Depois de 70 anos de atividade no país, a fabricante de calçados femininos Schmidt Irmãos, com sede em Campo Bom (RS), decidiu se mudar de mala e cuia para a Nicarágua. Com 100% da produção exportada para os Estados Unidos e Europa, a empresa transferiu toda a sua linha de produção para a zona franca industrial de Zaratoga, na capital Manágua, onde já operava desde setembro do ano passado. Lá, a empresa exporta sem impostos para os EUA e Europa e ainda fica livre dos efeitos da valorização do real, além de dispor de mão de obra farta e barata.
Nos tempos áureos, a Schmidt Irmãos chegou a ter 21 unidades industriais no Rio Grande do Sul, produzia 4,5 milhões de pares por ano e empregava três mil pessoas. Há um ano começou a encerrar atividades em diversos municípios gaúchos, e fiz um acordo com a Nicarágua, conta o presidente do Sindicato dos Calçadistas de Campo Bom, Vicente Selistre. As informações que nos chegam é de que a empresa vai criar cerca de dois mil postos de trabalho na Nicarágua dentro de dois meses.
Selistre diz que a empresa ainda manteve a sede em Campo Bom, apenas com equipes administrativas e de desenvolvimento de produção. Dos 350 empregados que mantinha na sede, restaram cerca de 200. No início deste mês, os demitidos receberam as verbas indenizatórias no sindicato da categoria.
Já a Calçados Andreza decidiu fechar sua fábrica no município gaúcho de Santa Clara do Sul, no Vale do Taquari. A indústria de propriedade da família Piacini vinha enfrentando dificuldades dede o começo da crise calçadista, há cinco anos, com a escalada valorização do real frente ao dólar.
A data marcada para o fim das atividades é o próximo dia 6 de maio. A decisão causará demissão de 525 trabalhadores, o que corresponde a cerca de 10% da população da cidade (5.600 mil pessoas). Boa parte dos funcionários estava quase se aposentando na empresa, que completou 40 anos este mês, informou o presidente do Sindicato dos Calçadista de Santa Clara do Sul, Natalício Luís da Rosa. Ele acredita que as fábricas de calçados da Beira Rio, instalada há oito meses na cidade, e da Lide podem absorver boa parte dos trabalhadores que foram demitidos.
Líder na produção de índigos e brins na América Latina e uma da três maiores fabricantes do mundo, a Vicunha Têxtil se prepara para desembarcar na Argentina. No início do ano, a empresa anunciou o fechamento de um acordo com o grupo argentino Ullum para iniciar a produção de denim no país vizinho. O grupo argentino possui as fábricas da Tinturaria Ullum, a Têxtil Galícia e a Têxtil Panamá. Além disso, a empresa brasileira firmou um acordo de opção para a compra das fábricas, que vence em 30 de junho, ressalta o diretor financeiro da Vicunha, José Maurício D’Isep.