Três dias após a Petrobras ter anunciado redução em 2,7% no preço do diesel e em 3,2% no litro da gasolina na refinaria, a Tribuna percorreu seis dos 13 postos de combustíveis cujo preço da gasolina é mapeado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na cidade e constatou que, em todos, a estratégia adotada tem sido manter os preços praticados antes da medida, válida desde sábado. Se o ajuste fosse integralmente repassado, o diesel poderia cair 1,8% e a gasolina, 1,4%, representando menos R$ 0,05 por litro nos dois casos. A própria estatal reconhece, no entanto, que, como a liberdade de preços no mercado é garantida em lei, as revisões poderiam ou não se refletir no preço final ao consumidor.
Uma constatação, no entanto, é que houve aumento no preço médio destes combustíveis no período anterior ao anúncio da Petrobras. Pesquisa realizada da ANP, referente ao período de 2 a 8 de outubro, apontava que os preços médios praticados na cidade eram R$ 3,679 (gasolina) e R$ 2,988 (diesel). No levantamento mais recente, que vale para o intervalo de 9 a 15 de outubro, os valores médios ficaram em R$ 3,772 e R$ 3,116, respectivamente. No caso da gasolina, o custo do litro varia de R$ 3,539 a R$ 3,899. Em relação ao diesel, a oscilação gira entre R$ 2,990 e R$ 3,249. E foram nesses patamares que houve a estabilidade.
Dentre os gerentes de postos ouvidos pela Tribuna, o avaliação foi semelhante. A decisão por manter os preços deve-se ao fato de a queda não ter sido repassada pelas distribuidoras. Ao contrário. A expectativa é de alta, em função do início do período da entressafra e o impacto no custo do etanol anidro, produto que compõe 27% da gasolina comum. No município, o litro do biocombustível, que custava, em média, R$ 2,688 subiu para R$ 2,769 (3%) no intervalo de uma semana.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), que representa os cerca de quatro mil postos mineiros, inclusive os de Juiz de Fora, afirmou que a redução na refinaria não refletiu nos valores repassados aos postos. “A situação é ainda pior: revendedores reclamam que o preço de comercialização das companhias distribuidoras subiu desde o anúncio por parte da Petrobras, o que deixa a revenda, o último elo na cadeia de combustíveis, com a imagem prejudicada perante a sociedade.” O motivo apontado, mais uma vez, é o início da entressafra da cana. O Minaspetro ressaltou que não interfere em questões relacionadas a preço, uma vez que o mercado é livre, sem tabelamento.