Foram divulgados, na quarta-feira (10), os editais do Concurso Público Nacional Unificado (CNPU), que tem sido chamado de “Enem dos concursos”. Ao todo, serão abertas 6.640 vagas, divididas em oito blocos temáticos (áreas), a serem distribuídas em 21 diferentes órgãos do Governo Federal. As provas serão aplicadas em 220 cidades com mais de 100 mil habitantes, no dia 5 de maio de 2024. As inscrições serão realizadas virtualmente pelo site, a partir do próximo dia 19. O prazo segue aberto até 9 de fevereiro. As taxas são de R$ 90 para cargos de nível superior e R$ 60, para o médio. Os salários variam de R$ 4.008,24 a R$ 22.921,71.
Criado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, do Governo Federal, o certame prevê a realização conjunta de concursos públicos para o provimento de cargos efetivos em órgãos e entidades da Administração pública federal. O modelo consiste na aplicação simultânea de provas em todos os estados e no Distrito Federal. Além da ampla concorrência, são reservadas vagas às pessoas com deficiência, negras e indígenas. Cada edital tem suas especificações. Os documentos estão publicados no site do Governo.
De acordo com decreto lançado em setembro de 2023, os objetivos do CNPU são promover igualdade de oportunidades de acesso aos cargos públicos efetivos, padronizar procedimentos na aplicação das provas, aprimorar os métodos de seleção de servidores e zelar pela impessoalidade na seleção dos candidatos em todas as fases e etapas. Dos oito blocos, sete são para o nível superior: Infraestrutura, Exatas e Engenharia; Tecnologia, Dados e Informação; Ambiental, Agrário e Biológicas; Trabalho e Saúde do Servidor; Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos; Setores Econômicos e Regulação; e Gestão Governamental e Administração Pública. O outro, Nível Intermediário, destina os cargos a nível médio.
Mais acesso a oportunidades
Para auxiliar os candidatos, os cursos preparatórios entram em ação. Em Juiz de Fora, os Cursos Populares para Concursos (CPC), da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), são uma oportunidade de preparação gratuita. A supervisora da iniciativa, Flávia Beghini, destaca o fato de o “Enem dos Concursos” possibilitar a todos os candidatos do Brasil o acesso às vagas de diversos órgãos. “Desta forma, as pessoas com menor rendimento financeiro também poderão realizar o concurso, sem ter que pagar por uma viagem até o local das provas, o que sempre foi um empecilho para muitos. Nesse sentido, vem para democratizar o acesso de todos aos concursos públicos”, afirma.
Também na visão do professor de redação Raphael Reis, o concurso gera muita expectativa e democratiza o acesso e as vagas. Apesar disso, aponta questões que demandam atenção. “Vejo que pode diminuir a possibilidade de escolha, já que cada concurseiro pode se inscrever em apenas um bloco. Também considero problemática a ausência da disciplina de Língua Portuguesa nas provas de nível superior. No Brasil, temos deficiência histórica de leitura, fora o uso da norma culta. Então seria importante. Também recebi queixas de alunos pela falta de clareza nos editais, que não ficaram tão especificados como necessário”, pontua.
Boa perspectiva
A novidade foi bem recebida por parte dos concurseiros. A engenheira mecatrônica Jéssica Lopes afirma que achou um edital diferente, novo no mundo dos concursos. “Confesso que me pegou de surpresa o meu bloco não cobrar português, que é uma matéria comum a todos as provas, e um conteúdo que gastei muito tempo (estudando) para fortalecer minha base. Mas gostei (da proposta) de trazer um maior enfoque para a redação e conhecimentos específicos, que são temas relativos à rotina do trabalho em si. A oportunidade de fazer uma prova na minha cidade, competindo por mais de um cargo ao mesmo tempo, ajuda bastante a quem tem esse sonho de ser servidor público”, destaca a concurseira que vai tentar vaga na área de Gestão Governamental e Administração Pública.
O jornalista Vitor Ramos também é um candidato a vagas públicas. Na avaliação dela, a ideia do concurso é muito boa. “Eu tenho feito provas há mais de dois anos e costumam ser na região. A ideia de ser aplicada em diversas cidades nos facilita a concorrer vagas em outras instituições de outras localidades. Além disso, vale para vários concursos. Precisaria fazer muitas provas para tentar essas vagas. Com o CNPU, apenas uma. A divisão em blocos foi bem interessante também, além da forma de aplicação da prova. Vamos ver como será e esperamos que possa ser aperfeiçoado cada vez mais para as próximas edições”, avalia o candidato também a vaga na área de Gestão Governamental e Administração Pública.
Bernardo Marchiori* *Estagiário sob a supervisão da editora Carolina Leonel