Após dois anos de operações realizadas em parceria com a VoePass, a Gol Linhas Aéreas volta a utilizar, a partir deste domingo (26), aviões da própria companhia na ligação entre o Aeroporto Regional da Zona da Mata, localizado entre as cidades de Goianá e Rio Novo, e o Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo. Os voos, que até então eram executados pelo turboélice ATR 72-600, com capacidade para 68 passageiros, passam a ser realizados pelo jato Boeing 737-8 Max, considerado o maior e mais moderno avião da empresa, comportando até 186 passageiros em classe única.
A mudança mais que dobra a oferta de assentos por voo. Considerando a disponibilidade semanal de assentos, a alta chega a 64% da aérea no Regional. O uso do jato também irá possibilitar a retomada do transporte aéreo de cargas expressas da subsidiária Gollog no terminal, conforme informações do gerente de Relações Governamentais da companhia, Ciro Camargo, em entrevista à Tribuna. O executivo esteve em Juiz de Fora no dia 15 de março e visitou a redação.
Na visão do gerente, a alteração das aeronaves acontece em momento oportuno e favorece o público-alvo do voo. “Nós acreditamos que essa troca de aeronaves é muito promissora. Por meio de pesquisas, identificamos que, aqui em Juiz de Fora, a grande maioria dos passageiros que utiliza o transporte aéreo é do mundo dos negócios. Ou seja, são executivos, profissionais liberais e empresários, que geralmente fazem seus negócios na cidade de São Paulo e nas principais capitais do país. Desta forma, eles precisam de deslocamento rápido e com horário compatível com suas atividades.”
Além da mudança de equipamento utilizado na rota aérea, a companhia também optou por realizar ajuste nos horários do voo em questão. “Com essa mudança, nossos passageiros conseguem chegar em São Paulo, ou nas diversas cidades da Zona da Mata, em pleno horário bancário, podendo assim resolver seus negócios naquela mesma tarde. Além disso, com o jato, a viagem se torna mais rápida, encurtando 20 minutos do tempo total de voo”, assegura.
Frentes de conquista de mercado
Os voos, que possuem seis frequências semanais entre domingo a sexta-feira, têm decolagem de Congonhas prevista para 11h40, com pouso no Aeroporto Regional às 12h50. Já na volta, a decolagem do Regional acontece às 13h30, com pouso previsto no aeroporto paulistano às 14h45.
Ainda que a companhia realize operações no terminal desde março de 2015, quando disponibilizava um extinto voo noturno para o Aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, a retomada das operações próprias é considerada uma das principais apostas da Gol para 2023, conforme revela Camargo.
“Na atual política de retomada econômica da empresa, diante dos efeitos da pandemia e da Guerra da Ucrânia, a Gol elegeu algumas frentes de conquista de mercado. A nossa meta, portanto, é trabalhar com polos regionais que estavam negligenciados no ponto de vista da oferta de rotas e de capacidade. Sendo assim, posso afirmar que um dos lugares em que nós mais podemos ter êxito hoje é em Juiz de Fora”, justifica.
Transporte de cargas alavancado
Com a alteração dos aviões utilizados pela companhia no Regional, a capacidade de transporte de cargas na rota da Gol até Congonhas será ampliada em quase seis vezes, tendo em vista que o atual equipamento, o ATR 72-600, carrega apenas 1,4 tonelada de carga aérea, incluindo as bagagens dos passageiros.
Já com o Boeing 737-8 Max, que possui compartimentos dedicados para o transporte de volumes aéreos, a capacidade total de transporte de carga chega a aproximadamente 8,4 toneladas. “Além disso, como o nosso principal público é composto por passageiros do perfil executivo, que praticamente não carregam bagagem despachada quando viajam, a tendência é que tenhamos mais espaço ainda para as cargas, que são sempre muito bem-vindas nessa operação para o Aeroporto Regional.
Com a mudança, também queremos alavancar a operação da nossa subsidiária de cargas, a Gollog, em Juiz de Fora e na região da Zona da Mata”, ressalta Camargo.
Infraestrutura do aeroporto é elogiada
Questionado sobre as motivações da companhia na decisão pelo Aeroporto Regional, Camargo avalia que a estrutura do terminal é adequada e favorável aos requisitos operacionais da empresa. “No Regional, além de contarmos com a segunda maior pista de pousos e decolagens de todo o estado de Minas Gerais, com 2.525 metros de comprimento, temos um belíssimo terminal de passageiros e com plena capacidade para uma futura expansão. Quando pensamos na importância do transporte aéreo regional, em um país com dimensões continentais, temos a avaliação de que, mesmo diante de uma precariedade histórica na infraestrutura de muitos aeroportos, com pistas muito rústicas, existem aeroportos regionais que são mais adequados para nossa aviação como um todo, vide o próprio Zona da Mata”, avalia.
Já para o superintendente do Aeroporto Regional, Flávio Santos, a mudança significa um importante avanço para a mobilidade aérea da Zona da Mata. “Além de favorecer o desenvolvimento econômico para a região, a atualização do equipamento permite o fomento a outras modalidades de turismo – pela otimização do tempo de viagem e pela maior oferta de assentos. Em 2022, o aumento da movimentação de passageiros no Aeroporto Regional foi de cerca de 160% em relação ao ano anterior.
O número é resultado da significativa ampliação da malha aérea – por meio das três principais companhias do cenário nacional – e da capacidade operacional do aeroporto, apto a atender com tranquilidade aeronaves dos modelos Boeing 737 e Airbus A320. Nossa concessionária continuará trabalhando para atrair novas e melhores opções de conectividade a partir da Zona da Mata mineira”, avalia.
Em nota divulgada à imprensa, o secretário de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade (Sedic), Ignacio Delgado, ressaltou que a ampliação da capacidade da companhia “é muito positiva para a economia da região como um todo, de maneira a contribuir com conexões com o mercado nacional e internacional”, ressaltou.