A ceia de Natal dos brasileiros ficou 8% mais cara neste ano em relação a 2023. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o custo médio de uma cesta com dez itens típicos da época subiu para R$ 345,83, um aumento de R$ 24,70 em comparação aos R$ 321,13 registrados no ano passado.
Produtos como aves natalinas, azeite, caixa de bombom, espumante, lombo, panetone, pernil, peru, sidra e tender tem sofrido com a alta do dólar e fatores climáticos que impactam os preços desde setembro deste ano.
As bebidas também tiveram aumento, de 10% conforme pesquisa da Abras. As principais variações de preços vêm dos vinhos importados (+13%), bebidas destiladas (+11%), refrigerante (+10,9%), espumante e cerveja (+10,7%), vinhos nacionais (+9,7%), cerveja premium (+7,8%), sucos (+6,6%).
Arroz, azeite, batata e bacalhau
Um levantamento realizado pela Neogrid, empresa especializada em tecnologia e inteligência, também mostrou que o preço da ceia ficará mais salgado neste ano. A pesquisa, feita entre dezembro de 2023 e outubro de 2024, revelou que as maiores variações de preços ocorreram no azeite de oliva, que passou de R$ 84,86 para R$ 114,00, e no arroz, que registrou um aumento de R$ 10,64 para R$ 13,70 no período. A batata inglesa também teve um reajuste significativo, subindo de R$ 7,37 para R$ 9,08, enquanto o preço do bacalhau passou de R$ 100,94, em 2023, para R$ 123,66 neste ano.
Mudanças climáticas e alta do dólar
Segundo Anna Fercher, coordenadora de Atendimento ao Cliente e Dados Estratégicos da Neogrid, as mudanças climáticas têm gerado uma série de impactos que resultam nesse aumento, começando pela redução das áreas de plantio tomadas pelo fogo. “O fenômeno El Niño, por exemplo, afetou a safra de soja, alimento essencial de animais como os suínos, o que acaba influenciando no preço final de diversos itens.”
Além da questão climática, o economista do Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead), Diogo Santos, ressalta também a alta do dólar como um fator que tem pressionado a cesta básica como um todo. “Principalmente produtos importados, como uva-passa e espumante, apresentaram aumento de preço, visto que temos vivido uma desvalorização do real e isso faz com que tudo o que nós importamos fique mais caro”, explica.
No entanto, a alta recente do dólar, observada no último mês, não deve impactar de imediato o valor da ceia, visto que as encomendas para dezembro já estão feitas. “O que vai ser vendido em dezembro agora já foi comprado. A gente deve começar a sentir os impactos da desvalorização do real daqui três meses, em média.”
Diogo ainda afirma que uma das explicações para alta do preço é o crescimento econômico do país. Pelo segundo ano consecutivo, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou acima de 3%. “Isso não aconteceu na última década, o que gera uma movimentação muito grande na economia, as empresas precisam de mão de obra, há menos pessoas desempregadas e, consequentemente, um aumento da massa salarial.”
Com isso, conforme Diogo, as famílias conseguem consumir mais e melhor, comprando produtos que ficam restritos em período de recessão econômica. “É importante a gente entender que o crescimento dos preços reflete o fato que as pessoas estão podendo consumir mais e melhor”, afirma.
Substituição é a saída
O Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais reitera a alta dos preços estimada pelas instituições. De acordo com a dona de casa Marisa Romanelli, a elevação nos preços foi notada em produtos em geral, mas especialmente naqueles itens que compõem a ceia de Natal.
“As carnes e frutas de Natal estão muito caras, mais do que no ano passado”, comenta Marisa. Para contornar o aumento, ela aponta que a solução será buscar alternativas, como substituir os produtos importados por nacionais e buscar receitas que utilizem ingredientes mais acessíveis.
Veja a lista dos produtos da ceia que tiveram aumento
Estudo feito pela Neogrid entre dezembro de 2023 e outubro de 2024
- Azeite: +34,3%
- Arroz: +28,5%
- Batata inglesa: +23,2%
- Bacalhau: +22,5%
- Frango: +22,2%
- Suco pronto: +16,4%
- Refrigerante: +15%
- Cerveja: +14,4%
- Maionese: +14,3%
- Suíno: +9,8%
- Panetone: +5,4%