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JF perde disputa da GE para Três Rios

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Apesar das tentativas de Juiz de Fora captar o investimento estimado em R$ 190 milhões da GE Celma – braço da GE Aviation que fornece turbinas para aviões e realiza serviços de manutenção -, a planta industrial foi para Três Rios, município localizado no Rio de Janeiro, a cerca de 70 quilômetros da cidade. O comunicado oficial foi feito esta semana pela prefeitura fluminense. Esta não é a primeira vez que Juiz de Fora entra numa disputa por empresas com cidades do estado vizinho. Apesar de, neste caso específico, outros fatores terem contribuído para a decisão do grupo, o apelo por melhores condições tributárias estaduais é voz corrente entre líderes empresariais para aumentar a competitividade da Zona da Mata mineira.

Na segunda-feira, o prefeito de Três Rios, Vinicius Farah, e o presidente da GE Celma, Júlio Talon, firmaram o compromisso para a instalação. Segundo Três Rios, as demandas da empresa foram atendidas. Além de incentivos fiscais, foi disponibilizada área de 250 mil metros quadrados (m²), já adquirida pela GE, no km 158 da BR-393, conhecido como Distrito de Bemposta. “A cidade tem conquistado, nos últimos anos, avanço considerável no setor de indústria e serviços, o que tem feito do nosso município um modelo de desenvolvimento econômico.” O prefeito destacou os investimentos realizados por Nestlé, Plumatex e Neobus dentre as 1.958 empresas que escolheram Três Rios nos últimos seis anos.

Na ocasião, o presidente da GE Celma, Júlio Talon, destacou as perspectivas de crescimento da marca para os próximos cinco anos e a estratégia de investimento no interior do estado. A matriz da empresa está localizada em Petrópolis. “Identificamos que o município de Três Rios é uma cidade que pode receber nosso investimento, pois além da localização estratégica, oferece incentivos, características técnicas e tem toda infraestrutura necessária, sendo a cidade adequada para suportar o crescimento da nossa empresa na região.” Talon, destacou, ainda, a “disposição impressionante” do Governo fluminense em atender às necessidades da companhia.

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O presidente da Fiemg Regional Zona da Mata, Francisco Campolina, que vem defendendo a revisão das concessões de crédito tributários pelo Governo mineiro, afirmou que havia a possibilidade de a empresa se instalar em Juiz de Fora. A intenção, disse, era disponibilizar uma área próxima ao Porto Seco, para que a empresa construísse a nova fábrica, aproveitando a unidade de despacho aduaneiro para desembaraçar os componentes de retífica de turbinas de avião. Segundo Campolina, o entrave na negociação teria sido um crédito tributário existente junto ao Governo do Rio. “A empresa queria negociar isso com o Governo de Minas.”

A Secretaria de Estado da Fazenda (SEF), por meio de sua assessoria, informou que iniciou processo de entendimento com a empresa há cerca de dois anos, para instalação de uma planta para fabricação de peças para o setor aeronáutico em Juiz de Fora. A empresa também teria sido recebida pelo Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi). “Após o diálogo com o Governo, a empresa optou por se fixar em Três Rios por questões de mercado.” O posicionamento é que o Governo mineiro, por meio de seus diferentes órgãos, tem incentivado e prospectado a vinda de novos empreendimentos para o estado. “O Governo atua para que as demandas das empresas sejam atendidas, com vistas a promover o desenvolvimento econômico sustentável em todas as regiões mineiras.”

Fiemg mantém luta por menor carga tributária

O presidente da Fiemg destacou a luta pela reforma tributária na Zona da Mata e disse que hoje há mais uma reunião marcada em Belo Horizonte para tratar do assunto. “É claro que o Governo do estado não tem interesse em reduzir os impostos, mas como o governador exigiu que fizéssemos um estudo, estamos trabalhando efetivamente para fazer uma proposta definitiva para redução da carga tributária.” Campolina afirmou ainda a proatividade do município fluminense na atração do negócio e a possibilidade de criação de empregos na área de alta tecnologia. “Enquanto isso, estamos indo, a passos largos, para nos tornarmos cidade-dormitório de Três Rios, porque as indústrias estão indo é para lá.”

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O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Geração de Emprego e Renda, André Zuchi, não concorda com a afirmação. “Lutamos até a última hora, mas não dependia do nosso esforço.” Segundo ele, desde 2010, Juiz de Fora acompanha os projetos desenvolvidos pela empresa genuinamente fluminense, com o objetivo de atraí-la para terras mineiras. Conforme Zuchi, nos dois últimos anos, foram realizadas mais de seis reuniões em Juiz de Fora. Por duas vezes, disse, os executivos teriam sido recebidos pelo prefeito Bruno Siqueira (PMDB). Outros encontros teriam ocorrido na UFJF, de olho no projeto do Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região. Conforme o secretário, o fator determinante foi o crédito de ICMS, no valor aproximado de R$ 35 milhões. Zuchi comentou que o Governo mineiro chegou a fazer uma proposta “interessante”, mas não teria havido a possibilidade de transferência dos créditos entre as empresas do grupo em Minas.

O secretário destacou que o projeto da GE “é muito maior do que se pensa”, afirmando que a empresa está em constante expansão. Na sua opinião, Três Rios conseguiu sediar o banco de provas, como é conhecido o teste das turbinas, mas Juiz de Fora ainda pode ser contemplada por outros projetos a serem implementados. “Ficamos muito tristes com a notícia, mas não desistimos.” A conquista de Três Rios, na sua opinião, fortalece toda a região. Por meio de sua assessoria, a Prefeitura reforçou que “nunca considerou a proposta da GE muito viável pra Juiz de Fora, por conta do argumento da própria empresa em relação aos créditos futuros que tinha a receber do Governo do Rio”.

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