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Preço dos alimentos dispara em Juiz de Fora

leite mais caro juiz de fora by fernando priamo
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Leite longa vida foi reajustado em mais de 65%, passando de R$ 2,19 para R$ 3,62 o valor médio do litro, no intervalo de 12 meses (Foto: Fernando Priamo)
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A disparada no preço dos alimentos afeta diretamente o dia a dia dos juiz-foranos. Vários produtos comuns à mesa do consumidor encareceram muito acima da inflação, como é o caso do arroz, feijão, fubá, pão, leite e carne (ver quadro). Nesta lista ainda está o óleo de soja, item que sofreu maior reajuste (107,84%) em um ano, passando de R$ 3,44 para R$ 7,15. As informações foram levantadas pela Tribuna a partir das pesquisas Guia do Consumidor divulgadas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação chegou a 0,64% em setembro, o maior resultado para o mês em 16 anos. Para se ter ideia, em setembro de 2019, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi negativo em 0,04%.

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O IBGE afirma que as altas de preços dos alimentos e dos combustíveis foram as principais responsáveis por elevar o índice inflacionário que, no acumulado de janeiro a setembro, atingiu o percentual de 1,34%. Já no período dos últimos 12 meses, é de 3,14%.

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‘Inflação real’
No entanto, na prática, os impactos para o consumidor são percebidos de forma diferente. Em Juiz de Fora, há alimentos que encareceram mais de 60%. O quilo do acém bovino, por exemplo, tinha valor médio de R$ 14,29 em outubro do ano passado. Em janeiro, passou a custar R$ 19,40. Agora é vendido por R$ 26,93. A alta de preços no acumulado do ano corresponde a quase 39%, enquanto no período de 12 meses é de 88,45%.

A escalada de preços também é observada no arroz, que aumentou mais de 82% em um ano, indo de R$ 11,16 para R$ 20,30. O leite longa vida foi reajustado em mais de 65%, passando de R$ 2,19 para R$ 3,62 no mesmo período avaliado.

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Nesta lista estão, ainda, o fubá que subiu de R$ 1,67 para R$ 2,72, uma alta de quase 63%; e o feijão, que passou de R$ 3,99 para R$ 6,42, o que corresponde ao aumento de quase 61%.

O presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, explica que sempre há diferença entre a inflação oficial e a “real”, aquela percebida na hora das compras.

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Isso ocorre porque o índice da inflação medido pelo IBGE é uma média entre vários itens que compõem a cesta de consumo, que, ao serem adquiridos separadamente, assumem um peso maior. “O impacto da alta dos preços para população é muito maior do que os números oficiais apontam. O que precisamos fazer é ficar atentos com o dinheiro que se ganha e, principalmente, como se gasta.”

Guia do Consumidor
Para a análise, a Tribuna considerou três pesquisas: a mais recente, divulgada no último dia 21; a primeira realizada este ano, no dia 9 de janeiro; e o levantamento do dia 24 de outubro de 2019, para a comparação do período de um ano. O Guia do Consumidor realiza o levantamento de preços nos supermercados da cidade.

Preços pressionam classes mais pobres

A economista e professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Fernanda Finotti afirma, ainda, que a alta de preços também é percebida de forma diferente entre as classes sociais. “As camadas mais pobres estão sendo mais pressionadas, pois os itens que encareceram são aqueles consumidos no dia a dia. Elas não compram o supérfluo e não possuem reserva financeira.”

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A especialista avalia que boa parte deste público está utilizando o auxílio emergencial para manter o sustento das famílias. “Mesmo com a crise econômica, nós temos um aquecimento das vendas para o mercado interno que, neste momento, compete com o externo, pois a desvalorização do Real favorece as exportações. Assim, há uma redução na oferta, responsável por elevar os preços.”

Conforme comparação de preços realizada pela Tribuna, o óleo de soja foi o item que sofreu maior reajuste (107,84%) em um ano, passando de R$ 3,44 para R$ 7,15 a garrafa com 900ml (Foto: Fernando Priamo)

Ela destaca, ainda, o aumento dos combustíveis, o que também interfere nos preços dos alimentos. “Cerca de 60% da nossa produção utiliza o modal rodoviário para escoamento, então, há uma relação direta.”

Apesar da disparada de preços dos alimentos, Fernanda explica que é incorreto dizer que estamos num momento de hiperinflação. “É um conceito que se refere a uma alta generalizada. Não é o cenário que vivemos neste momento.”

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Orientação
Para a economista, o momento exige uma substituição da cesta de consumo. “É deixar de comprar os alimentos que encareceram demais e optar por produtos mais baratos, por enquanto. Infelizmente, não há outra alternativa.”

O presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, concorda. “É preciso repensar o cardápio diário, priorizando produtos que possam se adequar a uma refeição saudável e mais barata. Demanda um pouco de tempo, pesquisa e criatividade, mas é possível.”

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