Mais de 60% dos juiz-foranos estão endividados, aponta a pesquisa comportamental sobre o poder de compra do consumidor na pandemia e o superendividamento, realizada pela Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/JF) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por meio do Departamento de Estudos Pesquisas e Projetos. Os dados apontam ainda que cerca de 69,8% do total de dívidas são referentes a cartões de crédito. Ainda entre os endividados, são fontes da dívida: crédito consignado, cheque especial, crédito especial e carnês de financiamento.
A pesquisa analisou o comportamento dos consumidores em relação ao poder de compra durante a pandemia e examinou o reflexo do período na formação de dívidas e o consequente superendividamento. Além disso, buscou identificar o quanto a situação financeira do público foi afetada durante a crise sanitária e, ainda, procurou constatar em quais setores a população teve mais gastos. Os dados foram coletados no período de 12 de fevereiro a 31 de março de 2022.
Para 42,3% dos entrevistados, durante o período da pandemia, foi vivenciado um aumento nas dívidas. Para 25,4%, ocorreu uma manutenção da situação vivida. Entretanto, para mais de metade dos entrevistados não há viabilidade financeira para que eles pudessem quitar as contas em aberto durante o período do mês seguinte ao que foi realizada a pesquisa. Entre eles, 20% declararam que suas dívidas se estendem há mais de 90 dias.
De acordo com o Procon, a coleta de dados foi realizada através de questionário estruturado, com perguntas direcionadas ao público de Juiz de Fora e consumidores em potencial. Os resultados analisados apresentam contribuições teóricas relevantes, tendo em vista a importância do tema e os reflexos da pandemia na atual conjuntura social. A pesquisa contou com interação on-line, via Google Formulários, e também por meio presencial aos consumidores que participaram dos cursos e palestras ofertados pelo Procon de Juiz de Fora no período de coleta dos dados.
20% têm metade da renda comprometida com dívidas
Os dados do levantamento do Procon também apontam que, para 20,3% dos entrevistados, mais de 50% da renda está comprometida com dívidas, número alarmante, na avaliação do órgão. Enquanto 28,1% dos mesmos têm entre 30% e 50% da renda comprometida com o mesmo fim.
Conforme a pesquisa, os resultados refletem o cenário nacional e também apontam que o número de endividados aumentou consideráveis 15,3% em relação ao período anterior à pandemia, enquanto ocorreu um aumento no número de poupadores de 1,2%.
Perfil dos respondentes
Constatou-se que 79,7% dos entrevistados possuem faixa de renda igual ou acima de R$ 1.100. A maioria dos participantes afirma que possui uma mulher como principal administradora das finanças domiciliares, evidenciando o papel da mulher para o núcleo familiar e a inserção feminina nas tomadas de decisões financeiras. A maioria dos participantes possui entre 18 a 30 anos; 63% são do sexo feminino, evidenciando que o perfil dos entrevistados tendem ao um padrão relacionado a esse gênero de consumidor.
40% creem em tendência de piora
Sobre a expectativa dos participantes quanto à economia brasileira: 35,2% afirmam que acreditam na recuperação da economia, enquanto 40,8% creem que a tendência é de piora no campo econômico brasileiro. Tais dados evidenciam uma certa insegurança e dúvida dos consumidores quanto ao futuro.
Metade dos entrevistados (50,7%) afirma não saber calcular a porcentagem de juros cobrada nas compras a longo prazo, reforçando a necessidade de educação financeira. Uma grande parcela dos entrevistados (32,9%) ainda diz saber calcular a porcentagem razoavelmente, enfatizando a mesma necessidade.
Demissão e paralisação de atividades
Em relação à renda individual dos participantes, 52,8% dos entrevistados dizem que sua renda permaneceu inalterada. Já 41,7% dos participantes afirmam ter sofrido redução em sua renda individual, estando diretamente associada ao poder de compra do consumidor no período pandêmico. Do percentual de pessoas que sofreu redução em sua renda, redução por demissão e paralisação das atividades são apontadas como causa principal, correspondendo a 62,9% dos respondentes.
Cerca de 88,9% dos participantes da pesquisa declaram que, sozinhos ou com sua família, têm administrado bem (43,1%) ou ao menos razoavelmente (45,8%) a renda que possuem durante o período que se iniciou com a pandemia. No mesmo período, cerca de 70% dos entrevistados declaram ter vivenciado um aumento em seus gastos cotidianos, e 26% dos participantes consultados neste levantamento alegam ter recorrido a empréstimos de alguma natureza.
Gastos
Acerca dos itens que mais contribuíram para ocasionar o aumento de gastos e elevar o custo de vida, têm destaque a alimentação e o gás, apontados respectivamente por 84,7% e 68,1% dos entrevistados. Em seguida, pontuados por pouco menos de metade dos participantes, constam aumentos em gastos com água, gás, produtos de higiene e produtos de limpeza. Se faz evidente, desta forma, que a alimentação é a variável mais expressiva na alta da cesta de bens das famílias, avalia o Procon.
A pesquisa na íntegra pode ser acessada por meio deste link.