A partir deste mês, os funcionários da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel) terão redução na jornada de trabalho. Das atuais 44 horas, os profissionais passarão a cumprir 40 horas semanais, sem perdas no salário ou de demais benefícios. A diminuição da carga horária foi resultado do acordo coletivo de trabalho, conforme o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e Material Plástico de Juiz de Fora, e valerá para a fábrica no município e para as demais unidades da empresa.
A proposta foi aceita pelo conselho e diretoria da Imbel, e já passou pela aprovação de outros órgãos como Ministério da Defesa e a Secretaria de Governança das Empresas Estatais, que deu o aval oficial para a redução ainda no mês passado, de acordo com o presidente do sindicato, Scipião da Rocha Júnior. A mudança na carga horária, de 44 para 40 horas semanais, valerá para os trabalhadores de todas as unidades de produção da Imbel, assim como da sede administrativa, localizada em Brasília (DF). A redução teve início no dia 1º de outubro. “Esperamos que os trabalhadores possam ter um pouco mais de tempo de lazer, de família, qualidade de vida e, principalmente, o descanso passa a ser um pouco maior”, comenta Scipião.
Conforme o sindicalista, essa foi a primeira meta alcançada nas negociações trabalhistas. Para os próximos meses, as pautas serão voltadas para o salário dos colaboradores da Imbel. Como destacado por Scipião, Juiz de Fora esteve na vanguarda das discussões trabalhistas, o que reforça a capacidade de mobilização dos trabalhadores locais.
“Nossa categoria dos trabalhadores da indústria química, farmacêutica e material plástico tem uma grande relevância para a cidade pelo número de trabalhadores envolvidos. A luta é diária, e algumas coisas, às vezes, passam despercebidas, como, por exemplo, a conversão coletiva de trabalho das categorias plásticas e das categorias químicas e farmacêuticas. Neste ano, no final do mês de agosto, finalizamos com um ganho real de 1% acima da inflação para todos os trabalhadores. Isso é importante porque dá um impacto na economia da cidade”, argumenta.
Melhora na produtividade
Procurada pela Tribuna, a Imbel confirmou que a redução da carga horária sem perda de salário foi autorizada pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais. Atualmente, a mudança está em fase de implementação pela empresa, considerando a tramitação dos procedimentos legais.
Conforme a Imbel, são esperadas mudanças positivas com a redução da carga horária dos trabalhadores, como a “melhora na produtividade dos empregados, o que aumentará os lucros da empresa”. “A redução da jornada de trabalho, também, levará ao aumento da qualidade de vida dos nossos empregados, pois terão mais tempo para se dedicar à família, ao lazer e ao descanso”, aponta a empresa estatal.
Redução é tendência
A redução da jornada de trabalho em busca de maior produtividade tem se apresentado como uma tendência mundial. Seja diminuindo o número de horas trabalhadas ou mesmo os dias de atuação durante a semana, a proposta é melhorar a qualidade de vida dos colaboradores que, consequentemente, contribuirão para melhores resultados no trabalho.
Um exemplo desse movimento é o experimento global “4 Day Week Global” (em tradução livre “Quatro dias por semana”). O projeto-piloto está em andamento no Brasil, sendo que 21 empresas aderiram à iniciativa. Durante o mês de setembro, as participantes acompanharam Masterclasses e palestras para se prepararem para colocar a redução em prática. O teste com os quatro dias de trabalho passa a ser aplicado entre essas instituições a partir de novembro.
No Brasil, o experimento acontece em parceria com a empresa Reconnect Happiness at Work. O modelo a ser testado no país será focado em manter a produtividade e os salários a 100%, porém, com os colaboradores trabalhando 80% do tempo. A ideia é que o experimento demonstre, ao final, resultados melhores na saúde e bem-estar dos funcionários, além de propor uma forma de trabalho mais sustentável.
A nível global, o 4 Day Week conta com iniciativas de pesquisa em países como Estados Unidos, Canadá, África do Sul e Reino Unido. Os testes já demonstraram que as organizações que fizeram a transição para uma semana de trabalho de 32 horas notaram aumento na produtividade, maior atração e retenção de talentos, envolvimento mais profundo do cliente e melhor saúde, bem-estar e felicidade dos colaboradores, conforme informações disponibilizadas pelo experimento.