A Goretti Irmãos Ltda (Gil), integrante do Consórcio Manchester, readmitiu, em seus quadros, nesta segunda-feira (15), cerca de 200 funcionários cedidos à Auto Nossa Senhora Aparecida Ltda. (Ansal), do Consórcio Via JF, após acordo entre as empresas. Embora estivessem contratualmente vinculados à Gil, os funcionários prestavam serviços para a Ansal ao menos desde janeiro. À época, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) autorizou o remanejamento de 32 linhas do consórcio Manchester para o Via JF em razão de dificuldades operacionais. De acordo com a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), a solicitação fora proposta pelos próprios consórcios em estudo técnico. Conforme o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Juiz de Fora (Sinttro/JF), os funcionários serão adequados à escala de trabalho da Gil.
Como explica o presidente do Sinttro/JF, Vagner Evangelista, à Tribuna, quando do remanejamento das linhas, os trabalhadores deveriam ter sido demitidos pela Gil para serem contratados, posteriormente, pela Ansal, o que não ocorrera. “Os trabalhadores estavam prestando serviços para a Ansal desde janeiro. Como a Gil não havia os demitido para a Ansal contratá-los, a Ansal os devolveu para a Gil, o que causou toda a confusão.” Na segunda, por volta das 7h, os funcionários foram até à garagem da Gil a fim de solucionar o imbróglio contratual. “Agora, a Gil vai enquadrá-los em sua escala até que se resolva o impasse. A Gil estava falando que eles não eram seus funcionários, mas os rodoviários têm carteira assinada pela empresa”, completa.
De acordo com o sindicalista, os rodoviários não serão demitidos, uma vez que foram enquadrados à Medida Provisória (MP) 936/2020. O dispositivo garante estabilidade aos trabalhadores por tempo determinado a partir da adesão da empresa. “Eles estavam prestando serviços para a Ansal, mas ainda registrados pela Gil. Então, a Ansal depositava o dinheiro para a Gil, e a Gil os pagava. (…) Agora, a carga horária será reduzida para 30%, e a Gil vai readequar esses trabalhadores em sua escala. (…) Ninguém vai ser demitido.” Conforme Vagner, como a empresa precisa verificar quantas horas foram trabalhadas pelos rodoviários na Ansal, não há data para o retorno às ruas deste grupo. Caso os rodoviários já tenham cumprido a jornada de junho – reduzida em 30% -, voltarão apenas em julho.
Procurada, a Ansal informou à Tribuna que não se posicionará sobre o assunto. “A manifestação é de responsabilidade da Gil, caso ela queira”, afirma, em nota. No entanto, a Gil, também questionada na segunda, não retornou o contato da reportagem até o fechamento desta edição. A Settra, por sua vez, perguntada se a cessão dos funcionários é permitida pelos contratos assinados com os convênios em 2016, pondera que “é um acordo entre as empresas e que não pode intervir, desde que o atendimento não seja prejudicado”.