Ícone do site Tribuna de Minas

Produtos para ceia têm aumento acima da inflação em 2023

PUBLICIDADE

O preço dos itens típicos da ceia de Natal das famílias brasileiras aumentou, em média, 4,8% este ano. O levantamento considera produtos como carne bovina, frango, bacalhau, vegetais, frutas e bebidas. Tendo como base o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o economista do Instituto Brasileiro de Economia (FGV-IBRE), André Braz, realizou a pesquisa analisando a variação no valor de 17 alimentos.

Dentre os produtos listados, a maior alta ficou com o azeite, 29,83% mais caro do que em dezembro de 2022. O preço do arroz também pesou no orçamento da ceia, com aumento de 20,65% nos últimos 12 meses. Tomate (+22,47%), abacaxi (+12,59%), bacalhau (+8,28%), maionese (+7,98%), refrigerante (+7,54%) e cerveja (+7,58%), foram outros produtos que tiveram alta significativa. Do levantamento, os únicos ingredientes que apresentaram queda no preço foram: batata-inglesa (-16,37%), cebola (-23,34%), frango (-13,68%) e o pernil suíno (-1,40%).

PUBLICIDADE

A alta de 4,8% está acima da média de inflação, que é de 3,62% nos últimos 12 meses, conforme a FGV. No entanto, André Braz afirma que o resultado não é totalmente negativo para as famílias brasileiras, tendo em vista a queda de preço das carnes de frango e suína. No ano passado, segundo levantamento da FGV publicado na época, os itens de Natal tinham aumentado quase o triplo da inflação geral, ficando 11,03% mais caros, enquanto a inflação estava em 4,53% no período. “O saldo é até positivo para o Natal deste ano. A proteína, que normalmente é o maior investimento que a família faz no preparo da ceia, caiu de preço. Se optarem pela carne suína ou de frango, as famílias podem gastar um pouco menos.”

PUBLICIDADE
Abras estima que os consumidores gastarão, em média, R$ 321 para custear a ceia natalina, 9% a mais em relação a 2022 (Foto: Felipe Couri)

Consumidor percebe alta nos preços

A dona de casa Carmelita Santana Guedes afirma que ainda não fez as compras para a ceia de Natal, mas já está pesquisando preços em mercados da cidade para não perder nenhuma oferta. “Eu percebi as coisas um pouquinho mais caras esse ano, mas tudo é questão de pesquisar também. Eu tenho um grupo no WhatsApp com as minhas irmãs, algumas amigas, e a gente sempre troca mensagens dizendo onde os produtos estão mais baratos. Panetone, por exemplo, outro dia minha irmã achou uma promoção muito boa e fez um estoque, comprou para a família toda.” Em sua opinião, itens típicos como nozes, queijos e vinhos estão mais caros do que no ano passado. “São produtos que encarecem nessa época do ano, também por conta da procura ser muito grande”, opina.

O médico aposentado Nivaldo Casarin afirma que se assustou principalmente com os preços do azeite e do arroz, itens essenciais na ceia de Natal. “O azeite que eu comprava, que era em torno de R$ 30, subiu para R$ 39, R$ 40. O arroz era R$ 20 e hoje está R$ 30.” Outro produto que, segundo ele, apresentou alta no preço foram as bebidas. “Bebidas no geral, refrigerante e cervejas também estão mais caras. No ano passado eu lembro de comprar uma lata por cerca de R$ 3, hoje já está custando R$ 5.” Já nas carnes ele diz que percebeu uma maior folga, principalmente no frango, o que, por um lado, pode aliviar os gastos para a ceia de Natal.

PUBLICIDADE

Azeite e arroz: os vilões da ceia

Com aumento de preço na casa dos 20%, o azeite e o arroz foram os verdadeiros vilões da ceia de Natal este ano. Conforme explica Braz, no caso do azeite o encarecimento tem relação a problemas na safra de países europeus produtores, como Espanha, Portugal e Grécia. “O Brasil não é autossuficiente na produção de azeite, mais de 90% do que é consumido é importado. Por conta disso, o preço subiu bastante.”

Já o arroz passou por um período de entressafra, que é o momento entre o fim da colheita e o início do plantio da próxima safra. Somado a isso, fenômenos climáticos potencializados pelo El Niño fizeram com que os produtores tivessem safras ruins. “Isso frustrou a oferta de produto. Mas nesse caso é um fenômeno passageiro e na próxima safra o preço já deve normalizar.”

PUBLICIDADE

Planejamento e substituição

André Braz aconselha os consumidores a comprar os produtos para ceia com certa antecedência. Isso ajuda a conseguir preços mais vantajosos, visto que a tendência é que, conforme se aproximem as festas, o valor fique ainda mais alto. “Um exemplo é o frango especial, muito consumido nas ceias. À medida que o Natal se aproxima, as menores unidades vão desaparecendo do freezer e vão sobrando os frangos maiores, consequentemente mais caros. Muitas vezes uma família pequena não necessita de uma ave muito grande. Então, para que você escolha um produto dimensionado para sua necessidade, é bom comprar com antecedência.”

Outra dica é optar por marcas menos conhecidas e que apresentam a mesma qualidade. De acordo com Braz, um levantamento da FGV-IBRE mostrou que a diferença de preço entre marcas famosas e marcas alternativas pode chegar a 50% do valor. “Se você quer economizar no Natal, dê uma oportunidade para marcas menos conhecidas, prestando atenção no rótulo do produto para ver se ele guarda qualidade semelhante àquele que você compra habitualmente. Assim, acho que há um grande espaço para a economia.”

Ceia a R$ 321

PUBLICIDADE

Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) afirmou que os brasileiros vão gastar, em média, R$ 321 reais com a ceia de Natal, 9% a mais do que ano passado. A maior parte dos empresários, 62%, acredita que haverá melhora no consumo neste final de ano. “Apesar da alta de preço na cesta natalina, o consumo das famílias deve fechar o ano com um aumento”, afirmou a associação.

Sair da versão mobile