Juiz de Fora fechou 2017 com menos 811 empregos com carteira assinada. O resultado é o terceiro pior do estado, só perdendo para Belo Horizonte (-3.099) e Betim (-919). Só em dezembro, foram eliminados 1.055 empregos formais, resultado de 3.462 contratações e 4.517 demissões. Foi o pior mês do ano em termos de empregabilidade na cidade.
Os dados constam do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta sexta-feira (26) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Na comparação com 2016, o cenário apresenta melhora. O resultado em dezembro daquele ano apresenta déficit ainda maior (-1.108), assim como a performance em todo 2016 (-3.475).
O resultado de dezembro deste ano interrompe um ciclo de cinco meses com resultado positivo na cidade, sendo quatro consecutivos. Novembro foi o melhor mês para o mercado de trabalho juiz-forano, com a criação de 577 empregos com carteira assinada. A curva ascendente foi verificada em agosto (361), setembro (411) e outubro (57). Abril ficou fora curva, quando foram criadas 464 vagas formais. Em todos os outros meses, o quadro foi de retração: janeiro (-541), fevereiro (-391), março (-410), maio (-133), junho (-37) e julho (-254).
Dentre os setores produtivos, todos os oito segmentos mapeados pelo MTE apresentaram performance negativa em dezembro. Os serviços tiveram maior retração (-639), seguido por indústria da transformação (-263), construção civil (-107) e comércio (-24).
Indústria tem desempenho positivo no ano
Na análise do desempenho no ano, apenas a indústria da transformação apresentou resultado positivo, com a criação de 197 postos de trabalho. Nos serviços, houve extinção de 556 empregos formais, seguido por comércio (-180) e construção civil (-117). O economista Antônio Flávio Luca do Nascimento avalia que o resultado da cidade reflete um movimento nacional. Na sua opinião, dezembro tem se mostrado um mês de retração de postos, já que, em 2016, também foi o pior mês daquele ano em termos de empregabilidade.
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Em função disso, avalia que as novas regras da reforma trabalhista podem ter impactado o cenário este ano, mas não o justificam. O economista prefere acreditar nos reflexos da recessão que assolou a cidade, a exemplo do país, especialmente em 2015 e 2016. Sobre o desempenho positivo da indústria no resultado do ano, o economista destaca a necessidade de o setor investir para atender as demandas de final de ano, especialmente a partir do segundo semestre, resultando em contratações, especialmente as temporárias.
Para o economista, que acompanha o desempenho do Caged mês a mês, os períodos que apresentaram saldo positivo e, principalmente, o melhor desempenho na comparação com igual período de 2016, demonstram que há uma sinalização de recuperação, mesmo lenta. Os efeitos da recessão, no entanto, ainda são presentes e impactam os números finais. Na avaliação de Antônio Flávio, a reversão do quadro depende de uma política macroeconômica mais estável, em termos econômicos, que estimule investimentos, resultando na efetiva criação de empregos.
Tendência nacional
Procurada, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur), por meio de sua assessoria, avalia que, em dezembro, a geração líquida de empregos formais de Juiz de Fora acompanhou o movimento observado no mercado de trabalho nacional, inclusive registrando maior número de desligamentos nos setores da indústria de transformação e dos serviços.
Entretanto, observa a pasta, quando comparado com o saldo anual de empregos acumulado nos últimos dois anos, de -3.806 (2015) e -3.475 (2016), respectivamente, “observa-se claramente uma tendência de recuperação”. Diz ainda que a Prefeitura, através da Sedettur, trabalha na atração de investimentos produtivos, geradores de emprego e renda na cidade, bem como no apoio às empresas já instaladas.
No país, perda supera 20 mil vagas
O Brasil fechou 20.832 vagas de trabalho formal em 2017. O número representa redução de 0,05% em relação ao estoque de 2016. Esse foi o terceiro ano consecutivo de saldo negativo. Em 2015, houve queda de 1.534.989 vagas. Para o Ministério do Trabalho, o resultado de 2017 significa estabilidade do emprego no país. “É um resultado que veio dentro das expectativas. Todas as estimativas apontavam para algo próximo da estabilidade no emprego”, avaliou o coordenador-geral de Estatística, Mário Magalhães.
De acordo com os dados, as contratações, no ano passado, totalizaram 14.635.899, e as demissões, 14.656.731. Apenas em dezembro, 328.539 postos de trabalho formal foram fechados, queda de 0,85% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Trabalho intermitente
Os números do Caged 2017 já incluem contratos firmados sob novas modalidades previstas na reforma trabalhista, como a jornada parcial e a jornada intermitente. Foram, ao todo, 2.851 admissões para trabalho intermitente no mês de dezembro e 227 desligamentos, com resultado positivo de 2.624. Em relação ao trabalho parcial, foram 2.328 admissões e 3.332 desligamentos no mesmo período, resultando em déficit de 1.004 empregos. O MTE não divulgou números locais relacionados a estas duas modalidades.