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JF tem o melhor fevereiro para o emprego formal desde 2004

foto ilustrativa de empregos: carteira de trabalho ctps

Mais de 6,5 mil empresas foram abertas em Juiz de Fora no ano de 2022; em contrapartida, 3.103 negócios foram fechados no período

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Dentre cerca de 26 mil postos de trabalho com carteira assinada gerados no Estado de Minas Gerais em fevereiro último, 668 foram criados em Juiz de Fora, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), publicado, nesta segunda-feira (25), pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho. Depois de contabilizar 5.258 contratações e 4.590 demissões, Juiz de Fora registrou o melhor saldo da série histórica, iniciada em 2004. Melhor marca juiz-forana até então, fevereiro de 2006 encerrou-se com 577 admissões. Em 2019, os setores de construção civil, indústria de transformação e serviços alavancaram os empregos.

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O movimento local destes segmentos acompanhou os dados apontados em âmbito estadual. De 26.016 postos criados em Minas Gerais, os segmentos de serviços, indústria de transformação e construção civil assinalaram saldo de, respectivamente, 14.691, 5.860 e 4.248 empregos gerados. Em Juiz de Fora, os números são de 580, 82 e 58, nesta ordem. Historicamente, esses setores são, de fato, responsáveis pela abertura de postos de trabalho no município; em fevereiro de 2006, a exemplo, o balanço das atividades ligadas a serviços, indústria de transformação e construção civil foi de 465, 87 e 55 vagas criadas.

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Professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernando Perobelli, embora considere o resultado positivo, pondera-o como esperado. “Juiz de Fora se caracteriza como um município puxado pelo setor de serviços. Não me surpreende o resultado. O que traz um resultado positivo é o movimento da construção civil, atividade econômica diretamente relacionada à renda e recuperação de crédito.” Perobelli, contudo, destaca a necessidade de haver regularidade na evolução de emprego no segmento da construção civil. De janeiro a fevereiro, o setor acumula superávit de 151 postos de trabalho; nos 12 últimos meses, entretanto, há perda de 25 vagas. “Quando queremos observar alguma tendência de recuperação, olhamos para a construção civil. É um setor que tem transversalidade, isto é, que compra e vende de outros segmentos.”

Quinta colocação em Minas
Dentre as unidades federativas, Minas só abriu menos vagas que o Estado de São Paulo, que registrou saldo positivo de 68.339 postos. Isoladamente, Belo Horizonte liderou a geração de emprego em fevereiro, com mais de oito mil vagas. Os municípios de Nova Serrana, com 1.536 registros; Contagem, com 1.108; e Uberlândia, com 1.105, também criaram mais postos do que Juiz de Fora. É o melhor desempenho do Estado de Minas Gerais em fevereiro desde 2011. À época, 36.053 postos foram criados, o melhor índice da série histórica iniciada em 2004. Já no Brasil, 173.139 empregos foram criados, melhor desempenho nacional desde 2015. Os setores de serviços, com 112.412; indústria de transformação, com 33.472; e administração pública, com 11.935, registraram os maiores saldos empregatícios. A construção civil, logo atrás, gerou 11.097 postos.

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Tradição do segmento de serviços

Desde 2004, nos três fevereiros de melhor desempenho do mercado de trabalho em Juiz de Fora – 2004, 2006 e 2010 -, o setor de serviços apenas deixou de liderar a geração de postos de trabalho em 2010, quando foi destaque a indústria de transformação. “Não podemos esquecer que Juiz de Fora é um pólo para quase 1,5 milhão de habitantes”, ressalta o presidente do Sindicato do Comércio (Sindicomércio) de Juiz de Fora, Emerson Beloti. “A evolução do setor de serviços se dá muito em parte à falta de empregabilidade. Juiz de Fora é uma cidade voltada ao setor de serviços. Ingredientes como a exigência de menos capital para o varejo e o atacado, além de diferentes cargas tributárias e agentes cobradores, explicam o sucesso do setor.”

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Para Fernando Perobelli, o desempenho do segmento de serviços é vinculado aos demais, uma vez que subsidia a atuação em outros ramos. “Serviços como intermediação financeira, transporte, comerciais, advocatícios etc. aumentam se crescem atividades econômicas em outros setores. Explicaria o setor de serviços como derivado de uma variação positiva nos outros. Como é um segmento, na média, que emprega mais mão de obra do que a indústria tecnológica, há um impacto maior.”

Paralelamente, o segmento de comércio – varejo e atacado – encerrou postos de trabalho, sobretudo, no primeiro semestre. Em fevereiro último, o saldo da atividade foi de 34 vagas fechadas; em 2006, não muito diferente, o déficit foi de 24. “O primeiro semestre costuma ser pior para o varejo e atacado. Nos últimos anos, estão muito parecidos. Estamos, normalmente, passando um primeiro semestre sofrido e um segundo apenas respirando”, diz Beloti.

Na série histórica de fevereiro, apenas em 2008 os comerciantes admitiram mais do que demitiram: 28 funcionários. “O varejo sente várias situações. A carga tributária é diferente daquela do segmento de serviços. Enquanto o setor de serviços paga ISS à Prefeitura, o comércio, tanto o varejo quanto o atacado, paga ICMS, cuja carga tributária é completamente diferente. A desmotivação do varejo é em razão das cargas trabalhista e tributária”, explica o presidente do Sindicato do Comércio (Sindicomércio) de Juiz de Fora, Emerson Beloti.

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Nível alto de confiança empresarial

Apurado mensalmente pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o Índice de Confiança do Empresariado Industrial (Icei) alcançou 63,5 pontos – em escala de 0 a 100 – em fevereiro último, cuja medição pondera as condições do cenário macroeconômico, bem como as perspectivas do empresariado. Para Matheus Sant’Ana, analista de negócios da Regional Zona da Mata da Fiemg, apesar de a taxa deixar ainda de refletir no faturamento da indústria, a geração de empregos, em Juiz de Fora, da indústria de transformação e da construção civil, é um índice da confiança empresarial. “Embora esteja oscilando nos últimos 12 meses, a confiança do industrial mineiro tem permanecido em grande parte acima de 50 pontos. Alguns movimentos, como a geração de empregos, retratam alta confiança. Se há uma previsão de aumento de renda, o empregador entende que consegue gerar mais emprego para atender ao aumento da produção.” Já em março, contudo, o Icei recuou para 60,7 pontos.

Para Perobelli, ainda que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tenha enfrentado redução de popularidade nos primeiros meses de mandato, há boas perspectivas sobre o desenvolvimento econômico. “Fevereiro é um mês de compasso de espera, em que se cria expectativas. Por outro lado, passamos por um fevereiro diferente daquele de 2018. Estamos ainda sob efeito de uma perspectiva positiva sobre o Governo federal. Em termos de conjuntura política, há uma grande diferença. Em fevereiro do último ano, por exemplo, estávamos em grande crise econômica. Não havia expectativas de grandes reformas até dezembro.” Reformas como a da Previdência, além de reestruturações paralelas, conforme o economista, são importantes para motivar investimentos públicos.

Em fevereiro, a indústria de transformação juiz-forana registrou saldo de 58 admissões, ao passo que a construção civil fechou o mês com o superávit de 82 vagas. “Se consolidarmos os dados de janeiro e fevereiro de 2019, observando os subsetores da indústria de transformação, as indústrias têxtil, de alimentação e bebida, e metalúrgica geraram mais empregos em Juiz de Fora”, detalha Sant’Ana. Em contrapartida, em consonância com Perobelli, o analista destaca o potencial multiplicador da construção civil. “Quando cresce, a construção civil tem a capacidade de trazer a reboque diversos setores, contribuindo para o desenvolvimento econômico. Quando um canteiro de obras é instalado, por exemplo, há aumento de serviços de alimentação, de faturamento de indústrias que fabricam blocos e cimentos, de metalúrgicas que produzem vergalhões, etc.”

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