Diante da iminente revisão tarifária do transporte público, estudantes e trabalhadores foram ao Parque Halfeld, nesta quarta (13), em ato contra a correção de R$ 0,40 da passagem. Os populares concentraram-se em frente à Câmara Municipal, a partir de 17h, onde membros da organização iniciaram as intervenções discursivas. O ato transcorreu, sem passeata, até às 18h45. Desde a apresentação do resultado da revisão tarifária pela Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) ao Conselho Municipal de Transporte, manifestações de insatisfação emergem nas redes sociais. A mobilização foi articulada por coletivos do movimento estudantil juiz-forano e forças sindicais.
“É inadmissível um aumento de R$ 0,40, se considerarmos os R$ 3,75 que a Settra anunciou na segunda (11). Agora, se considerarmos os R$ 3,94, que as empresas reivindicam, é ainda mais absurdo. O índice de 11,9% é muito além da inflação ou do salário de qualquer trabalhador que tenha aumentado este ano. A CPI dos Ônibus na Câmara até hoje não teve desdobramentos. Então, é inadmissível o aumento da passagem, ainda mais neste nível”, ressalta Laiz Perrut, uma das organizadoras do ato.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) – Regional da Zona da Mata, Reginaldo de Freitas Souza, defende a manutenção do preço de R$ 3,35, uma vez que, além de afetar diretamente os trabalhadores, recairá sobre aqueles sem ocupação. “Vemos claramente que alguém está pagando a fatura. Não tem que ser a classe trabalhadora a arcar, nem a população.”
A presidente do Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro/JF), Aparecida de Oliveira Pinto, por sua vez, questiona a qualidade do serviço oferecido pelos consórcios de transporte coletivo urbano. Conforme a professora, “as condições não estão à altura de uma passagem tão cara como R$ 3,75”. “Uma grande parcela dos professores depende do transporte público. Os ônibus não têm horário, além de haver número muito pequeno de veículos. Então, o trabalhador perde o horário para se deslocar e chegar ao trabalho. Acaba, por fim, chegando atrasado. É um absurdo.”
Juventude é maioria
Convocaram o ato diversos movimentos estudantis. Além de passe livre, conforme o estudante de Geografia da UFJF e integrante do DCE Yuri Vieira do Vale, 20 anos, a categoria reivindica uma cadeira no Conselho Municipal de Transporte, outrora já ocupada. “A atual gestão do DCE deseja ocupar o Conselho de Transporte, que era uma vaga conquistada há muito tempo. Nesta gestão, voltamos a solicitar a cadeira e demos entrada nos trâmites legais para novamente ocupá-la. Entendemos que é um espaço importante para a denúncia de todos os ataques que os consórcios e as empresas de ônibus fazem”, aponta.
Ainda conforme Yuri, também na pauta está a luta pelo passe livre. “Minas Gerais é um dos poucos estados do Sudeste, senão o único, que não tem meio passe nem passe livre para o estudante. Essa luta vai além do transporte de casa para a universidade. Ela permite ao aluno, principalmente o cotista, o de baixa renda, o direito à cidade, o acesso à cultura, o direito a participar de atividades urbanas e a usufruir o que a cidade oferece no espaço público.”
Conselho da Juventude
A preocupação da classe estudantil, inclusive, foi endossada, em nota, pelo Conselho Municipal da Juventude de Juiz de Fora. “A juventude juiz-forana já sofre com a falta de políticas públicas para o seu deslocamento, seja para educação, saúde, esporte, lazer e cultura. Esse aumento dificulta ainda mais essa mobilidade. Não é condizente com a realidade dos juiz-foranos um aumento de 11,9%. Uma pessoa que gasta duas passagens por dia e ganha um salário mínimo comprometeria 17% de seus rendimentos mensais apenas com transporte coletivo. Sem contar que, muitas das vezes, precisa pegar mais de dois ônibus por dia”, destaca o órgão.