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Cresce oferta de serviços nas redes

jorge henrique nao tem loja fisica e usa ferramenta como divulgacao

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Jorge Henrique ainda não tem loja física e usa ferramenta como divulgação
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Jorge Henrique não tem loja física e usa ferramenta como divulgação

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Amanda usou rede social para contratar e aprovou

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Marcelo Scheffer viu sua clientela crescer 200% após anunciar

O número de brasileiros que usam as redes sociais expandiu exponencialmente nos últimos quatro anos. Só no Facebook, o total de usuários saltou de 8,8 milhões, em 2010, para 89 milhões em 2014. Cada vez mais participativos, estes internautas criaram linguagens e dinâmicas próprias de interação para estas ferramentas. O uso das redes sociais para busca e oferta de serviços, por exemplo, tem crescido em ritmo acelerado no país. Como uma espécie de “classificados virtual”, em que de um post para o outro pode-se mudar da posição de “contratante” para “contratado”, consolida-se uma nova forma de fazer negócio, na qual a agilidade de retorno e os baixos custos são as principais vantagens.

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Em Juiz de Fora, a criação de grupos, abertos ou fechados, no Facebook tem favorecido bastante a contratação dos mais diversos serviços, tanto para quem os oferece quanto para quem os procura. Anunciar nas redes sociais reserva vantagens, conforme explica o especialista em mídias sociais e diretor da E-dialog, Renan Caixeiro. “Você tem a possibilidade de repassar sua mensagem para um grande número de pessoas, logo, as respostas chegam mais rapidamente. Além disso, os custos são mais baixos. Estes são alguns fatores responsáveis por atrair muitos empreendedores de pequeno porte e autônomos.” Mas, segundo ele, a situação implica em alguns cuidados.

Desde que começou a anunciar nestes grupos, o motorista autônomo Marcelo Scheffer da Silva, que faz serviço para pequenas mudanças, viu sua clientela diária aumentar cerca de 200%. “Antes eu tinha uma média de dois clientes por dia, e depois da divulgação no Facebook costumo ter seis ou sete. Não pego mais porque não dá mesmo”, diz ele, que teve que adaptar a rotina de trabalho de seus negócios à realidade da tecnologia. “Tenho que estar on-line o tempo inteiro. Se fosse eu sozinho, não daria conta porque, na maior parte do dia, estou fora fazendo as entregas. Aí é nessa hora que entra a família, minha esposa e minha filha estão sempre conectadas na página para responder da melhor maneira os clientes”.

O retorno aos interessados pelo serviço, considerados “clientes em potencial”, é um dos pontos mais importantes para quem resolve oferecer os serviços na rede na avaliação do gerente regional do Sebrae, João Roberto Marques Lobo. “Muitas pessoas anunciam sem grandes expectativas e não imaginam os impactos que irão ter nos negócios. É muito importante atender bem e com agilidade às pessoas que desejam contratar o serviço para evitar que os efeitos sejam negativos como, por exemplo, perda de credibilidade.” Ele destaca que é necessário monitorar as redes com frequência e, principalmente, se preparar para o crescimento que pode ocorrer.

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O representante comercial Eduardo Luiz Lemos Leite, que trabalha com instalação de TV a cabo, também viu sua cartela de clientes aumentar depois dos anúncios na rede de Mark Zuckerberg, uma grande vantagem para quem, como ele, recebe comissão. “As pessoas têm a comodidade de entrar em contato comigo a hora que elas quiserem. Quando você aborda um cliente por telefone ou na casa dele, nem sempre ele terá tempo para atender. No Facebook, ele vê o anúncio e, assim que tiver tempo, pode entrar em contato comigo se tiver interesse.” Apesar de saber que lida com pessoas desconhecidas a maior parte do tempo, Eduardo acredita que a possibilidade de pesquisa oferece uma certa segurança.” É importante procurar, saber sobre quem compra e quem vende os produtos.”

Para o empresário Jorge Henrique Santos, que trabalha com moda para noivas, estar no Facebook deu um grande impulso em seu negócio, que ainda nem possui loja física. “A marca já está conhecida e várias clientes nos abordaram. O Facebook é um ótimo aliado na difusão de informações, porque permite alcançar o público-alvo de modo rápido e prático. Rapidamente vimos muitas pessoas conhecendo e curtindo, ou seja, acompanhando nossos anúncios, e até mesmo ajudando na divulgação com compartilhamentos.”

Na análise de João Roberto, a comunicação é um dos aspectos que ainda precisa ser melhorado nesta nova forma de negócio. “A oferta dos serviços na rede tem crescido bastante, mas ainda de forma rudimentar. Muitos não utilizam a linguagem adequada, não trabalham a forma de anunciar e, com isso, a comunicação se perde em meio a tantas mensagens. Este espaço cada vez mais vai exigir do empreendedor uma profissionalização.”

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Fugindo do ‘cano’

Formada em Juiz de Fora, a jornalista Larissa Mercante, que atualmente trabalha com recreação infantil e vive em Miracema, a 160 quilômetros daqui, mantém ainda uma vasta carta de clientes na cidade, uma vez que o Facebook extrapola os limites geográficos da divulgação. Com 90% dos eventos fechados por meio de contato via rede social, a empresária procura se resguardar de possíveis ‘canos’, firmando contratos com os clientes e solicitando o depósito antecipado de parte do pagamento pelo serviço a ser prestado. “O contrato é ‘assinado’ virtualmente por um e-mail com os dados pessoais do cliente. O pagamento antecipado é uma cláusula clara no contrato, pois há um gasto com a preparação das minhas recreações. O depósito deve ser feito até dez dias antes do evento, e nunca tive qualquer tipo de problema em um ano de trabalho.”

Em um ramo afim, que lida com tecnologia, o técnico em games Sandro Pedretti aprendeu com os próprios erros. “No início, chegamos a prestar muitas assistências fazendo fiado e ficamos no prejuízo. Hoje só trabalhamos com dinheiro à vista ou cartão de crédito/débito”, ressalta ele. Apesar disso, ele acredita que a divulgação no Facebook proporcionou um impacto em seu trabalho que nenhuma outra forma de divulgação poderia fazer. “Atinge-se um número maior de pessoas, e o cliente satisfeito costuma reproduzir o serviço em sua página pessoal, ampliando ainda mais o alcance. Além disso, posso, na maioria das vezes, responder a dúvidas simples e dar orientações via inbox, como um pré-atendimento ou manutenção de um serviço prestado.”

O outro lado

Sem receber um catálogo telefônico há anos, a professora de inglês Amanda Ridings encontrou no Facebook um farto cardápio de serviços. Recentemente, ela contratou uma firma de impermeabilização de estofados pela rede social, e só tem a comemorar com a experiência. “O rapaz me respondeu rapidamente quando eu o procurei, e logo garantiu que se adequaria aos meus horários, o que é essencial para mim, já que o serviço é realizado em casa e eu moro sozinha e trabalho fora o dia todo”, destaca a professora. Sem ver desvantagens na relação virtual, Amanda acredita que a tecnologia tenha sido sua aliada até no momento de buscar referências do prestador de serviços. “Eu pude marcar o nome da página do contratado e ver se outras pessoas o haviam contratado antes, assim pude ver se ficaram ou não satisfeitos”, explica a consumidora.

No caso da enfermeira Vivian Almeida, a possibilidade de pesquisar o perfil das pessoas a serem contratadas aliada à rapidez com que obteve respostas para seu anúncio, que procurava professores, permitiu que ela pudesse fazer um pequeno processo seletivo. “Postei o anúncio em um grupo de empregos, onde sabia que encontraria um profissional disponível e de forma rápida, e tão logo as obtive, pude verificar informações, como local em que estuda, o que estuda e verificar as postagens sobre suas pesquisas. Assim, pude optar por quem tinha o melhor perfil profissional”, diz ela, reconhecendo, entretanto, uma das maiores desvantagens do meio virtual. “Não dá para saber, nesse primeiro contato, se o candidato é um profissional tão bom como se mostra ou se descreve no Facebook”, conta ela, que contratou as aulas especificamente para prestar um concurso público.

Pesquisa ajuda a ter segurança

Para Renan Caixeiro, a incerteza em relação a quem se está contratando ou por quem se é contratado, como apontou Vivian, é um dos principais problemas em se fazer transações comerciais no Facebook. “Qualquer um pode criar um perfil e dizer que presta determinado serviço, bem como qualquer pessoa pode apresentar supostos referenciais seguros como consumidor e ser tudo mentira”, destaca ele. No entanto, Renan acredita que a insegurança em relação à pessoa com quem se faz negócio não é exclusiva das transações via redes sociais. “Golpes sempre existiram e sempre irão existir em qualquer ferramenta. Até hoje as pessoas caem em golpes telefônicos ou mesmo passados presencialmente, por pessoas que dizem ser algo ou alguém que não são”, pondera.

Mudança na relação

Para o especialista, é possível que este tipo de mercado de serviços ainda tenha popularidade por algum tempo, mas a tendência é que este tipo de relação passe a ser feita de outra forma. “Em outros países, como os Estados Unidos, há uma tendência muito forte de profissionalização da internet, com sites especializados em prestação de diversos serviços. Por exemplo, se você quer contratar limpeza, entra no endereço, informa o perfil de seu imóvel, a frequência e as especificidades da limpeza e a preocupação com segurança e com o profissional que será enviado à sua casa será da empresa, e não sua. No Brasil ainda não há muitas iniciativas neste sentido, mas acredito que seja a tendência para um futuro próximo”, avalia Renan.

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