Durante o mês de março, a Rádio Transamérica realiza uma série de entrevistas com empreendedoras da cidade. Dessa vez, Grace Brito, coordenadora geral do Instituto Gastronômico das Américas (IGA), que é a maior rede de institutos culinários do mundo, com mais de 140 escolas, conta como o interesse em trabalhar na área de restaurantes e bebidas surgiu, e também como tem percebido a presença feminina nesse setor. Para ela, as mulheres estão “buscando transformação” ao escolher essa área.
A trajetória de Grace começou anos antes, no curso de Turismo. Ela considera que essa experiência abriu muitas portas, porque é possível “abordar vários segmentos da economia” ao longo do curso, que também tem uma grande adaptabilidade em várias áreas. “Minha mãe trabalha em um restaurante, então essa parte de alimentos e bebidas está dentro de casa. Eu trabalhei um bom tempo em agência de viagens, e a agência não era de Juiz de Fora, e quando fiz esse retorno tive que me reinventar. Passei a pensar sobre o que gosto de fazer, que é a área de alimentos, bebidas e eventos, e acabei indo pra essa área”, conta.
O setor de gastronomia, em sua visão, ainda tem a maioria das referências em homens – apesar de, em muitos casos, eles terem aprendido muito com as mulheres de suas famílias. “Quando falamos de gastronomia, sempre lembramos de gostar da comida da avó ou da comida que a mãe faz em casa, então existia essa referência só que sem o conhecimento técnico”, explica. Trazer o embasamento teórico para essas mulheres é algo que ela valoriza em sua profissão, principalmente por ter percebido como possuir referência de mulheres, ao longo de sua trajetória, fez a diferença.
Para se destacar no mercado, no entanto, ela aponta como o público feminino ainda passa por mais dificuldades. “A mulher se divide entre trabalho, família e ainda ter que se qualificar. É um perfil de resistência mesmo”, reforça. Em sua experiência no turismo, percebeu que foi preterida em cargos que competiam com homens com menos qualificação. Mesmo assim, Grace avalia que as mudanças têm ocorrido, e que as mulheres vêm se interessando em cursos como os que o IGA oferece também por isso. “Vejo que as mulheres estão buscando mais qualificação, porque o mercado está mais competitivo”, explica.
Buscando mudanças
A sua profissão permite, então, conhecer pessoas atraídas em uma profissionalização para poderem ter mais reconhecimento – e, nesse sentido, nota que há uma predominância de mulheres. “É emocionante porque, no IGA, vejo depoimentos de pessoas que fizeram essa mudança e tiveram transformações muito fortes. São pessoas que não tinham condições, investiram nesse sonho e em uma mudança”, conta.
Seu desejo, hoje, é multiplicar o conhecimento que possui e conseguir profissionalizar pessoas que são apaixonadas pela área. “Quero ajudar outras mulheres a conseguirem traçar diferentes caminhos e fazer uma virada no jogo. (…) Hoje, falo que continuo sendo abençoada porque sempre abraço projetos que envolvem sonhos. No turismo, sonhos de viagens, em eventos, sonhos de festas, e na gastronomia, o sonho de mudar a sua realidade. São várias mulheres buscando conhecimento para dar um pontapé de liberdade”, diz.