O primeiro Festival da Cachaça da Zona da Mata acontece neste final de semana em Maripá de Minas, no Centro de Convivência Manoel Gonçalves da Cruz. Localizada a menos de uma hora de distância de Juiz de Fora, a cidade mineira sedia o festival que busca fomentar a economia e a cultura, além de divulgar a história da bebida. O evento, além de reunir expositores de toda a região, também conta com shows de música e palestras que falam sobre o tema. A entrada é gratuita, e o evento conta com o apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.
Minas Gerais é considerada o estado com maior produção de cachaça do país. Para o organizador do evento, Danilo Martins, é importante reconhecer a importância da Zona da Mata dentro desse cenário. “A região é tradicionalmente conhecida como um dos pólos de produção de cachaça, a nível quantitativo e também qualitativo, porque tem produtos de muita qualidade aqui”, explica. Em sua visão e experiência, o que falta é uma discussão séria que coloque a cachaça como centro de análise do ponto de vista cultural e econômico – e por isso surgiu a proposta do festival. “Estamos levando em conta, para isso, três diferentes pilares: economia, cultura e educação”, afirma.
O organizador explica que o objetivo é reunir produtores de cachaça de toda a região, para que eles possam expor seus produtos, realizar degustações e a venda dos mesmos. Entre as presenças confirmadas, estão representantes das cachaças Arbórea, de Pirapetinga, Cabilê, de Piau, Dona Cana, de Rio Novo, Duim, de Guarará, Duquesa, de São João Nepomuceno, Mais Uma, de Maripá de Minas, Pererinha, de Mar de Espanha, e Seleção João Simonsini, de diversas localidades. Além disso, explica, o festival é importante por valorizar aspectos culturais relacionados à cachaça e à cultura rural, fazendo com que o festival tenha uma função educativa.
“Coloca a cachaça dentro de um contexto histórico, relacionando também com a gastronomia, com pratos e drinks feitos com a cachaça, e a importância da regulamentação da bebida do ponto de vista sanitário e fiscal, para que esse produto, que é uma identidade nacional, de referência regional, tenha a projeção que merece”.
Danilo também explica que fomentar esse conhecimento ajuda a gerar negócios entre os produtores, aproximando-os dos comerciantes e da população em geral. A iniciativa de realizar o festival em Maripá de Minas, em sua visão, ocorre por um movimento de “descentralização da cultura”, que busca levar para cidades do interior eventos de qualidade. “Com a escolha, levamos à população daquela cidade e do entorno um evento que, provavelmente, só encontraria na capital ou em grandes cidades do estado.”
Mais do que uma bebida
Tanto o evento quanto as palestras são destinadas para a população em geral e têm por objetivo incentivar discussões acerca da aplicação da cachaça. “Essa bebida é um produto que, por muito tempo, foi tratado como marginal, mas que, gradativamente, vem conseguindo o reconhecimento como produto de identidade nacional.” A proposta é também abordar aspectos históricos e sociais do produto. “A cachaça representa brasilidade, parte de rotinas, encontros e festas da população. Um festival que coloca a cachaça como a grande protagonista eleva o status desse produto que é tão relevante para a população e para a economia.”
A meta, afirma, é que, no futuro, a Zona da Mata adote o festival em seu calendário oficial, permitindo a realização de edições anuais.