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Reajuste de tarifas divide opiniões de taxistas juiz-forano

taxi by fernando priamo

JF conta hoje com 640 placas de táxi em atividade. Há 82 pontos privativos e de 38 de livre acesso aos taxistas (Foto: Fernando Priamo/Arquivo TM)

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Tradicionalmente aplicado em abril, o reajuste das tarifas do serviço de táxi em Juiz de Fora ainda é dúvida para este ano. A decisão tem dividido a opinião dos motoristas. Na última quinta-feira (2), o Sindicato dos Taxistas realizou uma reunião que terminou com votação favorável ao aumento de preços. No entanto, parte da categoria alega que o encontro não teve quórum e, portanto, seria insuficiente para representar a opinião de 650 permissionários e mais os auxiliares que atuam no setor. Os valores das tarifas estão congelados desde 2017.

No ano passado, a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) calculou uma defasagem de 8% nos preços praticados, mas a categoria decidiu em conjunto abrir mão do reajuste por ter identificado uma queda acentuada da demanda, em decorrência da crise econômica e da concorrência com o transporte por aplicativo. Desta forma, as tarifas se mantiveram, desde então, em R$ 5,58 para a bandeirada e R$ 24,98 para a hora parada. Já os valores do quilômetro rodado continuaram em R$ 2,79 para bandeira 1, e R$ 3,34 na bandeira 2.

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Da esquerda para a direita, taxistas Alessandro Anacleto Loures, José Afonso e Jorge Luiz. O grupo elaborou um documento em que reúne cerca de 300 assinaturas contrárias ao aumento (Foto: Fernando Priamo)

De acordo com o presidente do Sindicato dos Taxistas, José Moreira de Paula, a estimativa é de que a defasagem tenha chegado a 15% este ano. “Por isso, o sindicato sugeriu que os taxistas aceitassem agora os 8% calculados pela Settra em 2018. Mas nós não procuramos a Prefeitura ainda”, afirmou. “Fizemos uma reunião entre os taxistas sindicalizados, mas muitos não compareceram. Dentre os que estiveram presentes, a maior parte decidiu a favor do reajuste.”

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Segundo José, após a reunião, ele foi procurado por taxistas que informaram que a maior parte da categoria é contra o reajuste. “Foi então que solicitei que comprovassem a afirmação por meio de um abaixo-assinado. São 650 permissionários, caso tenhamos 326 assinaturas, teremos confirmado que a maioria é contrária e iremos acatar a decisão.” Na prática, após a consulta junto aos taxistas, o sindicato aciona a Settra para informar se quer solicitar os cálculos para o reajuste.

Cálculos

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Para a realização destes cálculos, é considerada a recomposição de preços necessária para recuperar os custos do serviço. A planilha é realizada por especialistas da pasta e apresentada durante reunião do Conselho Municipal de Transporte. Se aprovada, segue para a apresentação na Câmara para, a partir de então, ser encaminhada ao prefeito que irá defini-la por decreto. Após sua publicação, os novos valores entram em vigor. Procurada pela Tribuna, a assessoria da Settra informou apenas que “os taxistas ainda não fizeram uma manifestação oficial à secretaria.”

‘Não é o momento para o reajuste’

Taxistas que integram o grupo contrário à aplicação do reajuste afirmam que o serviço não suportaria uma elevação dos preços. “A categoria em massa entende que agora não é o momento para ter aumento. Não é que a gente não quer ou não precise, apenas não é o momento para reajuste”, enfatiza Alessandro Anacleto Loures. “Vivemos uma crise econômica no país e enfrentamos uma concorrência desleal com os aplicativos. A nossa arma legal é manter o nosso preço, mesmo que isso signifique reduzir o lucro.”

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O grupo elaborou um documento no qual já constam cerca de 300 assinaturas. “É contraditório que o sindicato nos exija 326 assinaturas contrárias, mas aceite uma votação com cerca de dez pessoas favoráveis”, alfineta Jorge Luiz. “O Sindicato dos Taxistas não nos representa. Vamos continuar coletando assinaturas e protocolar o documento diretamente na Settra, no próximo dia 15, para deixar claro que a maior parte da categoria é contra o reajuste.”

O taxista José Afonso conta que participou da votação feita pelo sindicato na última quinta-feira e foi um dos votos contrários. “Expliquei para todos eles que o único jeito de combater a concorrência é não aumentar a tarifa. No momento, é melhor a gente deixar de ganhar.”

O grupo relembra que, no ano passado, também houve uma divergência de opiniões, mas que o sindicato optou por acatar a decisão da maioria. “Há uma defasagem nos valores praticados, mas que não tem como ser corrigida agora. A capital Belo Horizonte também não reajustou os preços do serviço de táxi nos últimos anos por causa de todo o contexto que estamos vivendo”, compara Alessandro.

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