Juiz de Fora criou 1.927 vagas de empregos formais no primeiro semestre deste ano, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta quinta-feira (25). O saldo é resultado das 28.878 admissões ante as 26.951 demissões feitas no período. Com a criação das vagas, a cidade alcançou o melhor desempenho para o intervalo de janeiro a junho dos últimos seis anos – no primeiro semestre de 2013 foram abertas 1.954 vagas. O setor de serviços foi o principal responsável por aquecer o mercado local, gerando 2.033 novos postos de trabalho.
Na avaliação de especialistas, o resultado positivo é um sinal de avanço e traz otimismo para empregadores e empregados. No entanto, ainda é cedo para falar em retomada da economia. “Fechar o primeiro semestre criando oportunidades é bom, pois historicamente trata-se de um período mais fraco em comparação com o segundo semestre. Esses números trazem uma boa expectativa, de crescimento maior para os próximos meses”, analisa o economista Antônio Flávio Lucca do Nascimento. “Mas ainda não podemos comemorar, pois o desemprego atinge milhões de brasileiros e a inadimplência segue alta, o que prejudica a retomada das vendas do comércio e, consequentemente, a recuperação da indústria.”
Na análise setorial, também apresentaram saldos positivos a construção civil (178), a indústria (77) e a agropecuária (5). O comércio foi o que apresentou o pior desempenho, fechando 355 postos de trabalho. “A economia segue a passos lentos e tem um longo caminho para a retomada. O comércio sente diretamente o impacto desta realidade. Se há muitas pessoas desempregadas e endividadas, há queda do consumo”, explica Antônio Flávio.
Por outro lado, o cenário tem sido favorável à expansão dos serviços, que assumiu o protagonismo deste primeiro semestre. “O mercado de trabalho mudou nos últimos anos e tornou este setor ainda mais abrangente. Quando falamos em serviços, englobamos desde os serviços técnicos até outros mais complexos, das áreas de saúde e tecnologia”, destaca o economista. “Com o alto índice de desemprego, acompanhamos muitas pessoas que decidiram abrir o próprio negócio e passaram, também, a criar algumas oportunidades no mercado. Esta é uma área mais simples e que demanda menor custo para investir, quando comparada à indústria ou comércio, por exemplo.” Em Juiz de Fora, ele destaca o crescimento dos segmentos de beleza, saúde, eventos, alimentação e startups.
Variação mensal
Só em junho, Juiz de Fora criou 233 vagas. Este foi o terceiro mês consecutivo com saldo positivo de empregos. Em abril, a cidade viveu o melhor desempenho com a criação de 1.031 oportunidades e, em maio, registrou a abertura de 327. Antes disso, viveu uma oscilação. Começou o ano perdendo 365 postos de trabalho em janeiro, mas se recuperou com a criação de 668 em fevereiro. Já no mês de março voltou a amargar a perda de 78 vagas.
Perfil das vagas
O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Bruno Ottoni, destaca que, além de um número insuficiente para recuperar o alto índice de desemprego no país, as vagas criadas estão concentradas em atividades que oferecem menor remuneração. “A maior parte destas oportunidades é direcionada para o público mais jovem, com faixa etária entre 18 e 24 anos, e ensino médio de escolaridade. São empregos que pagam menos e, por isso, não conseguem reverter a situação atual do mercado.”
Ottoni explica que a geração de empregos no país este ano deve ficar semelhante a do ano passado. “Quando avaliamos os resultados nacionais, vemos que os números estão muito parecidos neste primeiro semestre. A tendência é que o mesmo ocorra no segundo. Isto não é tão positivo, pois os índices de 2018 não foram satisfatórios. Ainda é cedo para falarmos em retomada.”
Sedeta destaca perspectiva positiva da economia
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta) destaca o crescimento de 189,7% na geração de empregos formais em Juiz de Fora no primeiro semestre deste ano ante igual período de 2018. “O resultado acompanha a tendência nacional, que reflete a expectativa positiva do crescimento da economia observada no final do ano passado, em função, principalmente, da mudança de Governo”, avaliou, por nota.
A Sedeta destacou, ainda, o desempenho do setor de serviços em Juiz de Fora, em Minas Gerais e no Brasil, intensivo em mão de obra e que “responde mais rápido às expectativas de mercado”. A avaliação é que a queda das estimativas de crescimento do PIB nacional em 2019, de 2,6% em janeiro para 0,85% em junho, conforme o relatório Focus, do Banco Central, pode ter prejudicado um crescimento semestral ainda maior. “A expectativa é que a aprovação das reformas da Previdência e Tributária possa recuperar o crescimento do PIB nos próximos anos, influenciando, desta forma, o nível de investimento, bem como a geração de emprego e renda no país.”
Minas Gerais
Em seis meses, foram abertas 89 mil vagas formais em Minas. Das 27 unidades da federação, 19 alcançaram variação favorável. Ainda conforme o Caged, o Estado ficou com quase 20% das vagas no setor da construção civil em todo o país. A marca alcançada – de 2.439 empregos – representa, nos últimos seis meses, um acumulado de 14.364 novas colocações no setor. Os dados comparativos divulgados pelo Ministério da Economia mostram que o Estado dobrou o número de vagas abertas na construção civil em comparação com o mês de maio, quando foram registrados 1.197 novos postos.
No país foram criadas 408.500 vagas neste primeiro semestre, sendo que, deste total, 48.436 foram abertas no mês de junho. Já no primeiro semestre de 2018, o número de empregos criados foi de 392.461. O saldo de junho do ano passado ficou negativo em 661 oportunidades.