manter pelo menos 30% do efetivo daqueles que entraram temporariamente, porque isso acaba empregando mais pessoas”, aponta.