Por enquanto – e por enquanto mesmo – os apreciadores de cerveja artesanal podem ficar tranquilos. A Tribuna abordou alguns dos produtores locais para saber como anda o abastecimento das cervejarias com a paralisação dos caminhoneiros, que já dura cinco dias, e poderia afetar o fornecimento de insumos para a fabricação da bebida.
No Mr Tugas, tem cerveja e pizza garantidas até o fim do próximo feriado (que começa na quinta, dia 31). Mas segundo o proprietário do estabelecimento, Hugo Siqueira, se insumos como malte, lúpulo e ingredientes diversos para pizza não forem entregues na semana que vem, o funcionamento da casa pode ter prejuízos. “Ainda não sofremos impacto, mas tanto a produção de pizza quanto a de cerveja certamente serão prejudicadas se não houver entrega na semana que vem, porque quase tudo vem de fora.”
O mesmo acontece no Grizas, que por enquanto segue com funcionamento normal. “Estamos tranquilos porque temos, no momento, um estoque seguro de insumos e uma quantidade boa de cerveja pronta. Fomos afetados pelo cancelamento do Aerofest, do qual participaríamos e já havíamos investido para isso”, diz João Pedro Grizendi, sócio do local.
Em nota, a Golem informou que a produção de chope não foi afetada. “Nosso estoque regulador está em níveis aceitáveis.” A casa inclusive fará um evento teste para a Copa do Mundo na tarde de sábado (26). No Barbante, o funcionamento durante este fim de semana está garantido, mas se não houver fornecimento dos insumos para a cerveja e de gás, a semana que vem pode ficar comprometida. “Estamos trabalhando com o estoque que tínhamos no início da semana, que nos garante no fim de semana. O principal é o gás, que é a granel e vem de caminhão, mas os ingredientes para a cerveja também são uma preocupação. Temos que receber isso tudo dos fornecedores até quarta, senão seremos muito afetados”, diz Pedro Peters, proprietário do bar.
Dificuldades em virtude da falta de combustíveis
No São Bartolomeu, já há algumas dificuldades no movimento normal do bar, mas não relacionadas à produção de cerveja neste momento, como relata um dos sócios, Alexandre Vaz. “O principal problema, tanto no bar quanto na cervejaria, é o gás. No bar estamos sendo muito afetados pela falta de alimentos frescos como carne, alface, batata, tomate, mas para o fim de semana estamos tranquilos por enquanto. Outro problema que podemos ter é com o fornecimento de CO2 e O2, gases que usamos na carbonatação do chope, mas agora temos um estoque tranquilo”, relata ele. “A produção até agora não teve problemas, mas ingredientes como malte e lúpulo não chegaram e não há previsão de chegada, o que pode nos prejudicar a partir da semana que vem”, completa ele.
Alexandre destacou outros problemas que atingem o funcionamento do São Bartô, como a falta de combustível na cidade. “Muitos funcionários não têm conseguido chegar ao trabalho ou chegam atrasados, o que é totalmente compreensível, já que tem menos ônibus circulando e falta gasolina. Como também temos uma sede no Rio, não pudemos mandar barris pela transportadora. Fui ao Rio duas vezes para abastecer, o que é um problema com a falta de gasolina”, pontua ele, falando também sobre o cancelamento do Aerofest. “Contratamos pessoas, temos mais de 1.600 pães preparados para o evento, mas podemos resolver isso com uma promoção ou algo assim. Se conseguirmos carne”, ressalta. “Temos autonomia de malte e lúpulo para 15 dias, depois não sei. E também estamos levando barris da cervejaria para o bar de dez em dez, para garantir o abastecimento”, explica.
No Hop bar, a produção de cerveja não foi prejudicada, como explica a proprietária Walquiria de Oliveira Silva, mas outros problemas já prejudicam a casa. “Para a cerveja tenho insumos estocados que dão para um mês. Mas não estamos conseguindo gás e embutidos que vêm de São Paulo. Além disso, tudo que eu comprava no mercado e no hortifruti triplicou de preço e eu não vou alterar o meu, porque não acho justo com os clientes, então é um prejuízo.”