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Setor imobiliário vive crescimento em meio à crise

Setor imobiliário6 fernando priamo
Para Ajadi, procura está relacionada à queda de juros, ao isolamento social e, também, à demanda reprimida do período inicial da pandemia (Foto: Fernando Priamo)
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Na contramão da crise econômica vivida pelo país, o setor imobiliário experimenta um período de aquecimento. Mesmo em meio à pandemia da Covid-19, a demanda por imóveis vem aumentando nos últimos meses, o que fez com que o setor fosse um dos poucos a alcançar resultado positivo (0,5%) no segundo trimestre do ano, quando a economia brasileira encolheu 9,7%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Juiz de Fora, as vendas cresceram até 50% e deixaram o setor otimista com a possibilidade de encerrar o difícil ano de 2020 em expansão.

O público consumidor que tem movimentado as imobiliárias da cidade procura por imóveis para a compra, prontos ou na planta. Os modelos são diversificados e variam entre terrenos, casas, coberturas, apartamentos com área de lazer e estúdios. Para a Associação Juiz-forana de Administradores de Imóveis (Ajadi), esta procura está relacionada à queda de juros _ a taxa Selic atingiu a mínima histórica de 2% -; ao isolamento social, pois as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa; e, também, à demanda reprimida durante o período inicial da pandemia.

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“O setor começou o ano com uma tendência de crescimento, com as construtoras se movimentado para executar projetos, até então, engavetados. No início da pandemia, houve uma retração muito grande por conta da indefinição do que aconteceria nos meses seguintes, o que gerou falta de confiança para a realização de um investimento de longo prazo. A partir de junho, observamos que o consumidor que estava olhando imóvel antes da pandemia voltou sua jornada de compra”, analisa o presidente da Ajadi e CEO da imobiliária Souza Gomes, Diogo Souza Gomes.

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Locação

Segundo ele, o segmento de locação se comportou de maneira diferente nesse período. “Ele se manteve estável na contratação de um novo aluguel e teve uma demanda muito grande nas negociações de contratos já vigentes, principalmente de imóveis comerciais _ inclusive ocorrendo devoluções – e de estudantes que voltaram para as suas casas em cidades vizinhas.”

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Vendas aumentam até 50% e impulsionam expansão

As imobiliárias de Juiz de Fora registraram aumento de até 50% das vendas durante a pandemia em comparação com igual período de 2019, o que tem sido responsável por um clima mais otimista no setor. “Depois de algum tempo com desempenhos negativos, essa realidade tem provocado grande entusiasmo”, afirma o Fundador e CEO da Brasil Imóveis, Heuder Santana.

Segundo ele, as vendas realizadas têm sido tanto para consumidores que adquiriram o imóvel para moradia quanto para aqueles que decidiram investir no ramo. “Por um lado, temos as pessoas que estão enfrentando esse vírus, passando mais tempo em casa em isolamento social e que necessitam de mais espaço e conforto. Por outro lado, temos os investidores que voltaram com tudo para o mercado imobiliário por conta do momento de queda de juros.”

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Ampliação dos negócios

Com um total de 14 lojas na cidade, a Remax também observou crescimento das vendas, o que motivou o projeto de ampliação dos negócios. “Neste segundo semestre, iremos inaugurar mais duas lojas e teremos seis grandes lançamentos imobiliários”, adianta o diretor geral da Remax Zona da Mata, Toti Faria.

Segundo ele, a rede alcançou, em agosto, o resultado obtido em todo o ano de 2019 e, por isso, espera encerrar 2020 com crescimento de até 35%. “As perspectivas são as melhores com esse aquecimento geral no setor.”

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Para o presidente da Ajadi e CEO da imobiliária Souza Gomes, Diogo Souza Gomes, os bons resultados irão motivar novos lançamentos. “Muitas construtoras estavam com projetos preparados para esse ano e guardaram durante a quarentena. Agora pretendem retomá-los”, informa.

“O setor está muito otimista para o segundo semestre. No geral, o ano de 2020 ainda vai ser positivo para o mercado imobiliário, mesmo com a pandemia. Os números não vão chegar ao patamar desejado no começo do ano, mas eu acredito que é um dos setores que menos vai sofrer e que irá se recuperar muito rápido a partir de setembro.”

Realidade diversa para parte da população

O aquecimento nas vendas de imóveis traz fôlego ao setor imobiliário, mas ainda não é suficiente para garantir a retomada da economia. “Nós ainda convivemos com um grande índice de desemprego e a perda de renda de muitas famílias. Em Juiz de Fora, que tem o comércio como principal atividade econômica – e nós sabemos o quanto ele foi afetado pela pandemia – , esta recuperação ainda vai demorar mais um tempo”, analisa a especialista em finanças, controladoria e auditoria e professora da Estácio Juiz de Fora, Mayanna Marinho.

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Para ela, a movimentação percebida no setor imobiliário é proveniente, sobretudo, das classes A e B. “São pessoas que tinham recursos guardados e não sofreram perda de renda. Nesse momento em que estão mais em casa, por conta do isolamento social, sentem a necessidade de mais espaço e conforto no dia a dia”, explica. “Mas essa não é a realidade de boa parte da população. Pelo contrário, vimos muitos estudantes de cidades vizinhas voltarem para casa e donos de lojas entregarem imóveis nesse período.”

Nicho

Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) revelam que, entre janeiro e julho deste ano, os empréstimos destinados à aquisição e construção da casa própria aumentaram 34% em comparação com igual período do ano passado. A presidente da entidade, Cristiane Portella, concorda que a demanda por imóveis tem sido feita por um nicho específico em todo o país. “Comprar uma casa demanda um planejamento. Quem não teve perda de renda seguiu com os planos e encontrou boas opções.”

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