A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) realizou, nesta segunda-feira (22), uma coletiva de imprensa para tratar do contrato firmado com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em março de 2022, para estudo do transporte público municipal. O evento contou com a participação de secretários e secretárias da PJF, incluindo Fernando Tadeu David, secretário de Mobilidade Urbana e presidente do Comitê Gestor do Sistema de Transporte Coletivo.
Docentes da UFJF detalharam os resultados do estudo “Ciência de dados aplicada à gestão contábil-financeira do transporte coletivo urbano do município de Juiz de Fora”. Representaram os pesquisadores o professor Leonardo Goliatt da Fonseca, do Departamento de Mecânica Aplicada e Computacional da UFJF; Priscila Vanessa Zabala Capriles Goliatt, do Departamento de Ciência da Computação; e Mateus Clóvis de Souza Costa, do Departamento de Finanças e Controladoria.
A parte que já está sendo aplicada se refere ao fluxo financeiro, que engloba o subsídio municipal ao setor. O estudo constatou que o custo por passageiro do transporte público de Juiz de Fora, em outubro de 2023, era de R$ 5,39, pelo valor técnico. Gastos com diesel representam 25% deste custo; peças e acessórios, 9%; e lubrificante e rodagem equivalem a 3%, na parte dos custos variáveis, que chegam a 37%. Já o custo fixo vem de pessoal, com 43%; depreciação, com 13%; despesa administrativa, 5%; e 2% com outras despesas.
Subtraindo pelo preço da passagem (R$ 3,75), a equipe divulgou a conclusão de que o subsídio médio, por passageiro, é de R$ 1,64. Esse tipo de informação está sendo apurada e divulgada mensalmente, por meio do Portal da Transparência, em vez de anualmente, como era feito antes, o que gerava aumento da passagem a cada vez que o dado era verificado, quando não era dado o subsídio.
Remodelação do transporte ainda será executada
Os 5.472 pontos de ônibus de Juiz de Fora – número que surpreendeu os pesquisadores – foram mapeados em sistemas de código aberto, buscando informações como elevação percorrida pelos ônibus em topografia acidentada e as chamadas “isócronas”, que delimitam uma área onde deve ser possível percorrer, a pé, a distância entre todos os pontos marcados em uma período de 5 minutos, na velocidade média de um adulto.
Quando a telemetria atual, ou seja, os dados de transporte das empresas, for disponibilizada para a PJF, e quando a bilhetagem eletrônica em curso for concluída, será possível alimentar um centro operacional de transporte, com o objetivo de melhorar itinerários, redistribuição dos pontos de ônibus de forma inteligente e o controle dos atrasos, acredita a Prefeitura.
Será possível determinar exatamente quantos passageiros utilizaram o transporte público – pois terão os dados coletados de forma on-line ao utilizarem o cartão – e a criação de um site público, com informações sobre os itinerários e o quadro de horários, e o diferencial de um mapa informando o endereço exato de parada dos ônibus, por exemplo. “Nós temos a expectativa de poder fazer isso com a maior brevidade possível”, declarou a prefeita Margarida Salomão (PT), ainda sem delimitar uma data específica.
Relatório de viagens
Margarida valorizou os relatórios publicizados mensalmente como uma das melhorias obtidas com o trabalho. Questionada pela Tribuna quanto ao relatório final de viagens, que mostra quantas estavam previstas, quantas foram realizadas e quantas deixaram de ser feitas, linha por linha, que teve a última atualização em maio de 2023, referente ao mês de abril, a equipe presente não soube responder qual seria a razão. Esse ponto também foi declarado como uma futura solução que será dada quando o site for criado.
Convênio com o Critt
O convênio para pesquisa, desenvolvimento e inovação, por meio do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt) e da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU), com interveniência da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe), teve o valor inicial de R$ 570.867,30.
O objetivo era aprimorar a oferta do transporte público, desenvolvendo “um sistema computacional para monitoramento e controle do fluxo contábil-financeiro e operacional do sistema de bilhetagem e dos custos operacionais da concessionária [no caso, a Via JF] na prestação de serviços”. O prazo de vigência estabelecido era de 13 meses.
Após o término, em abril de 2023, a PJF publicou um termo aditivo ao convênio, com o acréscimo de R$ 80.211,28 e mais seis meses. O projeto, que custou R$ 651.078,58 aos cofres públicos, teve a vigência terminada no dia 7 de outubro do ano passado, mas teve os resultados divulgados hoje, após a consolidação dos dados, que foram entregues à Prefeitura no fim de 2023, de acordo com a prefeita.