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Reajustes em meio à crise desafiam consumidor

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Equilibrar as contas é um dos principais desafios neste início de 2021. O aumento do desemprego, o fim do pagamento do auxílio emergencial e a alta de preços que atinge desde o gás de cozinha à moradia formam uma equação difícil de ser resolvida. E esta dificuldade não só afasta a possibilidade de recuperação da economia, como também ameaça a sobrevivência de muitas famílias.

Janeiro é, tradicionalmente, o mês das despesas extras: IPTU, IPVA, matrícula e material escolar são contas aguardadas pelo consumidor. No entanto, após um 2020 atípico por causa da pandemia da Covid-19, esta lista tende a aumentar com a chegada de outras cobranças, como é o caso dos planos de saúde.

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A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que, além do reajuste de até 8,14% na mensalidade de planos individuais ou familiares, também será cobrado o retroativo referente ao período em que houve congelamento dos preços. “Os beneficiários que tiveram suspensas as cobranças de reajuste anual e por faixa etária entre setembro e dezembro de 2020, em razão da pandemia, terão diluído o pagamento desses valores em 12 meses. As operadoras deverão esclarecer os valores cobrados nos boletos.”

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Já os contratos de aluguel poderão ser corrigidos em até 23,1% conforme o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). “A alta do índice tem impactado o mercado de locações, sobretudo, por ter ocorrido após um momento de muita negociação devido à pandemia”, avalia o presidente da Associação Juizforana de Administradores de Imóveis (Ajadi), Diogo Souza Gomes.

Segundo ele, a situação pode inviabilizar contratos. “Temos muitos aluguéis que acabaram de voltar ao preço “normal”, depois dos descontos por causa da Covid-19, e que vão sofrer acréscimo de um índice bastante alto.” Por isso, ele aconselha as negociações entre as partes. “Chegar a um acordo mediano é sempre bom para os dois lados.”

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As contas não param por aí. A gasolina começou o ano 5% mais cara, e o gás de cozinha foi reajustado em 6%, no último dia 7, pela Petrobras. No site da Agência Nacional de Petróleo (ANP), as últimas pesquisas de preços de combustível e do GLV não apresentam dados de Juiz de Fora. Procurada pela Tribuna, a assessoria do órgão informou que “os preços são livres no Brasil desde 2002, e que a agência não comenta ou faz previsões sobre os valores praticados pelos mercados”.

Outro alerta é com relação à conta de luz que, este mês, estará na bandeira tarifária amarela, sendo cobrado o valor de R$ 1,34 para cada 100 quilowatts-hora consumidos. “Com o acionamento da bandeira amarela é importante reforçar ações relacionadas ao uso consciente e ao combate ao desperdício de energia”, orienta a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

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Impostos

Dentre as contas previstas para o início do ano, o IPTU em Juiz de Fora sofreu reajuste de 4,31%. Quem fizer o pagamento em cota única até o dia 20 de janeiro receberá desconto de 6%. Os contribuintes que optarem pelo parcelamento deverão fazer o primeiro pagamento até 10 de março, para evitarem os juros.

Já a Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF-MG) anunciou que o IPVA terá redução média de 4,2% este ano. Os vencimentos da primeira parcela acontecem entre 18 de janeiro e 24 de março, conforme a placa do veículo. O pagamento à vista, dentro do prazo, confere desconto de 3%.

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Sem emprego e auxílio, cenário é desafiador

Os cálculos das despesas ficam ainda mais complicados quando observado outro número: o Brasil soma 14,1 milhões de desempregados, segundo dados do IBGE. Sem perspectivas de quando o mercado de trabalho irá absorver esses profissionais, muitos deles passaram a depender do auxílio emergencial nos últimos meses.

O benefício também foi estendido aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais e famílias de baixa renda. A princípio, o Governo federal não pretende prorrogar a medida, que tem encerramento previsto para o próximo dia 27.

Em Juiz de Fora, a realidade segue o panorama nacional. Entre janeiro e novembro do ano passado, a cidade fechou 4.147 postos de trabalho, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério da Economia. Com relação ao auxílio emergencial, foram mais de 144 mil beneficiários, segundo o Ministério da Cidadania.

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A especialista em finanças e professora da Estácio Juiz de Fora, Mayanna Marinho, analisa que o cenário é desafiador não só neste início de ano, “A princípio, não vemos perspectivas de mudanças para o primeiro semestre. Será um período de aperto financeiro para trabalhadores e empresários”, pontua. “Há expectativa de que, quando houver vacina, a economia comece a reagir.”

Uma dificuldade para honrar as contas sazonais é o desemprego, que atinge 14,1 milhões de trabalhadores no país. Em Juiz de Fora, mais de quatro mil empregos com carteira assinada foram extintos entre janeiro e novembro (Foto: Fernando Priamo)

Como planejar o orçamento

Repensar o consumo é a primeira orientação para quem deseja atravessar este período de estrangulamento financeiro de forma um pouco mais tranquila, conforme orienta Mayanna Marinho. “Mais do que nunca é preciso planejamento e disciplina. Este ano se mostra muito complicado.”

Neste sentido, é preciso colocar no papel as receitas e os gastos. “É hora de repensar o consumo: cortar supérfluos e controlar o que é essencial.” Ela destaca que, passando mais tempo em casa, os custos com energia e alimentação tendem a ficar mais caros. “É preciso colocar tudo no papel e ver onde dá para reduzir.”

 

Outra orientação é priorizar os descontos para pagamentos à vista. “Quem puder deve fazê-lo, pois os percentuais oferecidos são maiores do que o rendimento de qualquer aplicação. Então, não vale a pena guardar o dinheiro nesse momento. É melhor usá-lo para pagar mais barato.”

Mayanna destaca, ainda, que a negociação com os credores é fundamental. “Tudo que for possível conversar para fazer caber no orçamento vale a pena. Esta é uma dica importante para evitar o endividamento e, também, para quem já está endividado conseguir sair desta situação sem que ela vire uma bola de neve.”

Reinvenção
Reconhecendo que o momento é mais delicado para quem perdeu a renda, a especialista encoraja para que essas pessoas busquem a reinvenção. “É um momento de criar alternativas para conseguir outra fonte de renda. Se eu tenho talento para cozinhar, costurar, ensinar… é hora de reinvenção”, diz. “Infelizmente, ainda não temos previsão de quando a economia irá melhorar.”

 

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