O Aeroporto Presidente Itamar Franco, o Aeroporto Regional, que fica a 45 quilômetros de Juiz de Fora, recebeu, no início da manhã desta segunda-feira (22), o primeiro voo de Congonhas, em São Paulo, para a Pampulha, em Belo Horizonte, operado pela Gol Linhas Aéreas. A nova rota, que tem a Zona da Mata como escala, não teve demanda regional em seu voo inaugural. No entanto, as passagens começaram a ser vendidas apenas na última quinta-feira (18). Duas passageiras de Ponte Nova (MG) desembarcaram no aeródromo, e nenhum embarque foi registrado. Mesmo assim, a expectativa é grande para os próximos dias.
De acordo com o gerente de operações do Aeroporto Regional, Robson Alvim, a demanda de voos para Belo Horizonte existe e foi apontada por passageiros ouvidos em uma pesquisa feita pela concessionária responsável pelo aeródromo no ano passado. “Acreditamos que este voo terá uma boa ocupação. Além disso, temos expectativa muito grande com esta nova rota, pois ela pode contribuir para o desenvolvimento da nossa região. Também entendemos que a nova possibilidade pode resultar na geração de empregos.” Acrescentou ainda que, operacionalmente, a unidade está preparada para receber novos voos, caso haja a solicitação das companhias aéreas.
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Ainda na manhã desta segunda, a Tribuna simulou o preço dos voos para Congonhas e Pampulha, usando a nova rota. Tendo o Regional como destino, a partir de São Paulo, os preços identificados variavam de R$ 279,80 a R$ 861,80. Já do Regional para Belo Horizonte, as passagens estavam sendo comercializadas a R$ 323,49. No entanto, em algumas tentativas, o resultado da pesquisa por passagens aparecia como “indisponível” quando o Regional era origem ou destino, enquanto que os voos de Congonhas para Pampulha estavam disponíveis em todas as tentativas, feitas entre 10h e 13h. De acordo com a Gol, os bilhetes estão sendo disponibilizados gradativamente no sistema de vendas da companhia. Além disso, reforçou que a nova rota é mais uma alternativa para a população do entorno acessar outros destinos, em conectividade com as demais ofertas da companhia e suas parceiras. Sobre a baixa demanda apresentada no primeiro dia, informou que está confiante no sucesso da operação e esclareceu que, mesmo se houver dias sem embarque ou desembarque no Regional, o avião fará o pouso. Isso porque, legalmente, não se trata de uma escala, e sim de um voo que se inicia no Itamar Franco com destino à Pampulha.
Conforme inicialmente divulgado, além do horário de embarque no Regional, às 8h25, é possível viajar para Belo Horizonte no início da noite, às 17h40. A diferença é que o horário da manhã está disponível de segunda a sábado, enquanto que o da tarde tem frequência de segunda a sexta-feira e também os domingos. Além disso, o aeroporto mantém os voos já consolidados para Congonhas e Viracopos, operados pela Gol e Azul Linhas Aéreas.
Passageiras aprovam nova rota
Às 7h55, o Boeing 737-700, com capacidade para 138 passageiros, pousou na pista do Aeroporto Regional, cerca de 15 minutos antes do previsto. As duas passageiras que desembarcaram, mãe e filha, são moradoras de Ponte Nova (215 quilômetros de Juiz de Fora) e foram surpreendidas com a nova rota no fim da semana passada. “Excelente! A minha filha faz um curso em São Paulo, e há 11 meses seguia de lá para Confins para voltar para casa. Depois, eram mais quatro horas de viagem até chegar em Ponte Nova. Por isso, estou adorando esta nova possibilidade, pois, em cerca de duras horas, estaremos em casa”, disse a empresária Leonilda Bartholomeu Nogueres, 64 anos.
Sua filha, a médica Izabela Bartholomeu Nogueres Terra, 32, informou ainda que soube da nova possibilidade na última quinta-feira. “Primeiro alteraram nosso voo para a Pampulha, e depois fomos informados da escala na Zona da Mata. Como tenho vários pacientes marcados, esta nova rota facilitou e muito o meu trabalho”, informou, acrescentando que o voo durou cerca de 40 minutos.
Zona da Mata serviria para driblar legislação
O uso do Aeroporto Regional está sendo considerado uma manobra da Gol linhas aéreas para destinar voos do aeroporto mais central de São Paulo, que é o de Congonhas, para a Pampulha, em Belo Horizonte. Antes, a empresa operava apenas para Confins, que fica na região metropolitana da capital do estado, exigindo deslocamento extra dos passageiros. A manobra existe porque Pampulha não pode receber aeronaves que têm como origem aeroportos que movimentam mais que 600 mil passageiros por ano, tendo a operação restrita à modalidade táxi aéreo e a partir de aeroportos regionais, de acordo com determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) acatada pelo Ministério dos Transportes. A fim de comparação, o Aeroporto Regional recebeu, em 2017, cerca de 130 mil passageiros. A nova operação foi autorizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
As grandes aeronaves voltaram a poder desembarcar no Pampulha após o Governo federal revogar, em novembro, uma portaria que impedia esta operação. Na época, o senador Antônio Anastasia (PSDB) classificou a medida de “equívoco”, pois tal medida poderia criar uma concorrência desleal com Confins. Quando era governador, Anastasia usou o Confins como uma ferramenta para fomentar o desenvolvimento dos municípios do entorno. Além disso, moradores da Pampulha alegam que o fluxo de voos comerciais causa danos à saúde e gera risco de acidentes para a comunidade ao redor.