O Brasil soma 90 milhões de empreendedores ou candidatos a empreendedores. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae) em parceria com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), em 2023.
A vontade de empreender ou a falta de oportunidade no mercado formal fomentam o interesse em ter o próprio negócio. No entanto, há pessoas que deixam o sonho de lado por acreditarem não ter dinheiro suficiente para isso.
Apesar de alguns empreendimentos dependerem de mais recursos, existem estratégias para começar um negócio gastando pouco. O Sebrae indica procurar alternativas econômicas, que não exijam um investimento inicial, de acordo com a área de aptidão.
Entre as opções destacadas pela entidade para empreender com pouco dinheiro estão a venda de comidas, a produção de conteúdo para redes sociais, os serviços de limpeza e jardinagem e o dropshipping, que consiste na revenda de produtos de outras empresas sem a necessidade de estoque.
Oferecer consultorias, monitorias ou treinamentos também pode ser uma opção, que ainda abre a possibilidade de desenvolver produtos digitais para venda, como apostila de idiomas, planilha para controle orçamentário ou livro de receitas.
O Sebrae aconselha fazer uma pesquisa de mercado abrangente que identifique as tendências no setor escolhido e entenda as preferências e necessidades do público-alvo. Escolher um nicho específico possibilita se concentrar em atender às demandas desse grupo e construir uma reputação sólida.
Entre os negócios, MEIs têm maior taxa de fechamento
De acordo com o Sebrae, o microempreendedor individual (MEI) é o que apresenta a maior taxa de mortalidade de negócios em até cinco anos: 29% dos CNPJs cadastrados fecham após esse período de atividade. Em seguida, estão as microempresas, com 21,6%, e as de pequeno porte 17%.
Entre os fatores apontados para o fechamento estão a falta de preparo pessoal, a ausência de planejamento e a gestão do negócio deficiente. Em entrevista à imprensa, o economista e professor da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (FCAP) da Universidade de Pernambuco (UPE), Sandro Prado, explica que o primeiro passo para a criação de uma empresa é preparar um plano de negócios.
Segundo ele, essa ferramenta é essencial para avaliar se uma ideia de empreendimento é financeiramente viável e qual é o potencial de retorno que ela pode oferecer. A análise do público-alvo, o estudo dos concorrentes e o desenvolvimento de uma estratégia de marketing estão entre os principais pontos da sua elaboração.
O documento também deve conter a estimativa dos recursos necessários e a definição da estrutura operacional. Usar um criador de organograma pode ajudar a apresentar a organização interna da empresa, facilitar a visualização da sua estrutura, definir responsabilidades e identificar possíveis problemas.
Segundo o diretor-superintendente do Sebrae Rio, Antonio Alvarenga, também é importante que o empresário procure capacitações e tenha consciência sobre a importância da educação empreendedora, que vai trazer novos conhecimentos e oportunidades para os projetos.
Aprimorar as habilidades profissionais e buscar aprendizado contínuo são formas de se tornar um especialista e ganhar a confiança dos clientes. É possível investir em cursos de gestão, on-line ou presenciais, que ofereçam certificações para microempreendedores.
Planejamento financeiro diminui os riscos
O Sebrae alerta que abrir uma empresa vai além da ideia de criar um bom negócio, de alugar um espaço ou cuidar da parte burocrática. Para aumentar as chances de sucesso, é preciso ter como prioridade a elaboração de um planejamento financeiro sólido.
Para isso, orienta que é fundamental calcular todos os custos e definir o preço adequado para os produtos ou serviços, utilizando informações coletadas sobre o mercado para estabelecer o valor correto e garantindo que todas as suas despesas sejam cobertas na execução de cada item.
Se for necessário buscar investimentos para abrir a empresa, o Sebrae informa, ainda, que existem diversos agentes financeiros, público/privados, cooperativas de crédito, OSCIP de microcrédito, entre outras organizações, que fornecem empréstimos aos futuros empresários.
Os recursos podem ser obtidos mediante a apresentação de documentos da empresa e do empreendedor, além de um plano de negócio estruturado e alinhado ao tipo de empréstimo ou financiamento desejado. Estas definições são importantes tanto para obtenção do crédito, quanto para ter segurança de que os recursos não serão perdidos.
Outra recomendação é evitar estratégias arriscadas, como sair do emprego ou investir todo o dinheiro da rescisão no negócio. Até começarem a aparecer os primeiros resultados, é importante manter uma atividade principal e seguir com o projeto em paralelo. Assim como a maior segurança em manter a empresa no mercado, o prejuízo será menor caso a ideia não dê certo.
Melhores áreas para empreender
Levantamento do Sebrae identificou as melhores áreas para empreender em 2024. Entre elas, os serviços voltados para saúde e bem-estar continuam em alta, atendendo a uma demanda crescente.
Para quem deseja investir no ramo alimentício, a procura por opções saudáveis e sustentáveis cria espaço para os negócios. O setor de alimentos saudáveis deve crescer 27% no Brasil até 2025, segundo projeção da Euromonitor.
Com os negócios digitais em ascensão, o e-commerce e o marketing digital permanecem como áreas lucrativas. Tecnologias inovadoras também são indicadas entre as tendências. Investimentos em Inteligência Artificial (IA) e realidade aumentada também se apresentam como oportunidades para quem deseja empreender.