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Comércio e serviços apostam em aumento do consumo em JF

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A terceira matéria das série “Perspectivas 2020” traz os anseios e os desafios dos setores de comércio e serviços, principais motores da economia juiz-forana, responsáveis por empregarem 110.465 trabalhadores e movimentarem em torno de R$ 267 milhões em salários por mês. Ao longo do ano passado, Juiz de Fora recebeu novos negócios, sobretudo, nas áreas supermercadista, farmacêutica e hospitalar. Apesar disso, ainda é cedo para se falar em retomada do crescimento. Com os altos índices de desemprego e endividamento das famílias, o consumo segue comprometido. Só na cidade há cerca de 110 mil pessoas inadimplentes, segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-JF). Por isso, o principal desejo destes segmentos para o ano é ver o retorno dos consumidores ao mercado.
O presidente da CDL-JF, Marcos Casarin, destaca que, para o crescimento do comércio, é preciso que a população volte a consumir. No entanto, isto só será possível quando os níveis de desemprego e inadimplência reduzirem. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país possui 11,9 milhões de desempregados e outros 24,6 milhões trabalhando na informalidade. Os dados da Serasa Experian revelam que há mais de 63 milhões de brasileiros inadimplentes.

“O consumidor ainda não tem segurança para comprar. No ano passado, tivemos medidas de incentivo ao consumo, como a liberação dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e a redução dos juros, que trouxeram impactos positivos, mas são ações pontuais”, avalia Casarin. “Para conseguirmos um resultado consistente é preciso aumentar a geração de emprego e renda.”

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A lógica cabe também ao setor de serviços. “É por meio da recuperação da economia que a demanda por produtos e serviços vai aumentar. O consumidor precisa se sentir mais confiante para consumir”, analisa o presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti. A entidade representa parte do setor de serviços.

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Segundo ele, a expectativa é que 2020 seja um ano melhor. “Sabemos que voltar a crescer é demorado e, para isso acontecer, é necessária uma mudança estrutural, que passa pela reforma tributária. Os encargos para as empresas no Brasil são muito altos e isto prejudica a geração de empregos. O funcionário custa caro para o patrão, não por causa do salário que ele recebe, mas por conta dos tributos que são cobrados.” De acordo com os dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), referentes a 2018, o salário médio pago pelo comércio em Juiz de Fora é de R$ 1.596,17. Para o setor de serviços é de R$ 2.794,91.

Para mercado, consumidor ainda não tem segurança para ir às ruas. Expectativa dos empresários é por mudanças estruturais, capazes de incentivar a criação de emprego e renda (Foto: Fernando Priamo)

Reformas

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O economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Guilherme Almeida, explica que o cenário econômico deste ano pode favorecer o crescimento dos setores, caso algumas medidas sejam concretizadas. A reforma tributária se mostra a mais urgente. “Após flertar com o risco de recessão no segundo semestre do ano passado, o Brasil dá sinais de um crescimento mais consistente em 2020. A projeção da União é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 2,32%. A expectativa pelas reformas tributária e administrativa contribui para essa projeção positiva.”

Ele ressalta os impactos de alguns indicadores econômicos. “A taxa Selic reduziu, a inflação se comportou abaixo do centro da meta (4,25%) e o país recuperou 644 mil empregos formais no ano passado. Mas, para que 2020 supere 2019, é preciso avançar nas reformas. Só com a adequação de questões estruturais e a diminuição da carga tributária, o país terá um ambiente capaz de reverter o crescimento tímido e os desinvestimentos nos últimos anos.”

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Outback está entre as marcas que chegam a JF

Para atrair o interesse dos consumidores, o Independência Shopping tem trabalhado na prospecção de novos negócios, tanto no setor de comércio quanto de serviços, e na realização de eventos variados. “O ano passado foi desafiador, mas nos surpreendeu positivamente. Trouxemos novidades e isso refletiu em um fluxo maior de pessoas no shopping. O consumo ainda foi um pouco tímido, mas acreditamos que este ano será melhor. Nós teremos boas atrações para o público”, afirma a superintendente Giseli Leal.

Além da loja Adcos Cosméticos, que já foi inaugurada, o Independência Shopping se prepara para receber uma unidade da bandeira “Express” do supermercado Bahamas, em abril. Para a Páscoa está prevista a inauguração da cafeteria Relicário. Na lista de novidades ainda estão o restaurante Outback Steakhouse, pela primeira vez na cidade, e a instalação de uma clínica de vacinas. “Nossas expectativas são muito positivas para este ano, esperamos alcançar melhores resultados e agradar o nosso público, que inclui em sua maior parte os próprios moradores de Juiz de Fora. Também recebemos pessoas de outras cidades, e queremos atrair, cada vez mais, novas visitas.”

Supermercado

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A maior rede juiz-forana de supermercados pretende continuar crescendo em 2020. A princípio, estão previstos R$ 100 milhões em investimentos para a abertura de, pelo menos, dez novas lojas, na Zona da Mata, no Triângulo Mineiro e no Sul de Minas. “A instalação no Shopping Independência é, para o Bahamas, a efetivação de um namoro antigo que agora se concretiza em função do surgimento da bandeira Express, que possibilita este tipo de implantação. Estamos bastante otimistas com mais esta parceria”, declarou o presidente do grupo, Jovino Campos.

Shoppings da cidade apostam na prospecção de novos negócios para ampliar oferta e atratividade aos consumidores (Foto: Fernando Priamo)

Zona Norte está na rota de investimentos

Com uma população superior a cem mil habitantes, a Zona Norte de Juiz de Fora segue na rota dos investidores. A região tem atraído diferentes negócios comerciais e, também, do setor de serviços nos últimos anos. Um dos investimentos mais recentes é o Moinho Center JK, localizado no Bairro Francisco Bernardino. O empreendimento é formado por um conjunto de prédios que totalizam, aproximadamente, 30 mil metros quadrados de área construída. O espaço está sendo estruturado para funcionar com quatro eixos: comércio, saúde, educação e moradia.

De acordo com informações da assessoria do empreendimento, na área de educação serão oferecidos auditório, salas de aula e coworking dedicado ao empreendedorismo de impacto social. O espaço destinado aos serviços de saúde será direcionado à instalação de clínicas médicas de diferentes especialidades e odontológicas, operadoras de saúde, laboratórios de análises clínicas, centros de diagnóstico por imagem e academia de ginástica. Com relação ao comércio, o núcleo irá abrigar lojas e espaços para lazer e entretenimento. “A ativação desses espaços será feita de maneira gradual, a partir de 2020, com base na experimentação, na oferta e na procura”, informou a assessoria.

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Shopping

Há três anos atuando na região, a aposta do Shopping Jardim Norte é continuar investindo na atração de novos negócios e eventos. “Em breve, abriremos a primeira filial do Mr. Tugas e uma unidade do Picanha, Pimenta e Pinga (PPP). Também temos contratos assinados com a livraria Leitura, a loja Hot’n Tender e a joalheria Vivara”, adianta a superintendente Amanda Ribeiro. “Nossa expectativa para este ano é entregar novidades e trazer marcas que irão movimentar não só o Jardim Norte, mas a economia local.”

No ano passado, o trabalho de prospecção e os investimentos trouxeram bons resultados. “Foram mais de 30 novos contratos, sendo que dois deles são marcas inéditas como a rede de pet shop Cobasi e a Casa & Video, que retorna a Juiz de Fora. Além disso, recebemos marcas locais consolidadas, como o Bar do Totonho”, relembra. “Isto contribuiu para o crescimento de 65% das vendas e 40% do fluxo de veículos em 2019.”

Na avaliação de Amanda, o mercado está em constante mudança. “O desafio do nosso segmento é conseguir se reinventar a todo momento. Por mais que exista um planejamento, precisamos acompanhar os desejos dos clientes e, claro, estar preparados para a oscilação econômica.” Segundo ela, o Jardim Norte está confiante no cenário que está se estabelecendo em 2020. “Estamos otimistas com os movimentos que a economia vem apresentando. Esse crescimento é importante para que o mercado ganhe mais confiança e, assim, invista mais. Além disso, melhorando a taxa de desemprego poderemos ter mais pessoas ativas no mercado de consumo. Para nós já está havendo uma movimentação de novos investidores no mercado de varejo e, com isso, o Jardim Norte está se tornando cada vez mais uma ótima oportunidade de negócio.”

(Foto: Fernando Priamo)

Serviços alavancam empregabilidade

A expectativa é que a chegada de novos empreendimentos possa contribuir para a geração de emprego e renda na cidade. Atualmente, o setor de serviços tem sido o principal responsável pela empregabilidade local. Em 2019 criou 1.986 postos de trabalho. O número ainda é inferior ao registro de 2011, quando o setor atingiu o ápice com a criação de 5.800 vagas, mas traz fôlego após as perdas registradas entre 2015 e 2017.

Na avaliação do presidente do Sindicomércio-JF, Emerson Beloti, o setor de serviços local viveu dois movimentos diferentes. “Vimos o crescimento do setor sendo favorecido pelo empreendedorismo diante do aumento do desemprego. É o caso daquele trabalhador que perdeu o emprego e aproveitou o dinheiro da rescisão para se tornar prestador de serviços. É uma atividade mais barata e fácil para começar, em comparação com a abertura de uma loja, por exemplo”, analisa. “Estes negócios deram certo e começaram a contratar mão de obra em menor escala.”

O segundo movimento, de acordo com Beloti, é referente aos segmentos de saúde e educação. “O Sindicomércio não representa estas duas áreas, mas sabemos que a cidade é referência nestas questões. São atividades que demandam grandes investimentos e abrem um número muito maior de contratações.” Como exemplo, ele cita a instalação recente do Hospital Unimed Juiz de Fora.

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Empregos diretos

Fruto de investimento de R$ 130 milhões, o Hospital Unimed Juiz de Fora foi inaugurado em fevereiro do ano passado e, até o momento, gerou 750 empregos diretos. “A ativação tem sido gradativa, e o funcionamento em regime hospital-dia já oferece cirurgias agendadas, internação 24 horas, Unidade de Terapia Intensiva avançada, centro de diagnóstico por imagem, laboratório de análises clínicas, centro de oncologia integrada e infusões”, informou a assessoria. A expectativa é que o número de postos de trabalho chegue a 900 com o pleno funcionamento da unidade.

Este ano, o hospital deve iniciar o trabalho de prontoatendimento. “Além da ativação de novos serviços e planos para públicos especiais, a Unimed Juiz de Fora irá lançar, no Salvaterra, uma moderna torre comercial anexa ao hospital. A proposta é concentrar negócios e serviços que proporcionem conforto e praticidade a pacientes e familiares, em especial que chegam de cidades da região.” A previsão é que o lançamento ocorra neste primeiro semestre.

Ainda sem os resultados referentes a 2019, a Unimed espera crescimento de 13% da receita ante 2018 e acredita que 2020 também será um bom ano. “A nossa estabilidade financeira é fruto de uma gestão profissional, da cultura de integridade que desenvolvemos na cooperativa. Em 2020, o compromisso é permanecer como exemplo de seriedade e sucesso na saúde. Esse é o plano”, declarou o presidente Hugo Borges.

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