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Gasolina está 15% mais cara em Juiz de Fora

gasolina olavo
Nas bombas, com base em levantamento feito pela ANP no dia 17, juiz-foranos encontram preços que variam de R$ 4,149 a R$ 4,719 (Foto: Olavo Prazeres)
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O juiz-forano está pagando quase 15% a mais pela gasolina neste início de ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. O preço médio observado em janeiro é de R$ 4,436, o que corresponde a 14,9% a mais do que a média verificada no primeiro mês do ano passado (R$ 3,859). É também o maior valor para janeiro desde 2010. Apesar da ligeira queda anunciada pela Petrobras, que começou a valer na terça-feira (23), de 1,4% para a gasolina e de 0,2% para o diesel, o combustível atinge padrões assustadores para o bolso, expandindo os efeitos das altas sucessivas para toda a cadeia de consumo. Conforme a pesquisa mais recente divulgada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro é de R$ 4,436 no mercado local, sendo encontrado de R$ 4,149 a R$ 4,719, de acordo com o posto escolhido. A pesquisa refere-se ao período de 14 a 20 de janeiro, com coleta realizada no dia 17.

Washington Campos trabalha há onze meses como motorista e, nos últimos seis, acompanha, incrédulo, os reajustes frequentes.

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“O combustível aumentou absurdamente. Esses reajustes, quase diários, têm prejudicado muito a gente, não só quem atua como motorista, mas também quem usa o carro para levar o filho para a escola ou para se deslocar para o trabalho.”

Segundo ele, a cada vez que vai ao posto, a gasolina sobe R$ 0,05.”Quando abaixa R$ 0,10, nos dias seguintes aumenta R$ 0,25, R$ 30. É de ficar indignado, revoltado.”

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Já Fabrício da Silva, que também usa o carro regularmente, comenta que tem intensificado a busca por estabelecimentos que ofereçam gasolina de qualidade com melhor preço. “Também tenho evitado andar desnecessariamente.”

O motorista Douglas Neris trabalha com o automóvel e percorre cerca de 140 quilômetros por dia. Antes, gastava cerca de R$ 55 com combustível. Agora, o desembolso varia de R$ 60 a R$ 62 a cada fim de jornada. Segundo ele, desde que o combustível começou a ser reajustado quase que semanalmente, a saída encontrada tem sido pesquisar preços. O posto escolhido por ele cobra R$ 4,10 o litro, inclusive abaixo da média encontrada no mercado local. “O posto fica um pouco distante do Centro, mas, ainda assim, compensa.” A torcida dele é para que, a exemplo do que aconteceu com o botijão de gás, as revisões passem a ser periódicas. “Os aumentos, sentimos de imediato, mas a queda, quando há, passa despercebida”, reclama.

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Mercado já vê litro a R$ 5

Juiz-forano restringe consumo e faz pesquisa de preço antes de encher o tanque (Foto: Olavo Prazeres)

Ao contrário do que aconteceu com os reajuste do gás de cozinha (cujas revisões passam a ser trimestrais), não existe sinalização da Petrobras de, pelo menos por enquanto, mudar a política de preços, em vigor desde julho do ano passado. A atual metodologia adotada permite alterações quase que diárias nas cotações dos combustíveis. A redução mínima, informada pela petroleira no início da semana em comunicado no seu site, não serviu para conter os ânimos do mercado. A preocupação é com a possibilidade de, se continuar nessa escalada, o litro do combustível chegar à casa dos R$ 5. Conforme levantamento feito pelo IBGE, considerando o período de 3 de julho a 28 de dezembro (final da coleta do IPCA de dezembro), foram concedidos 115 reajustes nos preços da gasolina, acumulando um total de 25,49% de aumento.

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) avalia que a forte alta nos valores revendidos nos postos – último e mais visível elo na cadeia de comercialização -, nos últimos seis meses, deve-se a dois fatores: a decisão governamental de aumentar o PIS/COFINS incidente nestes produtos e a mudança na política de preços da Petrobras, ambas em vigor desde julho de 2017. Conforme o IBGE, com a mudança no PIS/Cofins, a alíquota passou de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 por litro da gasolina.

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Além disso, explica o presidente do Minaspetro, Carlos Guimarães Júnior, desde 1º de janeiro, estão em vigor as novas alíquotas do ICMS cobradas sobre a gasolina e o etanol hidratado. O derivado de petróleo passou de 29% para 31% de tributação de ICMS, e o álcool de 14% para 16%. Outra medida que impactou ainda mais o preço do combustível é o valor-base utilizado para a cobrança dos então 31% de ICMS. De acordo com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), o preço-base para a cobrança do ICMS passou de R$ 4,3045 para R$ 4,4203.

Alta da gasolina impacta toda a cadeia e inflação

A professora da Faculdade de Economia da UFJF, Fernanda Finotti, avalia que não só a gasolina, mas também o gás de cozinha foram os principais responsáveis pela inflação em 2017. “O peso no orçamento familiar é grande.” Ela explica que as altas da gasolina impactam tanto a população de baixa renda, que faz uso do transporte público, quanto as pessoas que têm carro próprio.

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A economista destaca que o combustível está na base de custos dos demais produtos, considerando que o modal de transportes usado no país é basicamente o rodoviário. “Não só o custo de produção daquilo que faz uso de energia derivada de petróleo, mas também o custo de transporte de toda a cadeia é impactado.” Conforme Fernanda, o aumento do gás de cozinha vai refletir também no reajuste do salário mínimo que, por sua vez, impacta os salários da economia e, mais uma vez, os custos de produtos e serviços produzidos.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro foi de 0,44%, ficando 0,16 ponto percentual (p.p.) acima do resultado de novembro (0,28%). Essa foi a maior variação mensal de 2017. Os principais impactos individuais no índice do mês, ambos de 0,09 p.p., foram exercidos pelas passagens aéreas, com alta de 22,28%, e pela gasolina, cujo preço do litro ficou, em média, 2,26% mais caro. Juntos, com impacto de 0,18 p.p., os dois itens representaram 41% do IPCA de dezembro. Eles também foram os principais responsáveis para que o grupo transportes apresentasse a maior alta no mês, considerando, ainda, o aumento de 4,37% do etanol, com impacto de 0,04 p.p.

O IPCA acumulado em 2017 foi de 2,95% e ficou 3,34 p.p. abaixo dos 6,29% registrados em 2016. Esse acumulado foi o menor desde 1998 (1,65%). No setor de transportes que detêm 18% do IPCA, peso superado apenas pelos alimentos, os destaques foram: gasolina (10,32%), ônibus intermunicipal (6,84%), emplacamento e licença (4,29%), ônibus urbano (4,04%) e conserto de automóvel (2,66%).

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A respeito da gasolina, avalia o IBGE, está em vigor, desde 3 de julho, a política de preços da Petrobrás que permite que a área técnica de marketing e comercialização reajuste, na refinaria, os preços dos combustíveis, visando acompanhar a taxa de câmbio e as cotações internacionais de petróleo e derivados. Considerando esta data até o dia 28 de dezembro, foram concedidos 115 reajustes nos preços da gasolina, acumulando um total de 25,49% de aumento.

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