A partir desta quinta-feira (25), começa a antecipação do pagamento do décimo terceiro salário aos beneficiários da Previdência Social. No total, 30 milhões de pessoas vão receber o repasse em duas parcelas, em maio e junho, conforme calendário habitual de pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Normalmente pago em agosto e novembro de cada ano, o abono adiantado vai contemplar segurados e dependentes da Previdência Social, que, durante este ano, tenham recebido auxílio por incapacidade temporária, auxílio-acidente, aposentadoria, pensão por morte ou auxílio-reclusão.
De acordo com informações da Agência Brasil, o total movimentado chega a R$ 62,6 bilhões. Dos valores divulgados para cada estado, Minas Gerais responde pelo segundo maior montante – atrás apenas de São Paulo – de R$ 6,9 bilhões, considerando os dois meses de pagamento. O Governo federal avalia que a medida “representa uma injeção significativa de recursos nos mercados locais”.
O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Juiz de Fora (CMDPI-JF) e coordenador jurídico da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Juiz de Fora (AAPI-JF), Rafael Cunha Silvério, avalia que a antecipação é bem-vinda. “Quanto mais cedo essa injeção na economia acontece, mais cedo o mercado se aquece. Além de favorecer o aposentado, estimula-se a economia já no primeiro semestre e sem impacto orçamentário.”
Insuficiente para atender necessidades básicas
O coordenador jurídico pondera, no entanto, que o valor médio dos benefícios, incluindo o décimo terceiro, não é suficiente para os segurados atenderem às suas necessidades básicas. “É importante frisar que a garantia de prioridade que o Estatuto da Pessoa Idosa trata compreende a destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção a esse público. Sendo assim, a antecipação do décimo terceiro ajuda, mas não é suficiente. É necessária a majoração, em todas as esferas de Governo, de investimentos públicos efetivos em prol das demandas da pessoa idosa, principalmente diante do envelhecimento populacional crescente que o país está passando”, ressalta.
Em entrevista à Tribuna, Wilson Rotatori, professor de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), destaca a importância de ordenar os gastos conforme prioridades. Usar o valor recebido para quitar dívidas é recomendado. “Avaliar se há alguma dívida que está pesando – uma com juros muito altos, que não esteja conseguindo pagar. Às vezes, a pessoa está endividada, mas já tem um empréstimo e consegue controlar. Mas tem aquela de curto prazo, como um cartão de crédito. Nesse caso, é importante aproveitar para quitar essa dívida.”
Se não há dívidas e o objetivo é direcionar ao consumo, a orientação é listar o que se quer comprar com o dinheiro. “O importante é não sair comprando sem pensar, mas analisar realmente o que está precisando, não adquirir por impulso. Escrever uma lista com o que necessita, ordenar aquilo que precisa mais e ver o que cabe no orçamento do décimo terceiro.” Por fim, Wilson explica que o terceiro momento aponta mais a um sonho de consumo, como uma viagem.
Já Rafael Cunha Silvério destaca a importância de criar uma reserva de segurança. “Nunca se sabe quando pode ser necessário comprar uma medicação ou passar por algum procedimento de emergência. O aposentado precisa se lembrar das contas de início do ano que virá, como IPTU e IPVA. É necessário se planejar.”