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Etanol ganha competitividade em Minas; em JF, paridade ainda é entrave

ETANOL CAPA Felipe Couri
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Nos últimos dias, o etanol vem ganhando maior competitividade nos postos de combustíveis de Minas Gerais. Na mais recente pesquisa semanal realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o etanol mostrou-se como uma opção mais econômica em relação à gasolina comum no estado. No levantamento, feito entre os dias 16 e 22 de julho, o preço médio do litro de etanol em Minas foi estimado em R$ 3,68, enquanto o preço médio do litro da gasolina comum observado foi de R$ 5,33. Isso implica em uma paridade de 69% entre os preços praticados nas bombas para os dois combustíveis.

O cenário torna o etanol mais competitivo, uma vez que, segundo a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), a conta para identificar qual combustível tem o melhor preço e custo-benefício no momento do abastecimento é feita com base no consumo médio. Em geral, um veículo abastecido com etanol rende, em média, 30% a menos do que se estivesse rodando com gasolina comum. Portanto, para compensar no bolso do consumidor, o preço do etanol na bomba deve ser inferior a 70% do cobrado pelo litro da gasolina.

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Juiz de Fora ainda não conseguiu chegar à média estadual da paridade etanol x gasolina, que hoje está abaixo dos 70% (Foto: Felipe Couri)

Terceiro maior preço do estado

A paridade favorável à competitividade do etanol no preço médio do estado ainda não se refletiu nas bombas dos postos de Juiz de Fora. Na cidade, conforme o mesmo levantamento da ANP, realizado entre os dias 16 e 22, o preço médio do litro do etanol é de R$ 4,15, e o preço médio do litro da gasolina comum, de R$ 5,52. Isso implica uma paridade de 75%, mais favorável à utilização da gasolina. Contudo, como o cenário dos preços dos combustíveis tem grande volatilidade, uma boa dica é, ao abastecer, sempre verificar o percentual da paridade entre os preços dos combustíveis em cada posto.

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Presidente da Siamig, Mário Campos avalia que não há uma razão específica para a situação observada na cidade. “O combustível que é vendido em Juiz de Fora tem o mesmo tributo federal, o mesmo tributo estadual do que o combustível que é vendido em Belo Horizonte, Montes Claros, no Sul de Minas. O preço é o mesmo também. É um mercado comunicante. Então, podem existir diferenças de logísticas, mas não explica essa diferença toda, que pode estar relacionada a uma questão de repasse da queda dos preços por parte das companhias distribuidoras e dos postos revendedores. O fato é que a gente tem visto, em outras regiões do estado, essa redução de preço que nós tivemos no produtor”, afirma.

Tendência

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Segundo ele, no entanto, a depender da tendência desenhada nos últimos meses, a probabilidade é de que o etanol fique mais competitivo nos postos de gasolina de Juiz de Fora, assim como já acontece em outras cidades do estado. “É uma tendência.” Mário Campos aponta ainda que há uma demanda de mercado reprimida. “Estamos com uma safra grande, com a produção aumentando, não só em Minas Gerais, mas em São Paulo e no Centro-Oeste. Esse produto tem que ser vendido. Minas já chegou a consumir 300 milhões de litros por mês de etanol hidratado. Agora, no último mês que nós temos dados, maio, foram 120 milhões de litros apenas.”

Em levantamento feito pela Tribuna, Juiz de Fora tem o terceiro maior preço médio do litro do etanol entre as 58 cidades mineiras em que são realizadas as pesquisas da ANP. No último levantamento, realizado na semana passada, o preço médio do litro do combustível na cidade foi de R$ 4,15, abaixo apenas dos valores observados em Itabira (R$ 4,24) e Viçosa (R$ 4,20). No caso da gasolina comum, a cidade tem o 18º maior preço médio do combustível, entre os 58 municípios que recebem as pesquisas da ANP. Essa combinação faz com que Juiz de Fora computasse, na última mensuração, o maior percentual de paridade entre o preço médio do litro dos dois combustíveis em todo o estado: 75%.

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Há mais de um ano, gasolina tem melhor custo-benefício

A última vez e que a paridade entre o preço médio do litro do etanol e o preço médio do litro da gasolina comum em Juiz de Fora ficou abaixo dos 70% na pesquisa semanal da ANP foi observada há pouco mais de um ano, no levantamento realizado entre os dias 3 e 9 de julho de 2022. Para saber qual a paridade, basta dividir o preço do litro do etanol pelo preço do litro da gasolina. Se o resultado ficar abaixo de 0,7, o etanol apresenta o melhor custo-benefício; acima de 0,7, a gasolina surge como opção, em tese, mais econômica.

Em Juiz de Fora, no entanto, não é necessário fazer a conta. Isso porque uma legislação municipal determina que os postos de combustíveis em funcionamento na cidade são obrigados a exibir, por meio de cartazes ou similares, “de forma clara e ostensiva”, informações diárias sobre a diferença percentual entre os preços do litro da gasolina e do etanol. A lei está em vigor desde maio de 2020 e prevê multa de até R$ 1 mil para estabelecimentos que desrespeitarem a exigência.

Frota

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De acordo com a Siamig, no entanto, especialistas enfatizam que o etanol pode se manter competitivo, mesmo quando a paridade com a gasolina ultrapassa 70%, fator que pode variar de acordo com o veículo em que é utilizado. “É importante ressaltar que a regra dos 70% não é uma medida absoluta e pode não se aplicar a todos os veículos”, afirma Mário Campos. Ainda segundo a agência, atualmente, 85% da frota circulante de veículos no Brasil é flex e pode ser abastecida tanto com etanol como com gasolina.

Preços têm menor patamar do ano e cenário favorável

De acordo com o presidente da Siamig, o preço do etanol nas bombas atinge o seu menor patamar durante o ano. Ele ainda destaca que o indicador Cepea/Esalq, aferido pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP), aponta uma queda de 25% no preço do etanol no produtor desde abril, início da safra 2023/24.

Ainda de acordo com informações da Siamig, Minas Gerais se prepara para colher uma safra recorde de cana-de-açúcar. “Serão esmagadas pelo menos 72,5 milhões de toneladas na safra 2023/24, um volume que supera em 6% as 68,1 milhões de toneladas processadas no período anterior. O maior volume já processado no Estado foi registrado em 2020/21, com 70,8 milhões de toneladas de cana esmagadas”, afirma a agência.

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A Siamig ainda projeta um aumento na produção de etanol na safra 2023/24, com previsão de fabricação de 3,06 bilhões de litros, superando em 6% os 2,89 bilhões de litros produzidos na safra 2022/23. Destaca-se o etanol hidratado, com uma estimativa de aumento de 14% na produção, atingindo 1,8 bilhão de litros.

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