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Turismo LGBTQI+ deve injetar R$ 5 mi em JF

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comércio semana rainbow by fernando
Comerciantes da Rua São João enfeitaram lojas com balões nas cores do arco-íris (Foto: Fernando Priamo)
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Os setores de lojas, hotelaria, bares, restaurantes e similares preparam-se para receber, entre sábado (17) e domingo (18), em Juiz de Fora, turistas de todas as partes do Brasil para o Rainbow Fest Brasil e o Miss Brasil Gay. Iniciada em 5 de agosto, a partir da programação da III Semana Rainbow da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a movimentação será acentuada, neste fim de semana, com a realização de eventos voltados às comunidades de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queer e Intersexos (LGBTQI+). A estimativa de organizadores é de injeção de R$ 5 milhões na economia juiz-forana a partir da hospedagem de até 3.500 turistas. Em 2018, o município recebeu a aplicação direta de R$ 4 milhões com a presença de 2.400 pessoas de outras localidades para os eventos, conforme pesquisa do Departamento de Turismo do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da UFJF.

“Em 2006, o valor (movimentado) já chegou a R$ 7 milhões. Perdemos parte da arrecadação em razão da falta de investimento na Semana Rainbow. Tínhamos um apoio muito grande do Governos federal, mas isso acabou minguando nos últimos anos, tanto é que ficamos três anos sem ter o Miss Brasil Gay”, detalha o organizador do Miss Brasil Gay, Michel Brucce. A queda do investimento, conforme Brucce, implicou na duração do evento; antes começava às quartas e hoje inicia às sextas. “Estamos fazendo uma retomada para que possamos alcançar os mesmos objetivos de 2006 e, quiçá, atingir algo em torno de R$ 10 milhões para trazer para a cidade nos próximos anos.” Para este ano, ele estima a injeção de, pelo menos, R$ 5 mi. O quadro de estagnação econômica é considerado apenas um porém. “O país está triste, e as pessoas estão procurando um pouco de felicidade. O turista está vindo para Juiz de Fora para se divertir um pouco.”

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As apostas do diretor-geral do Rainbow Fest Brasil, Marco Trajano, reforçam as estimativas adotadas por Brucce. Em razão do show de Pablo Vittar, realizado em parceria com o Miss Brasil Gay, Trajano prevê aumento entre 20% e 25% no número de turistas. “Não sei, exatamente, o que o aumento percentual impactaria financeiramente. Teoricamente, o turista gay em Juiz de Fora gasta três vezes mais do que o turista convencional. Conforme números de 2017, o turista convencional gastou, na cidade, em média, R$ 128. Já o turista gay, R$ 368, incluindo hospedagem, alimentação e transporte.” Em 2018, de acordo com pesquisa do Departamento de Turismo da UFJF, o tíquete médio atingiu R$ 400.

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Marcelo Carmo Rodrigues, professor do Departamento de Turismo da UFJF, confirmou à Tribuna a realização de nova pesquisa, já em andamento. “Neste momento, 20 alunos do curso de Turismo estão aplicando um questionário, em pesquisa por mim coordenada, para saber o perfil socioeconômico dos turistas LGBT. Na próxima semana, teremos números mais fidedignos para apontar avanços ou recaídas. O principal momento de atuação dos alunos é entre 11h e 15h, neste domingo, que é o momento de check-out dos hotéis.” Marcelo percebe maior movimentação em ruas e, sobretudo, na rede hoteleira, apesar dos indicadores econômicos desfavoráveis. “Tenho estado, por coincidência, nas recepções de vários hotéis, cuja taxa de ocupação, hoje, é de 90%. Sinto uma reação muito boa.”

PJF espera impacto em toda a cadeia

Para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta), a Semana Rainbow é a possibilidade de projetar a estrutura turística de Juiz de Fora a nível nacional, injetando recursos de outros municípios na economia local.

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“Historicamente, o evento é responsável pela ocupação de quase 100% dos leitos da rede hoteleira, com incremento médio da ordem de 30 a 40% no faturamento de bares e restaurantes. Sabendo que a cadeia econômica do turismo é longa e muito capilar, os recursos conseguem movimentar meios de hospedagem, restaurantes, transporte público, comércio e serviços de maneira geral.”

Conforme o coordenador-executivo do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, Rogério Barros, a ocupação hoteleira está em crescimento. “Temos alguns hotéis que estão com 100% da capacidade ocupada, mas devemos atingir 60%, neste fim de semana, em média, na cidade toda. Nos anos anteriores, chegamos a quase 100% de ocupação. O crescimento está retornando após um período sem o Miss Brasil Gay. Se atingir em torno de 70%, já está muito bom.” A média anual de ocupação hoteleira varia entre 50% e 60% na cidade.

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Para Marcos Casarin, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), a realização do evento é uma conquista. “A expectativa de todos os setores da economia local é que o evento seja igual ou maior do que o do ano passado. Por tudo o que estamos passando (economicamente) no país, fazer um evento bem-sucedido já é uma vitória. A coragem em fazer é uma vitória.”

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