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Leite fica 14% mais caro

Preço médio do leite é de R$ 3,088, conforme a mais recente pesquisa divulgada pela Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA) no dia 14 de junho. Foto: Associação Brasileira de Laticínios/divulgação
Preço médio do leite é de R$ 3,088, conforme a mais recente pesquisa divulgada pela Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA) no dia 14 de junho. Foto: Associação Brasileira de Laticínios/divulgação
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A chegada do período seco, com os primeiros sinais do frio que se avizinha, traz um dilema para o mercado consumidor: reduz o consumo de hortaliças e frutas, mesmo sendo a época em que esses alimentos, via de regra, têm melhor qualidade, maior oferta e menor preço. É também neste período do ano que o consumidor costuma elevar o consumo de itens cujos preços apresentam tendência de alta, como a carne e o leite. A boa notícia é que o freio no consumo, por conta do momento econômico e político, deve ajudar a conter as altas, que não devem atingir os patamares verificados em 2016. Considerando o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de maio, o grupo alimentação e bebidas, que responde por um quarto das despesas das famílias, apresentou queda de 0,35% puxada pelos alimentos para consumo em casa (-0,56%). No mês anterior, a alta foi de 0,58% no grupo.

O exemplo mais clássico é o leite, que, desta vez, não deve bater a casa dos R$ 4 como aconteceu no ano anterior. O preço médio do leite é de R$ 3,088, conforme a mais recente pesquisa divulgada pela Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA) no dia 14 de junho. Em relação à primeira pesquisa do ano, divulgada no dia 4 de janeiro, a alta é 3,7%. Os juiz-foranos começaram o ano pagando, em média, R$ 2,977 pelo litro da bebida. Na comparação com o mesmo período do ano passado, no entanto, a elevação chega a 14%. Na época (15 de junho de 2016), o litro era vendido a R$ 2,709.

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Para o assessor da SAA, Dalton José Abud, apesar de a entressafra ter começado, o desaquecimento no consumo deve contribuir para ajustar o mercado, evitando aumentos excessivos. Para Abud, ao contrário do que aconteceu em 2016, quando o litro do produto bateu a casa dos R$ 4, o mesmo não deve acontecer este ano. A alta de 14,8% já percebida pelo consumidor é atribuída à pressão inflacionária.

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Excesso de chuva

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Na avaliação do assessor, o risco de desabastecimento, no entanto, não atinge o leite, mas outro produto comum na mesa do juiz-forano: o feijão. O excesso de chuvas verificado no Sul do país deve impactar a oferta nos supermercados, fazendo com o que o produto seja importado de outros países, como Argentina. Na cidade, feijão, até agora, apresenta queda de 14,17%. O quilo era vendido a R$ 4,94 (2016) e agora é encontrado a R$ 4,24, em média. A chuva também dificultou a coleta da batata, que, na cidade, ainda apresenta queda de 60%. A decisão de fornecedores segurarem os estoques para forçar um aumento, no entanto, deve mudar a tendência do alimento, que está em pleno processo de mudança de safra, explica.

Outro produto que apresenta viés de alta na cidade é a carne. Dentre os quatro tipos mensurados pelo Guia do Consumidor, três apresentam aumento ante 2016: músculo (14,9%), paleta (10,79%) e frango resfriado (11,70%). No entanto, há uma expectativa de os preços virem a cair, conforme avaliação de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP. Diversos fatores podem contribuir para esta tendência, como a retenção de matrizes e o consequente aumento na produtividade, o menor consumo interno, especulações referentes à operação Carne Fraca, que afastaram importadores do Brasil, e a volta da cobrança do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). Em queda, o preço da arroba de boi gordo alcançou o menor valor diário da série histórica, desde 2014. No dia 7 – o dado mais recente – o indicador fechou a R$ 129,94, retração de 2,05% nos últimos sete dias e o menor valor diário desde 1º de outubro de 2014 (R$ 129,60).

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Até novembro, os hortifrutis reinam

O intervalo de junho a novembro é o melhor período para o hortifrutigranjeiro, avalia o coordenador de Informações de Mercado da Ceasa, Ricardo Fernandes Martins. Em maio, houve redução de 1% no preço em todo o conjunto de produtos de hortas, pomares e granjas, que incluem legumes, verduras e frutas. Em alguns itens, a queda é mais expressiva, como quiabo (-55,6%), couve-flor (-33,3%), abobrinha italiana (-33,3%), jiló (-25%) e milho verde (-25%) em coleta de preços verificada em 8 de junho na Unidade Juiz de Fora. Segundo Martins, as boas condições de preço de legumes e verduras devem permanecer nos próximos meses, salvo em condições extremas de temperaturas muito baixas.

Tempo seco e livre de chuvas favorece a melhoria da qualidade e consequente barateamento de hortifrutis. (Foto: Marcelo Ribeiro)

A regra vale para as frutas, cujo preço médio ficou 13,3% mais barato em maio no comparativo com abril. Conforme a Ceasa, a queda foi influenciada basicamente pela recuperação da oferta de produtos que se encontravam em volumes reduzidos até abril. Além disso, a demanda menor, comum com a chegada do frio, contribuiu para segurar os preços. “A expectativa é que esses alimentos continuem em uma situação favorável até novembro.” Entre as frutas com tendência de alta, destacam-se aquelas em entressafra, a exemplo de goiaba, manga e morango.

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Conforme o coordenador de informações, como a maior parte dos hortifrutis é sensível às oscilações climáticas, o tempo seco, sem chuvas, favorece a produção e melhora o preço para o consumidor. “O início do período de chuvas normalmente afeta a produção de alguns itens. Os reflexos permanecem por dois, três meses. Apesar de ter um tempo seco, hortaliças e frutas contam com irrigação controlada, que garante uma boa oferta e mantém os preços um pouco mais baixos, com qualidade melhor.”

Na avaliação de Martins, mesmo as altas previstas para este ano, como no caso da cebola, devem acontecer em “uma situação bem melhor” do que a verificada no mesmo período do ano anterior. “A surpresa é até agradável. Nos primeiros cinco meses do ano, as cotações estão bem abaixo das verificadas em 2016. O início do ano passado foi bem mais problemático, com batata, cebola e cenoura com preços muito altos.Esse ano está bem melhor para o consumidor.” Ele lamenta, no entanto, que, nessa época mais fria, exista a redução no consumo de frutas, exatamente no período em que existe ganho de qualidade e redução de preço.

A regra vale também para a verdura de folha, avalia o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Juiz de Fora, Domingos Frederico Netto. Segundo ele, o período seco aumenta a produção do alimento, fortemente impactado pelas chuvas. “O que não é bom nessa época são produtos como o chuchu, que fica caríssimo.” Em Juiz de Fora, o preço está em alta de 50%, conforme levantamento feito pela Ceasa. Outros itens que estão na lista de preço ascendente estão o pimentão, o repolho e a mandioca.

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Além de o clima mais frio afetar o desenvolvimento de algumas hortaliças-fruto, consideradas mais sensíveis (com o pimentão), o aumento do consumo acaba pressionando o preço de outros produtos, como o repolho e a mandioca. Domingos adverte, no entanto, que o que deve subir mesmo é o leite. “Ano passado foi atípico, faltou leite. A produção está normalizada. Este ano, o leite sobe mais um pouco, perto de R$ 3,20 lá para agosto, mas não chega a R$ 4”, aposta.

 

 

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