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Crise leva trabalhador a abrir negócio próprio

diego e seu pai marco antonio cuidam de uma barbearia leonardo costa10 04 15

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Diego e seu pai, Marco Antônio, cuidam de uma barbearia (LEONARDO COSTA/10-04-15)
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Diego e seu pai, Marco Antônio, cuidam de uma barbearia (LEONARDO COSTA/10-04-15)

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Pode parecer contraditório, mas a retração econômica tem impulsionado o empreendedorismo na cidade. Juiz de Fora começou o ano com aumento de 10% nas formalizações de microempreendedores individuais (MEI). Nos meses de janeiro e fevereiro foram 462 novos registros, enquanto no mesmo período de 2014 foram contabilizados 438. O gerente regional do Sebrae Minas, João Roberto Marques Lobo, explica que esse movimento é natural do trabalhador que se vê às portas do desemprego. “Ao analisarmos o contexto econômico, em que muitas empresas estão demitindo, tornar-se microempreendedor individual pode ser a chance de se consolidar em um caminho próprio.”

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Esta foi a alternativa encontrada por L.A., de 28 anos, que não quis se identificar. “Trabalhava como manicure em um salão no Centro que fechou no ano passado. Continuei atendendo minhas clientes na casa delas, mas os gastos com transporte e o próprio tempo de deslocamento me fizeram pensar em abrir meu próprio negócio.” No início deste ano, ela se registrou como MEI e passou a atender as clientes em uma sala própria. João Roberto lembra que o microempreendedor individual é uma figura jurídica nova, criada em 2009, e, por isso, é esperado que, com o passar do tempo e a maior disseminação de informação, mais pessoas busquem a formalização.

Diego Bryan Quetz, 20 anos, também optou pela MEI depois de enfrentar as dificuldades do mercado. “Comecei a procurar meu primeiro emprego com 18 anos. Trabalhei numa loja de roupas e em um supermercado. Dessa experiência, percebi que seria melhor montar o próprio negócio.” Diego acabou seguindo o caminho do pai Marco Antônio Quetz, 51, que, após se aposentar, iniciou trabalho como barbeiro. No início deste ano, Marco Antônio registrou a barbearia no nome do filho. “Optamos pelo MEI por conta das vantagens econômicas e, também, das oportunidades de qualificação.”

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JF é a quarta do estado em número de MEI

O Sebrae Minas mostra que, ao longo de 2014, 2.973 novos MEIs foram registrados em Juiz de Fora, quase 250 a cada mês. A cidade ocupa hoje o quarto lugar na lista de municípios mineiros com maior número de empresários enquadrados nesta figura jurídica, um total de 14.363, atrás de Belo Horizonte,Contagem e Uberlândia. Para o órgão, há tendência de ampliação do número de formalizações. “As áreas com maior demanda são varejo de roupas, beleza (cabeleireiro e manicure) e alimentação (pequenas lanchonetes e food trucks)”, diz Lobo. Ele destaca que a formalização reserva vantagens de custo e tributação diferenciada. “O empreendedor terá que arcar com R$ 44,20 por mês para todas as despesas, incluindo a garantia de previdência.”

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O analista técnico da unidade de políticas públicas do Sebrae Minas, Cássio Duarte, elenca, ainda, outras vantagens. “Há um aumento de mercado para esse empreendedor que passará a ter a possibilidade de vender para pessoas jurídicas e o poder público. Além disso, ele poderá contar com serviços financeiros diferenciados, como linhas de crédito.” Foi pensando nessas vantagens, que Leonardo Araújo, 38, decidiu se formalizar este ano. “Foram sete anos trabalhando por conta própria na instalação de portas e janelas. Muitas empresas passaram a solicitar o meu serviço, mas eu não tinha como emitir nota fiscal. Então, busquei informações no Sebrae e me registrei.”

Por outro lado, para a formalização como MEI também são feitas exigências, como o teto máximo de faturamento de R$ 60 mil por ano. “Este talvez seja o maior limitador. Também há o fator de que o empresário só poderá ter, no máximo, um empregado registrado”, explica o gerente regional. No entanto, tanto ele como Duarte acreditam que, mesmo com as previsões de crescimento econômico nulo para este ano, o número de MEIs continuará crescendo. “Estamos atravessando um momento difícil, em que muitas pessoas estão perdendo o emprego e desejam se posicionar no mercado cumprindo as obrigações legais”, pontua Lobo.

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