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Após desoneração, concessionárias registram aumento na procura

CARRO 01 Rafa Neddermeyer Agencia Brasil
Expectativa é de aumento imediato na venda de automóveis de passeio zero quilômetro; impacto sobre seminovos ainda é uma incógnita (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
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O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) apresentou, nesta quarta-feira (14), a relação de empresas participantes do programa federal que concede descontos na venda de veículos. Ao todo, nove montadoras de carros, dez de caminhões e nove de ônibus aderiram ao programa do Governo federal que prevê a redução de impostos para baratear o valor dos automóveis no Brasil, fomentando as vendas. Em relação aos veículos de passeio, participam do programa as montadoras Renault, Volkswagen, Toyota, Hyundai, Nissan, Honda, GM, Fiat e Peugeot. Todas elas mantêm concessionárias em Juiz de Fora.

As expectativas nas concessionárias na cidade são positivas. Na Hyundai Toksu, o impacto do novo programa do Governo já está sendo sentido. Segundo o gerente de vendas, Pedro Henrique Cimino, as vendas tiveram um crescimento exponencial, chegando a triplicar comparada a outros períodos. Ainda que exista o receio sobre a duração do programa, preocupação sentida devido ao teto de gastos, as projeções são positivas. “Neste mês o nosso estoque todo foi vendido e também já foram feitas encomendas para o próximo mês”, explica Pedro Henrique.

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Mais descontos

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Segundo Cimino, para atrair os clientes, uma das estratégias que estão sendo adaptadas pelas concessionárias é propor promoções que vão além do desconto já implementado pelo governo. Na Toksu, alguns veículos chegam a receber o dobro do desconto em determinada linha de carros.

Setor monitora impactos nos seminovos

A novidade que vem aquecendo o setor tende a criar uma condição de gargalo quanto aos carros usados. Pedro Henrique Cimino, que também atua como avaliador, observa que está ocorrendo um fenômeno de antecipação de compra. Aqueles que iam comprar carro futuramente, estão adiantando esse desejo movidos pelo atual preço. Isso faz com que na tabela Fipe, que calcula o preço médios dos veículos no país, os valores de carros usados sejam mais caros que os veículos zero.

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Para as concessionárias Arbex Automóveis e Minas Car – Multimarcas, que vendem carros seminovos, o mercado de revenda ainda não chegou a ser tocado. O vendedor Max Guimarães, da Minas Car, revela que, embora esteja consciente de que os preços dos veículos usados possam ser afetados, o impacto não chegou. Comerciantes do setor ouvidos pela reportagem, assim como Max, enxergam também um outro panorama, em que o teto do programa, ao ser atingido, barre a diminuição dos preços.

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Teto de R$ 500 milhões

De acordo com informações do Governo federal, todas as montadoras de carros de passeio pediram o máximo de recursos iniciais permitidos no momento da adesão do programa, ou seja, R$ 10 milhões cada. Das nove empresas, Volkswagen, Hyundai, GM, Fiat, Peugeot e Renault pediram crédito adicional de mais R$ 10 milhões.

Com isso, a soma dos pedidos representa R$ 150 milhões, o que corresponde a 30% do teto de R$ 500 milhões que poderão ser usados pelas empresas no abatimento de tributos para venda de carros mais baratos. “Na medida em que usarem os valores solicitados, as montadoras podem pedir créditos adicionais. Essa possibilidade se esgota quando o teto de R$ 500 milhões for atingido”, informou o MDIC.

Frota de veículos local vive cenário de estagnação

Juiz de Fora fechou o ano de 2022 com uma frota de 188.456 automóveis de passeio. Em relação a 2021, o crescimento da frota foi de apenas 1.119 veículos, o que corresponde a 0,59%. Este é o segundo menor percentual observado na cidade nos últimos 15 anos, conforme dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo os dados do órgão, o mais baixo percentual de crescimento da frota foi observado entre 2020 e 2021. No período, auge da pandemia de Covid-19, o número de carros registrados na cidade cresceu 0,5%, com a frota acrescida de 938 novas unidades, passando de 186.399 para 187.337 no período.

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Esses números revelam um desaquecimento de veículos zero quilômetro na cidade nos últimos anos, o que se acentuou a partir da pandemia de coronavírus. Os números relacionados à evolução da frota municipal, todavia, ficam bem abaixo da curva observada em Minas Gerais, por exemplo. Se em Juiz de Fora a frota cresceu abaixo de 1% nos últimos anos, nos 853 municípios mineiros, mesmo com a crise financeira trazida pela crise sanitária e suas consequências econômicas, a evolução do número de automóveis foi de 2,8% em 2021 e de 3,5% em 2022.

Os números também contrastam com o cenário observado na segunda metade da década de 2000 e os primeiros anos da década de 2010. Entre 2007 e 2012, o crescimento anual da frota da cidade ficou acima da casa dos 6%. O maior crescimento foi observado em 2009: 7,4%. Em números absolutos, o maior acréscimo de novos veículos na frota local ocorreu entre 2011 e 2012, com o acréscimo de 9.623 veículos em circulação na cidade.

A partir de 2013, quando se acentuaram o acúmulo de crises políticas e econômicas no país, o percentual de crescimento da frota de automóveis de passeio da cidade iniciou uma trajetória de queda. Entre 2012 e 2013, o crescimento foi de 5,9%. Entre 2015 e 2016, essa evolução já havia caído para a casa dos 2,9%, chegando a 1,7% entre 2019 e 2020, números que foram agravados com o início da pandemia a partir de 2020.

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Ônibus e Caminhões também são focos do programa

De acordo com as informações divulgadas nesta terça-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, dez montadoras de caminhões aderiram ao programa para renovação de frotas, somando um volume de descontos de R$ 100 milhões. O valor representa 14% do teto de R$ 700 milhões disponibilizado para essa categoria. As empresas que demonstraram interesse foram Volkswagen Truck, Mercedes-Benz, Scania, Fiat Chrysler, Peugeot Citroen, Volvo, Ford, Iveco, Mercedes-Benz Cars & Vans e Daf Caminhões.

Já no caso dos ônibus, nove montadoras aderiram ao programa: Mercedes-Benz, Scania, Fiat Chrysler, Mercedes-Benz Cars & Vans, Comil, Ciferal, Marcopolo, Volare e Iveco. “Essas empresas solicitaram descontos em tributos que somam R$ 90 milhões, o equivalente a 30% do teto de R$ 300 milhões disponibilizados para as montadoras de ônibus”, informou o MDIC.

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